Hospital do Coração alerta para o aumento do infarto agudo do miocárdio em jovens


O infarto agudo do miocárdio (IAM), lesão das células do músculo do coração é causado pela obstrução temporária ou definitiva de uma artéria coronária. A adesão de um trombo (coágulo) sobre uma placa de gordura ou o espasmo da artéria coronária, são as causas da interrupção do fluxo sanguíneo. Dados divulgados no estudo INTERHEART – que avaliou os fatores que aumentaram o risco de infarto agudo do miocárdio em cinco continentes -, destacam-se o tabagismo (mais que cinco cigarros ao dia), glicemia maior ou igual a 126mg/dl, relação cintura-quadril maior que 0,94 (obesidade central), história familiar de doença coronária, LDL-colesterol maior que 100 mg/dl e hipertensão arterial.


 


Já, no estudo AFIRMAR – estudo que aponta os Fatores de Risco Associados com o Infarto do Miocárdio no Brasil -, no qual foram selecionados cerca de 3550 pacientes em 51 cidades brasileiras, o tabagismo também foi o fator de risco com maior impacto. Os homens fumantes com idade entre 35 e 39 anos têm uma probabilidade cinco vezes maior de ter um ataque cardíaco do que os não fumantes. O infarto do miocárdio também pode ocorrer por uso de cocaína, devido a vasoconstricção (contração da parede da artéria coronária), associada a uma elevação da pressão arterial e a taquicardia.


 


No HCor – Hospital do Coração, em São Paulo, os infartados abaixo de 40 anos já respondem por 20% dos casos, e as características dos pacientes são jovens fumantes, com histórico familiar de doença coronariana, com índice de obesidade, sedentários e estressados. “Atendemos recentemente a três casos de jovens infartados e, a ocorrência de infarto nesse público pode estar relacionado ao aumento de estresse”, explica dr. Ricardo Pavanello, supervisor de cardiologia do HCor – Hospital do Coração.


 


Segundo o supervisor de cardiologia, os jovens estressados, fumantes, sedentários e com peso acima do ideal, na faixa etária entre 20 e 40 anos estão sofrendo mais infartos do miocárdio. Na cidade de São Paulo, por exemplo, eles representam, em média, 12% dos casos – esta incidência há dez anos não passava de 6%, e nos EUA, o índice médio de infartos em jovens é de 4%. “Embora a mortalidade seja menor – pois o jovem ainda não sofre das co-morbidades que afetam os mais idosos como diabetes e hipertensão, o paciente habitualmente minimiza seus sintomas adiando seu atendimento e deixando muitas vezes de receber o melhor tratamento”, explica.


 


O que pode ser feito?


Os pacientes jovens com IAM mesmo sem alterações genéticas e sem antecedentes de doenças cardiovasculares na família, mas que fumam, possuem nível elevado de estresse e são sedentários, estão sofrendo infarto do miocárdio cada vez mais cedo.  A desobstrução coronária precoce da artéria é a melhor forma de se evitar a deterioração do rendimento cardíaco, e sua realização está indicada até a sexta hora do início dos sintomas.


 


A recanalização da artéria coronária pode ser obtida com injeção de drogas trombolíticas que podem ser utilizadas em unidades de emergência e em ambulâncias. Entretanto, a angioplastia seguida do implante de stents é a técnica mais moderna e mais eficaz de normalização do fluxo sanguíneo da artéria coronária. O HCor têm uma equipe de intervencionistas de plantão que disponibiliza essa técnica e obtém elevados índices de sucesso na maioria dos casos quando empregada no período de tempo ideal -, daí a importância do atendimento precoce. 


 


Por meio da abordagem humanizada e multiprofissional com orientação nutricional e do grupo anti-tabagismo da Instituição, o conjunto de intervenções com resultados positivos em jovens e adultos se complementam. “A prevenção de novos eventos assim como o processo educativo que envolve o paciente e seus familiares também é uma missão do HCor e de suas equipes, que tem o compromisso não só com a prestação de serviço de elevado padrão tecnológico mas também com a busca de uma melhor qualidade de vida para todos os pacientes”, finaliza.