Cientistas identificam parte do cérebro que decide o que vale a pena lembrar


Cientistas da Suécia identificaram os gânglios basais como a parte do cérebro que decide o que vale a pena lembrar e o que não, para assim desocupar a memória temporária e fazer com que esta funcione de maneira mais rápida e eficaz.

A descoberta, publicada no site da revista científica britânica “Nature Neuroscience”, é resultado de uma pesquisa sobre a memória temporária – ou memória de trabalho – que especialistas de várias instituições acadêmicas suecas realizaram através de testes de imagens funcionais.

O estudo, que pode ajudar a compreender melhor o processo de memória dos humanos, apóia-se em uma pesquisa de cientistas americanos publicada em junho que afirmava que esquecer a informação menos importante faz com que seja mais simples lembrar a mais relevante.

É nesse necessário processo seletivo de informação que entram em jogo os gânglios basais, importantes núcleos cerebrais ligados ao córtex cerebral, ao tálamo e ao talo cerebral e que nos mamíferos estão associados à função motriz, emocional, de aprendizagem e de pensamento.

Estes núcleos atuam como “vigilantes de uma entrada”, que seria o córtex pré-frontal, parte do cérebro que intervém no processo de recuperação das informações guardadas na memória.

“Podemos armazenar informação na memória de trabalho na medida em que lembramos a informação relevante. O modo como é feita esta seleção é o determinante”, afirmam os especialistas na revista.

“Em nossa pesquisa, mostramos que a atividade do córtex pré-frontal e dos gânglios basais precede o filtro de informação irrelevante e que essa atividade indica até que ponto se armazena somente a informação relevante”, acrescentam.

Assim, nos testes realizados para a pesquisa, os cientistas perceberam que as pessoas que apresentavam maior atividade em seus gânglios basais eram as que podiam armazenar mais informação na memória temporária.

Também foi possível perceber que a atividade desta parte do cérebro e do córtex pré-frontal aumentou quando chegou o momento de decidir se era para lembrar certos estímulos visuais que os pesquisadores haviam colocado entre as imagens só para distrair.

“Nosso estudo mostra o mecanismo pelo qual a atividade dos gânglios basais e frontais controla o acesso à memória de trabalho no córtex parietal dos humanos, e representa uma grande contribuição às diferenças entre as memórias”, indicam os pesquisadores.

O termo “memória de trabalho” foi introduzido em 1976 pelo psicólogo britânico Alan Baddeley para definir a memória temporária utilizada pelo ser humano para certas atividades e para resolver problemas do dia-a-dia.


 


Fonte: Efe