A Secretaria de Estado da Saúde (SES) está trabalhando para divulgar junto aos municípios e órgãos sergipanos de imprensa a campanha contra hanseníase lançada pelo Governo Federal no último domingo, 6. A campanha do Ministério da Saúde (MS) faz parte do projeto Saúde, É Bom Saber!, e sua veiculação estende-se até o dia 20 de julho nos canais de TV, rádios e jornais, explicando o que é a hanseníase e ensinando seus modos de transmissão, identificação de sintomas e formas de tratamento. Ela chama a atenção para o número de casos novos em crianças e adolescentes na faixa etária de 0 a 14 anos. “Dos 530 casos novos registrados no ano passado, 48 pacientes eram menores de 15 anos. Então o MS quer detectar precocemente os portadores, principalmente nesta faixa etária, porque quanto mais cedo o tratamento for iniciado, mais depressa a pessoa fica curada. Todos os casos de hanseníase têm cura”, enfatizou a técnica da SES. O Ministério da Saúde preconiza que haja menos de um caso de hanseníase para cada 10 mil habitantes. No Brasil existem atualmente 1,48 caso/10 mil habitantes. Conforme Eliana, o Brasil é o campeão de casos de hanseníase das Américas e é o 2º colocado no ranking mundial, perdendo apenas para a Índia. “Nós não temos o menor orgulho desta classificação, queremos, com a ajuda da sociedade, reverter estas estatísticas”, disse Eliane. Em Sergipe há 3 casos novos da doença para cada 10 mil habitantes. “É um índice bastante elevado. Por isso, solicitamos aos meios de comunicação sergipanos que divulguem ao máximo sobre a doença”, explicou. Tratamento O tratamento da hanseníase é feito de forma ambulatorial. A pessoa que estiver com manchas esbranquiçadas ou avermelhadas na pele com perda da sensibilidade, áreas com formigamento ou dormentes mesmo sem qualquer mancha, caroços ou inchaço na pele, principalmente no rosto e nas orelhas, deve procurar uma unidade básica de saúde o quanto antes para ser diagnosticado e iniciar o tratamento. O paciente já toma a primeira medicação supervisionada no próprio posto de saúde, depois leva a medicação para tomar em casa durante um mês. No mês seguinte, busca mais remédios até finalizar o tratamento, que dura cerca de seis meses a um ano. “Quando o diagnóstico é tardio, o tratamento pode durar mais de um ano e acometer os nervos periféricos como dedos e mãos, causar cegueira e incapacidade física. Por isso, é tão importante procurar logo atendimento”, destacou Eliane Nascimento, ao informar que o Ministério da Saúde envia a medicação para ao Estado, que faz a programação anual e entrega aos municípios. Doença A Hanseníase é uma doença causada por um micróbio chamado bacilo de Hansen e que atinge a pele e alguns nervos do corpo humano. É transmitida através da respiração de pessoas que tenham contato íntimo e prolongado. “Portanto, o ambiente familiar é o mais propício, mas existem pessoas que apresentam resistência ao micróbio e, mesmo morando com um portador da doença, não a adquirem”, explicou Eliana Nascimento. Há algumas décadas, lepra era o termo utilizado para identificar todas as doenças contagiosas, deformantes, mutilantes, incuráveis e hereditárias. Antigamente, as pessoas acabavam sendo isoladas do convívio social e havia muito preconceito. Em 1967, o Brasil decidiu utilizar a palavra ‘hanseníase’ para acabar com a discriminação. “No entanto, o preconceito não deixou de existir, mas é necessário que as pessoas obtenham mais informações. A ciência evoluiu, hoje a doença tem tratamento gratuito e cura. Os portadores não precisam mais ser afastados da família e do trabalho, porque as deformidades só acontecem se o tratamento não for iniciado cedo e seguido corretamente”, frisou Eliane. Cartilha Uma vez identificada a hanseníase, também é importante que o indivíduo faça o autocuidado com técnicas e exercícios para prevenir incapacidades ou sua piora. Esses exercícios estão disponíveis na cartilha que o Ministério da Saúde lançou no início de julho com o título Hanseníase e Direitos Humanos – Direitos e Deveres dos Usuários do SUS. Serão distribuídos 100 mil exemplares do material em todo o Brasil para gestores, ONGs e Secretarias de Direitos Humanos. A íntegra da cartilha está disponível na página inicial do Portal Saúde (www.saude.gov.br).
De acordo com Eliane Nascimento, responsável técnica pelo Programa de Controle da Hanseníase da Vigilância Epidemiológica da SES, existem muitos casos de hanseníase sem tratamento e a campanha quer sensibilizar as pessoas a procurarem atendimento o mais rápido possível. “Em 2007, foram registrados 530 casos novos da doença, ou seja, diagnosticados e com tratamento iniciado. Até junho deste ano, já foram detectados 150 casos novos e, no momento, existem 700 pessoas fazendo o tratamento no Estado”, informou Eliane.