Um único gene pode ser o responsável por proteger os seus portadores contra diversos tipos de câncer, de acordo com um estudo do Instituto britânico de Saúde Infantil, publicado na última edição da revista especializada Nature.
Cerca de dois terços da população mundial seriam portadores de uma das duas variantes do gene B-MYB, que costuma ser pouco encontrado em pacientes de câncer.
De acordo com o coordenador do estudo no instituto britânico, Arturo Sala, o gene pode ser um “componente-chave” para entender o câncer, já que outros estudos já tinham indicado um possível papel no desenvolvimento e proliferação da doença.
“Embora os resultados sejam estatisticamente relevantes, gostaríamos de verificar a escala do efeito em um estudo muito maior”, disse Sala.
O estudo coordenado por Sala analisou 400 pacientes com câncer de cólon, neuroblastoma, um tipo de tumor cerebral, e leucemia mielóide crônica.
Os cientistas então compararam a versão do B-MYB encontrada nos doentes com as versões do gene encontradas em outros 230 voluntários saudáveis do estudo.
A conclusão foi que os pacientes de câncer tinham metade da probabilidade de serem portadores das variantes do gene estudado, em comparação com os voluntários saudáveis.
“Os portadores desse gene podem muito bem estar protegidos contra o câncer”, disse Sala.
A porcentagem da população portadora das variantes do B-MYB varia bastante de acordo com grupos étnicos.
Pelo menos 50% dos africanos provavelmente são portadores. Estima-se que a fração de portadores na Europa e nos Estados Unidos seja ligeiramente menor.
Embora considere os resultados animadores, Henry Scowcroft, um representante da organização britânica Cancer Research UK ressaltou que as pesquisas sobre genes “protetores” ainda “estão engatinhando”.
“Se confirmada em estudos maiores, a existência de uma variante genética que pode reduzir a probabilidade de seus portadores terem câncer é muito animadora.”