Capacitação contra a dengue reúne mais de 200 médicos e enfermeiros


Mais de 200 médicos e enfermeiros que das redes pública e privada do Estado atenderam ao chamado da Secretaria de Estado da Saúde (SES) e compareceram na manhã deste sábado, 12, ao Teatro Atheneu para participar de mais uma capacitação promovida pela Coordenação de Vigilância Epidemiológica da SES sobre o manejo clínico em diagnóstico e tratamento do dengue. A iniciativa integra o conjunto de ações que o Governo do Estado vem realizando desde o final do ano passado para conter o avanço da doença.


A abertura do evento, aberto a todos os profissionais de saúde, sobretudo médicos e enfermeiros, foi feita pela secretária de Estado da Saúde em exercício, Mônica Sampaio, que traçou um breve panorama da situação que o Estado vivencia com o surgimento de novos casos de dengue e reforçou as ações que a Secretaria de Estado da Saúde vem desenvolvendo para assistir as vítimas da doença e barrar o surgimento de novos focos criadouros do mosquito da dengue. Para Mônica Sampaio, é fundamental que os profissionais notifiquem os casos de dengue para que a gestão possa trabalhar com medidas estratégicas baseadas em dados reais.


“Pedimos a todos vocês, que já desenvolvem um trabalho muito importante ao nosso Estado, que avancem, que reforcem suas ações. Embora o momento já apresente uma melhora em relação a algumas semanas, quando começaram surgir os primeiros casos da doença, a situação continua delicada. Se formos analisar a curva epidemiológica da doença em Sergipe, notamos que ela ainda está em ascensão e o que mais nos preocupa é que as condições climáticas do Estado continuam bastante favoráveis à procriação do mosquito transmissor”, advertiu Mônica Sampaio.


A secretária alertou os profissionais para a necessidade de reservar os leitos hospitalares para os casos mais graves e não descuidar de pacientes que apresetem alguma melhora, já que a partir do quinto dia da doença podem aparecer mais fortemente as características mais perigosas da dengue, como hemorragias e forte desidratação.


De acordo com o médico do Programa de Saúde da Família (PSF) do município de Pedra Mole, Celso Lopes, cerca de 80% dos pacientes que tem procurado as unidades de saúde municipais apresentam o quadro sintomático da dengue. “Nós estamos procurando notificar todos os casos e oferecer um atendimento resolutivo, evitando as remoções ao Hospital Regional de Itabaiana. Para lá, somente estamos encaminhando os casos mais graves”, explica Celso Lopes.


Para a enfermeira Ana Lúcia Simões, que atua no PSF de São Cristóvão, o município pode estar vivendo uma situação muito mais grave do que a que foi apresentada até agora, que o coloca em risco epidêmico.”Por se tratar de um município que está muito próximo à capital, as pessoas têm procurado assistência nos hospitais da capital, sobretudo os moradores dos conjuntos Rosa Elze e Eduardo Gomes, que preferem se dirigir imediatamente para o HUSE. Desta forma, muitos casos que poderiam estar sendo notificados em São Cristóvão estão sendo notificados em Aracaju”, explicou.


Situação atual


O Estado de Sergipe apresenta atualmente uma incidência média de dengue, com 204 casos para cada 100 mi habitantes. Por esta razão, ainda não está caracterizada uma epidemia, já que ela se conforma quando há mais de 301 casos notificados para cada 100 mil habitantes. Apesar disso, 16 municípios já estão em epidemia: Canindé de São Francisco, Nossa Senhora do Socorro, Santa Rosa de Lima, Pedra Mole, Laranjeiras, Neópolis, Brejo Grande, Carira, Tobias Barreto, Divina Pastora, Campo do Brito, Malhador, Muribeca, Nossa Senhora da Glória, Pinhão e São Miguel do Aleixo.


Outros 17 encontram-se em situação de risco. São eles Aquidabã, Aracaju, Boquim, Capela, Carmópolis, Cumbe, Frei Paulo, Gararu, Gracho Cardoso, Ilha das Flores, Macambira, Pirambu, Riachuelo, Santo Amaro das Brotas, São Cristóvão, São Francisco e Siriri. Até o momento, Sergipe registrou 4.164 casos de dengue notificados, com 1.901 confirmações. Destas, 65 eram casos de dengue com complicações e outras 20 casos de febre hemorrágica do dengue. Há seis óbitos confirmados por conta da doença.


