O Tratamento do Câncer de Próstata em tempos de Pandemia foi o tema de mais uma live promovida pela Clínica Onco Hematos, na noite dessa quarta-feira, 27. O oncologista clínico da Onco Hematos, Thiago Menezes, recebeu o uro-oncologista, Marco Antônio Arap, professor assistente doutor do Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina – USP, e docente permanente do programa de Pós-Graduação do Hospital Sírio Libanês. O atual cenário com a Pandemia da Covid-19 é cheio de incertezas e muitos pacientes com Câncer de Próstata chegam no consultório do urologista ou oncologista inseguros de como lidar com o medo de não tratar o câncer e a doença avançar, ou tratar e complicar pela infecção do vírus.
Para iniciar esse assunto durante a live e tirar dúvidas dos pacientes, o oncologista Thiago Menezes destacou que o câncer de próstata é um dos mais incidentes no Brasil e no mundo. “Essa doença é muito heterogênea, alguns têm uma evolução indolente, mas também tem alguns casos que a doença vem superagressiva e os pacientes precisam de um tratamento mais urgente. Agora estamos vivendo uma nova realidade com esta pandemia, que traz muito medo para a população, em especial para os pacientes que têm o diagnóstico de câncer e vão ter o tratamento adiado. E nós como médicos ficamos preocupados em postergar o tratamento, mas também precisamos ter cuidado para não expor os paciente ao vírus”, disse o oncologista, questionando o Dr. Marco Arap sobre como está a rotina em São Paulo para os tratamentos de câncer.
“Essa é uma pergunta que todos fazem, mas depende muito da população em que se está tratando, do hospital que está tratando e da condição que esse hospital tem para atender. O Hospital tem como protocolo colher a pesquisa de Covid dois dias antes da internação do paciente oncológico que precisa fazer cirurgia, eles vão até a casa do paciente e, se o exame der negativo, ele se interna em uma área isolada. Apesar disso, as pessoas têm muito medo, mesmo dentro de casa podemos ser contaminados, por algum entregador que vem trazer alguma coisa. Então é normal que os pacientes sintam muito medo de pegar a doença, pois não sabemos ainda todas as características dessa doença e o que ela pode trazer para quem já tem doença oncológica. Então é um grande dilema decidir se é mais arriscado adiar o tratamento ou ser contaminado pelo vírus. A equação dessa decisão envolve vários fatores, a idade do paciente, se ele tem comorbidades, quais são essas comorbidades e qual o grau da doença ele está sendo tratado”, afirmou o uro-oncologista Marco Arap.
Dr. Thiago acrescentou que os principais fatores de risco relacionados ao Câncer de Próstata, também são os fatores prognósticos de gravidade da doença do Coronavírus. “Esses fatores são a idade, a obesidade, pacientes tabagistas, ou seja, a mesma população que tem risco de câncer de próstata, também pode ter o Covid-19 na sua forma mais grave”, disse o oncologista, enfatizando ainda que a maior dificuldade dos profissionais de Sergipe é com relação ao tempo dos resultados dos exames de PCR, que não são liberados com agilidade razoável.
Incertezas
O Uro-oncologista salientou ainda que a realidade de todos é de muita incerteza, por não saber se a vacina que está sendo desenvolvida chegará logo, se será eficiente e se terá um grau efetivo de proteção. “Também não sabemos se o paciente que já foi contaminado pode ter uma reinfecção, aparentemente não, mas essa também é outra incerteza”.
Protocolos
Segundo Marco Arap, mesmo quando o paciente tem PCR negativo para o vírus, os profissionais estão seguindo o protocolo de utilizar todos os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para realizarem cirurgias. “Para os pacientes que tem Covid-19 e mesmo assim precisam ser operados urgentemente eles vão para uma área quente do Hospital. A direção do Hospital separou algumas salas de cirurgia para os pacientes que têm o Covid e os que não têm. No Sírio Libanês, a taxa de infecção dos membros da equipe que trata dos pacientes com Covid-19 é apenas de 3%, e mesmo assim não sabemos se eles foram contaminados dentro ou fora do Hospital. Então, o Sírio Libanês conseguiu uma proteção muito grande para a equipe médica e também para os pacientes atendidos e isso comprova que o risco de pegar a doença dentro do hospital é muito menor do que pegar na rua”, explicou.
Também é feito um controle dos familiares e da visitação no pós-operatório dentro do Hospital. “Geralmente, o próprio paciente pede a seus familiares para não realizar visitas, como forma de proteção dele mesmo. Mas o hospital libera um acompanhante o tempo todo com o paciente para dar todo o suporte que o paciente precisar, mas sempre recomendamos a restrição de visitação ao máximo”, falou o uro-oncologista.
Tratamentos
Dr. Thiago Menezes também comentou na live sobre as mudanças de tratamento oncológico nesse período de pandemia. “Existe um protocolo para alguns pacientes começarem um bloqueio hormonal para tentar postergar um pouco mais o início da radioterapia neste momento”.
Cirurgias Robóticas
Também foi comentado na live sobre os avanços dos tipos de cirurgia, mostrando as vantagens e limitações da cirurgia aberta e comparando com o avanço da cirurgia robótica para o tratamento do câncer de próstata. “Sabemos que a cirurgia aberta ainda é a maior opção e tem as suas vantagens. Mas hoje a cirurgia robótica é um grande avanço e aqui em São Paulo os hospitais particulares, em sua grande maioria, já tem programas de cirurgia robótica instalados. Pelo menos 60% dos hospitais particulares em São Paulo já tem robô, são mais de 30 robôs funcionando. E não há nenhuma dúvida de que os pacientes tratados por cirurgia robótica têm uma evolução muito mais tranquila, não só do ponto de vista funcional, em relação à continência urinária e impotência sexual, mas também em relação ao retorno mais rápido das suas atividades de trabalho e atividades físicas”, finalizou Marco Arap.
Ascom/OncoHematos