A Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde (SES) já realizou cerca de 4.800 exames em crianças para detectar o tracoma, uma afecção inflamatória que pode até causar cegueira. A iniciativa é uma parceria entre o Governo de Sergipe e o Ministério da Saúde (MS), através do programa nacional de controle da doença. Já foram visitados os municípios de Areia Branca, Itaporanga D’Ajuda, Cristinápolis, Riachuelo e Pedra Mole. De acordo com a coordenadora do programa em Sergipe, Vandriana Nóbrega, o objetivo é detectar precocemente a doença, prevenindo a ocorrência das formas mais graves. “Realizamos uma busca ativa nas escolas da rede pública dessas cidades. Nossos técnicos visitaram não só a sede dos municípios, mas os povoados também. Queremos conhecer a prevalência do tracoma em Sergipe”, disse, acrescentando que a atividade será realizada posteriormente nos demais municípios sergipanos. “Do total de exames realizados, 235 tiveram diagnóstico positivo, e todos receberam tratamento conforme padronização do MS. Os municípios apresentaram as seguintes taxas de detecção: Areia Branca, 5,8%; Itaporanga D’Ajuda, 7,9%; Riachuelo, 4,4%; Cristinápolis, 1,7%; e Pedra Mole, 5,1%”, afirmou a coordenadora. Segundo ela, o Ministério considera alta a taxa de incidência acima de 5%. Vandriana destacou que a ação tende a se estender principalmente para os municípios que, no inquérito nacional realizado em 2003, apresentaram taxas significativas de positividade. Para o próximo ano, uma das propostas da Vigilância Epidemiológica estadual é capacitar os técnicos de saúde dos municípios para que as ações de controle façam parte das atividades de rotina. Cuidados O tracoma é uma infecção ocular crônica que, em decorrência de infecções repetidas, propiciam a formação de entrópio (distorção da pálpebra) e triquíase (cílios invertidos tocando o olho). As alterações resultantes deste atrito podem levar a alterações da córnea, causando até cegueira. A doença está associada ao baixo nível sócio-econômico da população. A doença, mais suscetível em crianças, é causada pela bactéria Chlamydia trachomatis. A transmissão é direta e se dá de pessoa para pessoa. A principal forma de transmissão se faz diretamente, mas também ocorre através de objetos contaminados (toalhas, lenços, fronhas etc). Alguns insetos, como a mosca doméstica, podem atuar como vetores mecânicos. Medidas de higiene têm importância na proteção individual. Estudos revelam menor risco para o desenvolvimento do tracoma em crianças que lavam regularmente o rosto. Ações de educação em saúde devem ser cuidadosamente planejadas, utilizando-se todo o recurso disponível na comunidade.