Objetivo é prevenir o câncer de colo de útero na fase adulta
A Fundação do Câncer lançou hoje (3) a campanha nacional #VacinarSalvaVidas, com o objetivo de conscientizar e mobilizar os pais sobre a importância da vacinação de crianças e jovens de 9 anos a 14 anos de idade contra o HPV, para prevenir o câncer de colo de útero na fase adulta. A vacina é gratuita no Sistema Único de Saúde (SUS). O esquema vacinal é de três doses, com intervalos de dois a seis meses.
O médico Luiz Augusto Maltoni, diretor executivo da Fundação do Câncer, destacou em entrevista à Agência Brasil que a vacina contra o HPV é preconizada para meninas entre 9 e 14 anos de idade e meninos entre 11 e 14 anos de idade. “Exatamente na idade pré-início da atividade sexual, porque é onde a gente vai ter oportunidade de fazer com que eles desenvolvam imunidade contra o vírus do HPV e, em especial, os subtipos que mais causam o câncer, que são o 16 e o 18. A vacina é eficaz na proteção. Portanto, a gente vai estar protegendo essas crianças, quando adultas, em especial as meninas, de desenvolverem o câncer de colo de útero”.
Maltoni disse que esse tipo de câncer, no Brasil, é o terceiro principal câncer na mulher, depois do de mama e colorretal. Está excluído aí o câncer de pele, que é o primeiro para homens e mulheres, mas que tem tratamento simples na maioria dos casos.
Infecções
Existem, pelo menos, 13 tipos de HPV que apresentam maior risco ou possibilidade de gerar infecções persistentes, estando associados a lesões precursoras de câncer. Os subtipos do vírus HPV de alto risco oncogênico, o 16 e o 18, estão presentes em 70% dos casos de câncer do colo do útero, informou a Fundação do Câncer.
O Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) estima para este ano o surgimento de 16.590 novos casos de câncer de colo de útero no Brasil. Somente no estado do Rio de Janeiro, são estimados 1.640 novos casos de câncer de colo de útero pelo Ministério da Saúde.
O médico oncologista Luiz Augusto Maltoni disse que esse tipo de câncer tem grande potencial de causar metástases e pode ser evitado. “Se diagnosticado precocemente, é curável”.
Maltoni disse que há muita gente com câncer de colo de útero na população brasileira, uma doença que se conhece qual é o agente causal e tem possibilidade de ser exterminada. A própria Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou o desafio global, no final do ano passado, de retirar da agenda de doença prevalente o câncer de colo de útero. “Existe tratamento, existe como prevenir, então já é hora de a gente atacar isso e ter resolvida essa questão do câncer de colo de útero para a população do Brasil e do mundo”, reforçou Maltoni.
Parceria
A campanha renova a parceria da Fundação com a Ecoponte, concessionária que administra a Ponte Rio-Niterói. Foram instalados painéis nos dois sentidos da ponte para chamar a atenção para a vacinação, informando sobre a faixa etária da população que pode se imunizar na rede pública.
A campanha em parceria com a Ecoponte ficará no ar nas redes sociais da Fundação do Câncer e em destaque na Ponte Rio-Niterói até julho próximo. A Fundação, entretanto, pretende reforçar a questão do controle do câncer de útero ao longo de todo este ano, alinhada com a OMS, “para que a gente possa ter todas a crianças naquela faixa etária vacinadas no nosso país e as mulheres façam seus exames preventivos e ginecológicos”.
Covid-19
O diretor executivo da Fundação do Câncer alertou também que a pandemia da covid-19 afastou muitas mulheres dos consultórios médicos, o que pode representar um risco para a saúde feminina. As mulheres não devem deixar de fazer seus exames preventivos, porque são importantes para prevenção do câncer ginecológico, indicou. “A gente não pode deixar de lembrar que essas doenças continuam acontecendo e é fundamental que, com todo cuidado necessário, como usar máscara, lavar as mãos, distanciamento, as mulheres não deixem de fazer os seus exames de rotina, seus exames preventivos”.
Maltoni reiterou a necessidade de se evitar uma doença que, de acordo com o mais recente levantamento do Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, causou 6.596 mortes em 2019. “Nosso foco é esclarecer a população e acabar com preconceitos em relação a questões que envolvem exames, como o preventivo e o uso da camisinha, que ajudam a conter o avanço do câncer de colo de útero, que ainda é muito frequente em nosso país e, infelizmente, causador de muitas mortes”, concluiu Maltoni.
Fonte: Agência Brasil.