VIOLÊNCIA SEXUAL


Foto: Marco Vieira/SES


Um levantamento realizado pelo Serviço de Atendimento às Vítimas de Violência Sexual, vinculado à Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, aponta que, dos 1.187 casos registrados nos últimos quatro anos – junho de 2004 a outubro de 2008 -, 82% envolvem menores de 18 anos, a maioria do sexo feminino. Desse percentual, quase 62% são adolescentes com idade entre 11 e 17 anos vítimas de abuso sexual.


Para a coordenadora do Serviço, Patrícia Chaves, apesar de hoje ser verificada uma maior conscientização da sociedade quanto à procura pela notificação dos casos, o abuso sexual não é denunciado por medo da vítima de se expor. “É comum vermos crianças que são abusadas e não falam nada porque são chantageadas pelo agressor. Muitas delas se sentem culpadas e ameaçadas”, ressalta a médica.


Além do dano físico, explica Patrícia, a vítima de violência sexual também carrega um trauma emocional e psicológico que pode deixar marcas para o resto da vida. “O importante é denunciar e receber toda a assistência médica, de preferência dentro das 72 horas do ocorrido, em caso de estupro”, orienta a médica. Segundo ela, nessas situações, a agilidade na procura pelo Serviço é fundamental para que a vítima receba a profilaxia necessária contra as doenças sexualmente transmissíveis (DST), HIV e gravidez indesejada.


O abuso contra crianças e adolescentes pode ocorrer tanto fora de casa quanto na própria família, seja pelo pai, padrasto, irmão ou outro parente qualquer. Fora de casa, são comuns casos envolvendo um amigo da família, a pessoa que cuida da criança, o vizinho ou um desconhecido.


Atendimento


Patrícia Chaves destaca também que o acompanhamento psicológico não pode deixar de ser feito, já que ajuda a vítima a superar as dificuldades, bloqueios e traumas. “Quando alguém sofre qualquer tipo de violência, deve oficializar a denúncia em uma Delegacia Especializada ou Conselho Tutelar. Em seguida, a vítima é encaminhada ao IML para fazer exame de corpo de delito e depois recebe atendimento médico na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, que é referência para os casos de violência sexual”, explica.


A partir daí, o acompanhamento psicológico é feito nos Centros de Referência de Assistência Social (CREAS), da capital ou interior. A médica lembra ainda que existem outras portas de entrada para as vítimas de violência sexual, que são as Unidades Básicas de Saúde, os hospitais e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192 Sergipe).


O Serviço de Atendimento às Vítimas de Violência Sexual funciona 24 horas, de domingo a domingo, na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, localizada na Avenida Tancredo Neves, s/nº, no bairro Capucho, em Aracaju.