Samu 192 Sergipe registra 60% mais trotes que média nacional


Foto: Isa Vanny


O Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu 192 Sergipe) recebeu 60% mais trotes em 2007 do que a média nacional registrada pelo Ministério da Saúde em 2007. Enquanto 2,7 dos 7,2 milhões de telefonemas de todo o Brasil recebidos pelo Serviço no ano passado eram trotes, ou seja, 37,5% das chamadas, em Sergipe esta média alcançou 62,57%. Isto porque das 534.236 ligações recebidas pela equipe estadual, 334.355 eram falsas.


“O problema dos trotes acontece em todo o Brasil e tanto a coordenação nacional quanto a de Sergipe estão tomando providências para diminuir este transtorno”, disse Márcio Barretto, coordenador geral do Samu 192 Sergipe. O identificador de chamadas do Serviço, em funcionamento desde novembro, registrou em janeiro 128 chamadas falsas feitas por um mesmo celular, das quais 98 no mesmo dia.


Apesar de ter profissionais treinados para averiguar a veracidade de uma ligação, o que diminui consideravelmente as saídas de ambulâncias para atender chamadas falsas, em 2007 os trotes originaram 138 saídas de ambulâncias sem necessidade e, em janeiro deste ano, outras 11 saídas. “Isso acarreta perda de tempo dos profissionais, desperdício de combustível das viaturas e, na pior das situações, a equipe pode não prestar atendimento a quem realmente precisava por conta de um trote”, explicou Márcio Barretto.


De acordo com ele, a prática é uma contravenção penal denominada falso alarma, prevista no artigo 41 da Lei 3.688 de 3 de outubro de 1941. Para combater os trotes, o Samu está tomando as medidas judiciais cabíveis para penalizar as pessoas que prejudicam o desempenho do Serviço com trotes.


“É necessário chamar a atenção da sociedade para o problema. Não é possível que estas pessoas não compreendam a importância do Serviço para a população”, disse Márcio, acrescentando que o Samu Sergipe atua em parceria com a Delegacia de Defraudações e o Ministério Público Estadual.


Medidas nacionais


Para reduzir o número de ligações indevidas e desafogar as linhas telefônicas dos 130 Serviços, a coordenação geral de Urgência e Emergência (CGUE) do Ministério da Saúde estuda a implantação do projeto Samuzinho, já desenvolvido no Distrito Federal. A idéia é expandir o trabalho feito em escolas para toda a rede nacional. Em Sergipe já há experiências com o projeto, que funcionou, por exemplo, nas comemorações do Dia da Criança em 2007.


Através de atividades direcionadas aos estudantes, o Samuzinho informa a importância do atendimento em casos de emergência, que começa pelo uso adequado do 192. Em sala de aula, os alunos aprendem sobre os prejuízos causado pelos trotes que chegam às centrais do Samu, justamente nos momentos de grande demanda e que se espera uma resposta rápida do Serviço.


O número de trotes vem crescendo em todo o país. Em 2006, a rede Samu recebeu um total de 2,5 milhões de chamadas indevidas. A soma subiu para 2,7 milhões em 2007. Neste período, um dos Serviços que mais recebeu ligações falsas foi o Metropolitano, no Rio Grande do Sul, com 435.530 chamadas. O SAMU de Maceió (AL), também registrou um grande número de trotes no ano passado: 346.923. No DF, o total de solicitações falsas foi de 249.907.


Com a nacionalização do projeto, a CGUE também quer conscientizar o público infantil e adolescente sobre a prevenção dos agravos à saúde decorrentes de causas externas (trauma), principalmente aqueles relacionados ao trânsito.


O Samu


O Samu é um dos principais componentes da Política Nacional de Atenção as Urgências, criada em 2003 pelo governo federal. O objetivo do Serviço é garantir atendimento aos pacientes, independentemente da existência ou não de leitos vagos em unidades de saúde. A rede nacional conta hoje com aproximadamente 24 mil profissionais, trabalhando em 130 Serviços habilitados, equipados com 2.158 ambulâncias para atender uma população 97,9 milhões de pessoas.


O atendimento já chega a 1.066 municípios. O Ministério da Saúde já investiu R$ 297 milhões no SAMU desde a sua criação, além do repasse de R$ 652 milhões para custeio dos serviços. A meta é que até o final de 2.009 toda a população brasileira esteja coberta pelo SAMU 192, levando o atendimento pré-hospitalar móvel de urgência a todos os estados e municípios.


*Com informações do Ministério da Saúde