Manutenção de vias livres de Covid-19 na oncologia é tema de live da Onco Hematos

Na noite desta segunda-feira, 18, mais uma live foi promovida pela Onco Hematos através do Instagram. Desta vez, os principais assuntos discutidos foram sobre como manter os serviços oncológicos seguros durante a pandemia e também quais os protocolos estabelecidos pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) para manutenção de vias livres de Covid-19 nos serviços de oncologia. O cirurgião oncológico da Onco Hematos, Roberto Gurgel, recebeu o Dr. Rodrigo N. Pinheiro (DF), titular da SBCO, mestre em oncologia e diretor da SBCO, para discutir o assunto.

Para iniciar a live, foi debatida a contextualização do que a pandemia vem afetando na oncologia. “Estamos vivendo um momento único na saúde mundial. A pandemia se mostra perversa em vários sentidos, mas principalmente na sobrecarga operacional dos serviços de saúde, criando uma situação de dificuldade de assistência. As outras doenças não deixam de acontecer, em especial o câncer. Só para ter uma ideia, no Brasil, em 2018, foram cerca de 227 mil casos com óbitos em decorrência do câncer e por conta da pandemia podemos ter mais 125 mil casos”, destacou o diretor da SBCO, Dr. Rodrigo.

“Essa situação se deve a um conjunto de fatores, como a dificuldade de acesso dos pacientes aos centros de saúde por conta da pandemia; além do medo dos pacientes em procurar os serviços de saúde nesse momento, causando atrasos no diagnóstico da doença. Infelizmente, essas situações geram muitos casos de câncer que estão escondidos, não deixam de acontecer, mas por não procurar assistência e muitos serviços não estarem funcionando, vários pacientes não sabem que estão com a doença”, enfatizou Dr. Rodrigo.

O cirurgião oncológico, Dr. Roberto Gurgel, questionou quais as principais medidas adotadas na prática em outros países para oferecer atendimento seguro aos pacientes com câncer. “Logo quando a pandemia iniciou tiveram várias estratégias exitosas em outros países que podem ser adaptadas à realidade do Brasil. A Itália, por exemplo, percebendo a potencial gravidade da desassistência aos pacientes oncológicos criou estruturas para separar o atendimento de Covid-19 e manter ao mesmo tempo o atendimento oncológico, preservando os pacientes e também as equipes”, salientou Dr. Rodrigo Pinheiro.

Maior Risco

Os médicos destacaram ainda que os riscos dos pacientes oncológicos se contaminarem por Covid-19 e ter o caso agravado é maior. Por isso, a importância de manter as vias livres de Covid-19. Sobre o assunto, o diretor da SBCO enfatizou o que a instituição vem promovendo para atender os pacientes com maior prioridade. “Há pacientes que não podem esperar a pandemia passar. Diante disso, quando a pandemia iniciou, criamos uma estratégia de enfrentamento à Covid-19. Começamos a estudar e percebemos que os pacientes em tratamento de câncer têm mais risco de mortalidade com a contaminação. Começamos a produzir artigos científicos e criamos estratégias que estão disponíveis para toda a população no site da SBCO”, acrescentou.

Ainda segundo o diretor da SBCO, essas estratégias estão baseadas em três pilares. “O primeiro é a triagem e seleção dos pacientes, para identificar os de risco e separá-los dos pacientes de menor risco para a Covid-19. O segundo pilar é a proteção das equipes de saúde, com testagem e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). E o outro pilar é que existem doenças oncológicas que podem esperar oito semanas, enquanto outras não, então é preciso selecionar os pacientes que têm mais risco do câncer se agravar. Por isso, precisam ser atendidos com mais urgência, sempre baseado em estudos e pesquisas para analisar os casos mais graves”.

Para finalizar, Dr. Rodrigo pontuou que a interrupção do tratamento oncológico é um erro, pois o câncer no Brasil mata mais do que a Covid-19 vem matando no mundo inteiro. “É um grande erro tanto da assistência, dos hospitais, dos centros de saúde e das clínicas que tratam câncer deixarem de atender, como também o paciente deixar de buscar o atendimento por medo. Essas falhas podem custar muitas vidas”, concluiu.

Ascom/OncoHematos