Sergipe realiza Dia de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla


Todos os anos, o dia 30 de agosto é o Dia Nacional de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla e Sergipe não foge à regra. A Associação Sergipana de Combate à Esclerose Múltipla (ASCEM) preparou uma programação especial para o dia.


 


Das 14h às 20 horas, um estande, instalado no Shopping Jardins, estará montado e com a presença de neurologistas e associados para dar esclarecimentos, tirar dúvidas e distribuir folheteria sobre a esclerose múltipla. “Além disso, contaremos com um show especial, a partir das 16h30, de dois trovadores, vindos de Salvador, para animar a tarde”, disse Adilson Espíndola, presidente da ASCEM.


 


ASCEM


Em 27 de junho de 2005, foi fundada a Associação Sergipana de Combate à Esclerose Múltipla (ASCEM). “Depois que descobri que tinha esclerose, percebi que existe muito desconhecimento por parte da sociedade, o que gera preconceito e sérios transtornos para o portador de esclerose. Por isso, com outros portadores e médicos, resolvemos montar a associação”, disse Adilson.


 


“Quando um paciente tem uma crise ou toma a medicação, ele fica com o organismo muito debilitado e, em geral, fica indisposto e sem forças até mesmo para levantar da cama. Isto leva implicações para o trabalho do paciente e se seu chefe não conhecer o problema, pode achar que está lidando com um sujeito ‘preguiçoso’, por exemplo, levando a decisões sérias, como uma demissão”, explicou, “por isso a sociedade precisa se informar e conhecer este problema que pode afetar qualquer um, sem distinção”.


 


Um dos objetivos da ASCEM é acompanhar o fornecimento da medicação pelo Centro de Atenção à Saúde de Sergipe (Case). “A medicação é muito cara e de uso contínuo, pois não há como prever os surtos, que podem deixar seqüelas gravíssimas, como perda de movimentos, de sentidos”, explicou o presidente.


 


Outro objetivo é estimular ainda mais os estudos e as pesquisas na área médica sobre o assunto. “O tratamento da esclerose múltipla deve ser feito por uma equipe multidisciplinar, apesar de ser uma patologia neurológica, pois ela afeta outras áreas”, informou Adilson, acrescentando a necessidade de acompanhamento de profissionais, como neurologistas, fisioterapeutas, psicólogos.


 


“A esclerose múltipla não tem cura, mas pode ser cuidada e com qualidade de vida”, finalizou.


 


Esclerose Múltipla


A esclerose múltipla é uma das doenças mais comuns do sistema nervoso central: cérebro e medula espinhal (SNC) em adultos jovens. De causa ainda desconhecida, foi descrita inicialmente, em 1868, pelo neurologista francês Jean Martin Charcot, que a denominou “Esclerose em Placas”, descrevendo áreas circunscritas endurecidas que encontrou (em autópsia) disseminada pelo SNC de pacientes. É caracterizada também como doença desmielinizante, pois lesa a mielina, prejudicando a neurotransmissão. A mielina é um complexo de camadas lipoproteicas formado no início do desenvolvimento pela oligodendroglia no SNC, a qual envolve e isola as fibras nervosas (axônios), permitindo que os nervos transmitam seus impulsos rapidamente, ajudando na condução das mensagens que controlam todos os movimentos conscientes e inconscientes do organismo.

Na esclerose múltipla, a perda de mielina (desmielinização) interfere na transmissão dos impulsos e isto produz os diversos sintomas da doença. Descobertas recentes indicam que os axônios sofrem dano irreversível em conseqüência do processo inflamatório, o que contribui para uma deficiência neurológica e, a longo prazo, para a invalidez. Os pontos onde se perde mielina (placas ou lesões) surgem como zonas endurecidas (tipo cicatrizes), que aparecem em diferentes momentos e zonas do cérebro e da medula espinhal. Literalmente, esclerose múltipla significa episódios que se repetem várias vezes. Até certo ponto, a maioria dos pacientes se recupera clinicamente dos ataques individuais de desmielinização, produzindo-se o curso clássico da doença, ou seja, surtos e remissões. Os dados obtidos em pesquisas realizadas e atualmente disponíveis podem oferecer apoio para o diagnóstico clínico e laboratorial, mas ainda são insuficientes para definir de imediato se a pessoa é ou não portadora de esclerose múltipla, uma vez que os sintomas se assemelham a outros tipos de doenças neurológicas.

