Convênio estimula inclusão produtiva e segurança alimentar


Desde o mês de maio, a Secretaria de Estado da Inclusão Assistência e do Desenvolvimento Social (Seides) está desenvolvendo o Projeto de Fortalecimento do Artesanato e a Segurança Alimentar e Nutricional em Sergipe, resultado do convênio com a Sociedade Católica Bom Pastor. Nessa parceria, fica a cargo da Seides o aporte financeiro e todo a estrutura logística e, da Bom Pastor, o gerenciamento da ação. O projeto foi formatado inicialmente apenas para a capital, mas foi ampliado para todo o Estado. Os oito territórios de Sergipe estão contemplados, envolvendo metade dos municípios sergipanos, beneficiando 770 famílias com a oferta de diversos cursos.


A idéia o projeto é trabalhar com todas as comunidades atendidas pelo Cadastro Único de Programas Sociais (CadÚnico), visando a emancipação destas famílias para que sua sobrevivência não dependa dos programas sociais. Em geral, são famílias em vulnerabilidade e risco social e que têm renda global de até três salários mínimos. São atendidas comunidades de terreiros, quilombolas, acampamentos, assentamentos e povoados.


Na quarta-feira, 23/7, foram encerrados os cursos de macramé e doces regionais na comunidade quilombola Mussuca, em Laranjeiras. Trinta pessoas participaram do curso de macramé e 20, do curso de doces. Um destas alunas de doces foi Aildes Ferreira Ramos. A dona-de-casa de 33 anos e mãe de três filhos é cozinheira de forno e fogão. “Eu não tinha um diploma, um certificado para comprovar meus conhecimentos. Agora, espero ter meu trabalho reconhecido, junto com minhas companheiras”, disse Aildes, acrescentando que a turma está se organizando para montar uma cooperativa.


Marluce Bispo Correia, 28 anos, casada e mãe da pequena Maxuele, de cinco anos, foi uma das alunas de macramé. Ela já trabalha com outros tipos de artesanato e resolveu fazer o curso para se aprimorar com o módulo de gestão e aprender uma nova arte. “Eu adoro artesanato. Tudo que posso aprender, eu participo”, disse Marluce. Ela agora espera se desenvolver. “Nós já montamos nossa cooperativa e vamos tocar o barco para termos rendimento e podermos ajudar em casa e garantir um futuro ainda melhor para nós e nossos filhos”, explicou Marluce, que concluiu o segundo grau, mas não tentou o ensino superior. “É muito difícil, mas eu quero garantir que minha filha vá para faculdade. E eu ainda não desisti”, concluiu.


Para o artesão Erê, professor do curso de macramé, o projeto é grandioso. “Ele permite que pessoas com diversas carências sociais tenham uma profissão, possam gerar renda para suas famílias, além de promover uma maior integração na comunidade e ter uma função terapêutica”, disse Erê. Ele disse ainda que cursos como este estimulam a valorização do artesanato sergipano. “Infelizmente, o sergipano ainda está aprendendo a valorizar suas riquezas e estes cursos vão ajudar neste sentido”, acrescentou.


Projeto


Cada curso oferecido tem carga horária de 40 horas. Além da parte prática, os alunos têm um módulo de gestão, para proporcionar aos participantes noções de associativismo, cooperativismo, comercialização. Com isso, o intuito da Seides é gerar emprego e renda nessas comunidades, fortalecendo o associativismo e o cooperativismo.


Além da Inclusão Produtiva, o projeto engloba também a Segurança Alimentar e Nutricional através de três ações. O projeto-piloto de hortas comunitárias, a fabricação de doces regionais – que envolve um trabalho especial com as catadoras de mangaba em sete municípios – e, por fim, o beneficiamento do pescado, junto às comunidades pesqueiras. Esse tipo de ação possibilita a complementação de renda desses trabalhadores.


Para o coordenador geral do projeto, Alfredo Santos, o papel da Secretaria vai além da realização do curso. “O trabalho da Seides não acaba quando o curso termina. Nós vamos acompanhar estas pessoas, dando suporte logístico, apoio técnico até eles poderem caminhar sozinhos”, explicou. O coordenador explicou também que os produtos serão comercializados no Centro de Arte e Cultura de Sergipe, que fica na orla de Atalaia. “Estamos pensando em outras formas de comercialização, mas lembrando que isso é apenas um suporte, eles têm que caminhar com as próprias pernas”, disse Alfredo.


Todos os cursos foram montados com as comunidades. “Fizemos reuniões com as comunidades para poder gerar uma identidade e aproveitar as potencialidades locais, como meio ambiente, presença de matéria-prima, os talentos já existentes”, acrescentou o coordenador.


Cursos


Os cursos oferecidos são: bordado, bordado – ponto de cruz, bordado – bainha aberta, bordado – labirinto, rendendê, renda de bilro, richilieu, costura, doces regionais, beneficiamento do pescado, hortas comunitárias, artesanato em palha de ouricuri, artesanato em cipó, artesanato em argila,artesanato em palha de taboa, artesanto em madeira, macramé. Os municípios envolvidos são: Amparo do São Francisco, Aracaju, Barra dos Coqueiros, Brejo Grande, Canindé do São Francisco, Cedro de São João, Cristinápolis, Divina Pastora, Estância, Frei Paulo, Graccho Cardoso, Ilha das Flores, Indiaroba, Itabaianinha, Itaporanga DAjuda, Japaratuba, Japoatã, Laranjeiras, Malhador, Neópolis, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora do Socorro, Pacatuba, Pirambu, Poço Redondo, Porto da Folha, Riachuelo, Santa Luzia, Santo Amaro, São Cristóvão, Simão Dias.