Dezembro Vermelho: HIV, Aids e IST’s ainda são um grande desafio para a sociedade sergipana

Dezembro Vermelho é um mês voltado à sensibilização da população sobre a prevenção e o tratamento precoce contra o HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana), a Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s). A Secretaria de Estado da Saúde (SES) realiza ações nas mais diversas esferas e públicos continuamente mas, de acordo com o gerente do Programa IST/Aids da SES, Almir Santana, é preciso que a sociedade continue em alerta porque é uma doença silenciosa e que continua circulando.

Para se ter uma ideia, segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), nos últimos cinco anos, Sergipe contabilizou 1.576 casos de Aids (doença desenvolvida). O número é expressivo em uma época em que as autoridades sanitárias do país e do Estado insistem em orientar a população para a prevenção das doenças e infecções. Quando os dados são detalhados, consta-se que o público masculino tem dado pouco ouvido àquela voz que recomenda sexo seguro, sexo com camisinha. Dos 1.576 casos registrados de 2015 até este ano, eles respondem por 1.112, o equivalente a mais de dois terços do total. As mulheres somam 464 e no bojo das ocorrências, quatro crianças, dois meninos e duas meninas, têm a infecção.

O número de pessoas com o HIV (sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana) é ainda maior. No mesmo período, ou seja, nos últimos cinco anos, Sergipe registrou 2.191 casos e, novamente, o público masculino lidera a incidência, com 1.455 homens vivendo com o vírus, contra 736, mulheres infectadas. Em meio a esses números, 11 crianças possuem o vírus, o que, para o médico e gerente do Programa IST/Aids da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Almir Santana, está havendo falhar no pré-natal.

“Nossa luta é para melhorar o pré-natal e até envolver o parceiro nas consultas, para reduzir as chances de nossas crianças nascerem com alguma infecção de transmissão vertical, como sífilis ou HIV”, disse ele, salientando que as regiões de saúde de Sergipe com maior incidência de Aids é predominantemente Aracaju, seguida um pouco de longe por Socorro. A primeira soma 1.338, e a segunda, 359. Os números correspondem ao período de 1987 a 2019.

Na sequência, por registro de casos, vêm as regionais de Estância, com 201 ocorrências; Itabaiana, com 146; Propriá, com 144; Lagarto, com 137; e Nossa Senhora da Glória, com 68 casos. À exceção da regional do Sertão, onde Canindé do São Francisco lidera os números, todas as demais registram maior incidência em suas próprias sedes.

A regional de Aracaju tem na série histórica, 1.338 casos de Aids. A sede, que também é a capital do Estado, contabiliza 1.148 pessoas com a infecção.  Na região de Nossa Senhora do Socorro são 359 casos, mas o município-sede responde por 225 ocorrências nestes 32 anos desde que a Aids chegou ao Brasil. Na regional de Nossa Senhora da Glória é o município de Canindé do São Francisco que soma maior número de casos: 28.

Conhecer para tratar

Fazer o teste rápido do HIV é a orientação do gerente do Programa IST/Aids para todas as pessoas sexualmente ativas e muito particularmente para aquelas que evitam usar o preservativo. Ele observa que quando uma pessoa tem relação sexual desprotegida existe a possibilidade de ela ser infectar pelo HIV. Entretanto, a única maneira de determinar se a infecção ocorreu é fazendo o teste.

Mas, é preciso esperar 30 dias após a última relação sexual sem a camisinha para fazer o teste. Isso porque, a infecção pelo HIV possui uma janela imunológica próxima a esse tempo, o que quer dizer que se for feito antes dos 30 dias, o teste rápido não vai acusar a presença no organismo do vírus. Almir salienta que a testagem pode ser feita em unidades básicas de saúde.

De acordo com Almir Santana, fazer o este rápido é também uma forma de prevenção e proteção ao parceiro, uma vez que, em caso positivo para o HIV a pessoa é imediatamente encaminhada para iniciar o tratamento e, quando isso ocorre, a medicação começa a combater o vírus, reduzindo os riscos de contágio. Mas, a correta forma de prevenção,  independentemente disso, é o uso do preservativo.

O tratamento, segundo Almir Santana, é feito a base de medicamentos denominados antirretrovirais (TARV), que agem inibindo a multiplicação do HIV no organismo e, consequentemente, evitando o enfraquecimento das defesas orgânicas, favorecendo ao controle da infecção.

Formas de prevenção

Até 72 horas após uma provável exposição ao HIV, seja em uma relação sexual sem preservativo, seja porque a camisinha rompeu, ou em uma situação de violência sexual ou  ainda por acidentes com materiais perfuro-cortantes, existe a Profilaxia Pós-exposição (PEP) que consiste na utilização da medicação antirretroviral durante 28 dias, que age para impedir que o vírus se estabeleça no organismo. O mais rápido que puder iniciar esse tipo de profilaxia (nas primeiras 2 horas após a exposição), a eficácia será maior.

Para aquelas pessoas que, frequentemente se expõem ao risco de adquirir a infecção pelo HIV por não usar preservativo, já existe a Profilaxia Pré-exposição ao HIV  (PrEP), indicada para gays, homens que fazem sexo com homens, população trans, trabalhadores do sexo e casais sorodiferentes (quando um tem o HIV e o outro não).

“É um novo método de prevenção à infecção pelo HIV, que consiste na tomada diária de um comprimido que impede que o HIV infecte o organismo antes de a pessoa ter contato com o vírus. O efeito do medicamento da PrEP começa a atuar após 7 dias de uso para relação anal e 20 dias de uso para relação vaginal”, informou Almir Santana.

Fonte e Foto: SES