Oncologista participa de audiência pública na Alese

A Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Sergipe realizou, na tarde desta quarta-feira, 30, a Audiência Pública "Sergipe na luta contra o câncer do colo do útero". O evento aconteceu no Plenário da Alese e contou com profissionais renomados, a exemplo do médico oncologista da Clínica Onco Hematos Nivaldo Vieira, que falou sobre a doença em Sergipe e no Brasil.

O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima 16.340 novos casos de câncer do colo do útero para o Brasil em 2016. A deputada Sílvia Fontes presidiu a audiência e destacou a importância de discutir o tema com diversos profissionais. “Falar de saúde pública é sempre importante para que a gente consiga efetivar todo o serviço prestado. Temos aqui hoje especialistas e representantes de vários órgãos públicos para fazermos uma discussão ampla sobre o câncer do colo do útero”, salientou a deputada.

Sílvia Fontes agradeceu a participação do oncologista Nivaldo Viera. “Dr. Nivaldo é um parceiro. Sempre que o convidamos ele está presente para discutir esses temas e trazer para a sociedade todas as informações necessárias. Agradecemos muito a Dr. Nivaldo que sempre traz muitas novidades, informações, dados estatísticos recentes. Então é de uma grande importância tê-lo aqui em nossas audiências públicas voltadas para a saúde”, afirmou Sílvia.

Embora seja prevenível, inclusive com vacinação, o câncer do colo do útero apresenta, no Brasil, números alarmantes e nem todos os casos vão para as estimativas. É o tipo de câncer com a terceira maior incidência entre as mulheres. “A maioria tem 49 anos, é tratada no SUS, 65% tem baixa escolaridade e 52% são mulheres casadas. Esse é o perfil: são mulheres em plena atividade produtiva, têm filhos e são retiradas do mercado de trabalho. A cada 90 minutos morre no Brasil, uma mulher, de câncer de útero”, lamentou Nivaldo Vieira.

O oncologista clínico destacou que o câncer do colo do útero vem aumentando. “Nós enxergamos entre 2014 e 2015, um aumento de 3,3% e a grande pergunta que não conseguimos responder é se o número está aumentando ou se a gente está conseguindo notificar mais os casos. O Brasil tem duas vezes mais mortes por câncer do colo do útero do que os Estados Unidos. Em Sergipe, o número é de 220 casos novos em 2016”, frisou, acrescentando ser lamentável que o país não consiga combater uma doença que pode ser prevenida.

Segundo o oncologista, é necessário ampliar a capacidade de atendimento. “Quando a mulher já tem câncer e precisa do tratamento de quimioterapia e radioterapia, os dados são catastróficos. Nós precisamos de um sistema completo que vai desde a vacina até o tratamento da mulher com a doença em metástase. Em dez anos nós não temos opções de tratamento”, constatou Nivaldo anunciando que o cenário que está ruim, vai piorar em 15 anos.

O patologista Câmara Lopes, representante do Instituto Genoa de São Paulo, falou sobre uma experiência que teve de outros países, quanto aos exames preventivos ao câncer do colo uterino.  “Se pegar 100 mulheres infectadas, você vai conseguir uma citologia e diagnóstico em 47, sendo que 53 vão receber um resultado falso negativo. Vão voltar contentes pra casa, mas são portadoras de HPV de alto risco. Agora existe um processo em que a amostra da alta coleta é levada para um laboratório para ser feito um estudo molecular de DNA e depois a sub-tipagem dos vírus e a partir dai, de 100 mulheres, exclui 93 e se não tiverem infectadas, farão exames nos próximos dez anos. Hoje na China, o índice de câncer do colo do útero é igual aos Estados Unidos. Estamos fazendo uma inovação de uma coisa que se faz em várias partes do mundo para acontecer no Brasil em até cinco anos”, ressaltou Câmara.

Mesa

Além do oncologista Nivaldo Vieira e do patologista Câmara Lopes, a mesa foi composta pelo procurador de Justiça, Auguso Alcântara, a diretora de Assistência à Saúde da SES, Roseliy Mota Rocha; o procurador do Núcleo de Saúde da Procuradoria Geral do Estado, Marcelo Aguiar; o promotor da Saúde do Ministério Público Estadual, Fábio Viegas; o defensor público do Núcelo de Apoio à Saúde da Defensoria Pública de Sergipe, Gustavo Dantas, o radio-oncologista Marcos Antônio de Santana Lopes. Integrantes da Associação Mulheres de Peito e dos deputados estaduais Gilson Andadre, Georgeo Passos e Maria Mendonça também participaram do evento.