Debate técnico


Segundo Marco Aurélio Góes, gerente de Agravos Transmissíveis da Secretaria de Estado da Saúde (SES) e membro do Núcleo de Vigilância Epidemiológica Hospitalar do Hospital de Urgência de Sergipe (HUSE), um dos focos principais da palestra que proferiu para os médicos está relacionado aos protocolos clínicos da dengue recomendados pelo Ministério da Saúde e que a SES vem estimulando nos profissionais do Estado.


“Precisamos estar alertas à necessidade de realização da prova do laço e da hidratação via oral como primeiro atendimento ainda no Acolhimento. Outro ponto importante é a discussão sobre o fluxo de encaminhamentos desses pacientes às unidades hospitalares, de modo a evitarmos sobrecargas nos hospitais regionais e no HUSE” esclarece o médico infectologista.


Atendimento regionalizado


Segundo a coordenadora de Vigilância Epidemiológica da SES, Giselda Melo, a proposta é que o paciente com suspeita de dengue seja atendido no próprio município em que mora, mediante a organização de um serviço exclusivo para atendimentos desses casos e apenas aqueles que forem mais graves sejam removidos aos hospitais regionais e ao HUSE. “Para isso, a participção dos profissionais em eventos como esse é fundamental para que eles sigam corretamente os protocolos clínicos e os fluxos pactuados”, avaliou Giselda.


Durante o encontro, os participantes receberam uma cartilha informativa que trata do manejo clínico do dengue, disponibilizada pelo Ministério da Saúde (MS), e o adesivo gigante com a conduta de diagnóstico e tratamento de pacientes com suspeita de dengue, confeccionado pela Secretaria de Estado da Saúde para serem afixados nos consultórios médicos, nas salas de acolhimento e nas áreas de classificação de risco. Cerca de 600 adesivos já foram distribuídos e outros mil começaram a ser entregues neste sábado em todo o Estado.


Assistência


Entre as ações desenvolvidas pela SES para controlar os casos de dengue em Sergipe apontadas pela secretária de Estado da Saúde em exercício, Mônica Sampaio, destacam-se a abertura de 131 leitos de hidratação exclusivos para pacientes com suspeita de dengue no Hospital de Urgência de Sergipe Governador João Alves Filho (HUSE) e nos hospitais de Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora do Socorro, Itabaiana e Ribeirópolis e a ampliação do funcionamento do Centro de Hemoterapia de Sergipe (Hemose), que passou a funcionar aos sábados, das 8h às 13h, pra captar mais doadores de sangue e plaquetas.


Para ajudar na assistência aos pacientes com dengue, a Secretaria vai enviar aos municípios em situação de epidemia 16 enfermeiros para atuarem na triagem dos casos, hidratação de pacientes e encaminhamento para as unidades. Para estes municípios e para aqueles que se encontram em situação de risco epidêmico, a SES está distribuindo kits de hidratação, num total de 10 mil soros fisiológicos, 15 mil soros de reidratação oral e 20 mil unidades de paracetamol. A partir da próxima segunda-feira, 14, o Estado convoca 102 médicos para trabalhar no HUSE e hospitais regionais. Os editais serão publicados em jornais de Sergipe, Bahia, Alagoas e Pernambuco.


Combate


Entre as ações já realizadas pelo Governo do Estado para conter o surgimento de novos focos criadouros do mosquito estão aquelas em parceria com a Secretaria de Estado da Educação (SEED) para organizar mutirões de limpeza em todos os prédios da administração da SEED e Escolas Estaduais; o empréstimo de 20 profissionais para auxiliar no combate à dengue em Aracaju; a ampliação da frota dos carros-fumacê de 12 para 14; a aquisição, junto ao Ministério da Saúde, de 7 novos veículos para o combate à dengue; a distribuição de cartilhas informativas elaboradas pelo Ministério da Saúde para todos os médicos que atuam no SUS do Estado, entre outras.


O Governo de Sergipe, através da Secretaria de Estado da Saúde, vem tomando desde o 2007 uma série de medidas para combater a dengue. Num esforço conjunto com o Governo Federal e as prefeituras sergipanas, o Governo tem trabalhado intensamente para colocar em prática todas as medidas necessárias de combate ao mosquito vetor da doença, o Aedes Aegypti. A população também tem papel fundamental nesta luta.