Não existe cura para a esclerose múltipla. No entanto, muito pode ser feito para ajudar as pessoas portadoras de Esclerose Múltipla a serem independentes e a terem uma vida confortável e produtiva.



Denomina-se ESCLEROSE e denomina-se MÚLTIPLA:



  • Muitas áreas dispersas do cérebro e da medula espinhal são afetadas.

  • Os sintomas podem ser benignos ou graves e surgem e desaparecem de maneira imprevisível.

  • Áreas afetadas do cérebro ou da medula espinhal.

Até o momento a causa é desconhecida. Nas pesquisas, amplos esforços são dirigidos ao estudo do indivíduo portador, como também do ambiente onde vive. Contudo, não giram em torno de suposições de ser ou não ser moléstia hereditária ou familiar. Acredita-se, porém, que certos fatores transmitidos hereditariamente podem favorecer o surgimento da doença, ou, ao contrário, proteger o indivíduo contra ela. Embora reconhecida e descrita há mais de 160 anos e, desde então, estudada incansavelmente, só existem hipóteses das causas. Dentre elas, destacam-se os estudos dirigidos tanto à parte imunológica quanto à incidência de vírus. A deterioração da mielina é provavelmente mediada pelo sistema imunológico.


 


Parece que em indivíduos geneticamente predispostos há uma anomalia na resposta imunológica, que resulta num ataque maciço ao próprio tecido nervoso, isto é, uma resposta auto-imune. Ainda não foi identificado um antígeno específico. Uma teoria defendida por pesquisadores é a de que o desencadeante responsável é um vírus. Alguns investigadores acreditam que o sistema imunológico interpreta uma parte da proteína mielínica como sendo um vírus de estrutura similar e a destrói (mimetismo molecular). Outros teorizam que pequenas quantidades de mielina são liberadas para a corrente sanguínea depois de uma infecção viral, resultando em auto-imunização.


 


A esclerose múltipla é uma doença muito variável e os sintomas dependem das zonas afetadas no SNC. Em cada indivíduo, manifesta-se com diferentes sintomas, que variam em cada caso. A primeira lesão a se manifestar clinicamente pode não ser a primeira ocorrida. A maioria das pessoas experimenta mais de um sintoma, sendo os mais comuns: fadiga , fraqueza muscular, parestesia (sensação tátil anormal, p.ex. formigamento), deambulação instável, visão dupla, tremor e disfunção da bexiga e dos intestinos. Manifestações como hemiplegia (paralisia de um lado do corpo), neuralgia do trigêmeo e paralisia facial, são menos comuns. Alguns desses sintomas são imediatamente evidentes, outros, são freqüentemente sutis, “ocultos”.


 


Os sintomas podem ser difíceis para serem descritos, inclusive pelos familiares, ou pelos cuidadores da pessoa com Esclerose Múltipla, que não os notam, e também podem passar despercebidos no trabalho e nas atividades sociais, porém diminuem a qualidade de vida claramente. Na grande maioria dos portadores, a doença provoca uma série de crises cujos sintomas podem ser discretos ou intensos e que aparecem e desaparecem. Isso faz com que o doente se recupere parcial ou totalmente das dificuldades resultantes desses sintomas. Dependendo da área afetada do sistema nervoso, que varia de pessoa para pessoa e de tempos em tempos, na mesma pessoa (surto e remissão, respectivamente), as lesões da Esclerose Múltipla provocam grande variedade de sintomas e sinais iniciais querem isolados, querem combinados.


 


Os sintomas vão e vêm de maneira inexplicável e isso é uma característica específica da Esclerose Múltipla que não ocorre em outros tipos de doenças do sistema nervoso. A velocidade do surgimento dos sintomas pode variar de minutos ou até dias e nos pacientes que apresentam curso progressivo crônico os sintomas podem aumentar gradualmente durante muitos meses. A velocidade de recuperação também varia muito, mas geralmente ocorre durante o curso de duas a oito semanas que se seguem ao ataque agudo.


 


(informações da Associação Brasileira de Esclerose Múltipla – ABEM – www.abem.org.br)