Prefeitura promove curso de capacitação em atendimento a vítimas de violência para profissionais de saúde


Até o próximo mês, cerca de 700 profissionais da Rede de Urgência e Emergência (RUE) da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) vão participar do curso de atualização no atendimento à vítima de violência, promovido pela Prefeitura de Aracaju. O objetivo é preparar médicos, enfermeiros, odontólogos, assistentes sociais, auxiliares e técnicos em enfermagem e radiologia para que eles possam identificar sinais de violência em crianças, adolescentes, mulheres e idosos, adotar os procedimentos adequados, dar os devidos encaminhamentos a cada caso e também conhecer um pouco mais sobre direitos e legislação concernentes ao assunto.


A capacitação começou no último dia 14. A cada semana, às quintas-feiras, uma turma formada por aproximadamente 50 pessoas assiste a palestras, troca experiências e tira dúvidas sobre o tema. As atividades acontecem das 8 às 12 horas, no prédio da Coordenação Permanente em Saúde (Coeps), localizado no conjunto Orlando Dantas. As informações e orientações são passadas por profissionais experientes no assunto, entre eles pediatras, psicólogos, ginecologistas e promotores de justiça.


Uma das palestras da atualização é proferida pela obstetra Patrícia Chaves, servidora da SMS e coordenadora técnica do atendimento às vítimas de violência sexual da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes. Em sua apresentação, ela aborda questões ligadas à violência sexual, com foco na violência contra a mulher. Para a médica, cursos como esse são fundamentais para tornar os profissionais capazes de minimizar os danos causados às vítimas de violência.


“Mostramos dados que ajudam os profissionais a identificar casos de violência sexual, já que muitas vezes as vítimas não contam que foram abusadas. Além disso, passamos orientações sobre como humanizar o atendimento, porque muitos profissionais não têm o preparo ideal para abordar as vítimas e acabam adotando uma postura errada, de pena ou julgamento. Também damos direcionamentos a respeito do encaminhamento, seja para o Instituto Médico Legal (IML), delegacia ou projetos sociais, e acerca do tratamento médico e psicológico, para evitar traumas, doenças sexualmente transmissíveis e até gravidez”, conta Patrícia.


Outra palestrante é a pediatra Edda Machado, que trabalha na Unidade de Saúde da Família (USF) Joaldo Barbosa, no bairro América, e atende crianças vítimas de violência que são encaminhadas ao pronto-socorro do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse). Segundo ela, a capacitação é importante não só porque ajuda a reduzir os danos, mas também porque contribui para a prevenção de novos casos de violência, uma vez que melhora o olhar dos profissionais e desperta a consciência e a percepção de que todos precisam proteger as vítimas, em especial as crianças.


“Mais importante do que combater a violência é desenvolver a cultura da paz. É indispensável que todos entendam que a questão da violência gera um efeito em cascata, em progressão geométrica. Os abusados podem se tornar abusadores e isso gera uma violência crescente. Por isso, toda iniciativa realizada com o intuito de coibir qualquer tipo de violência ou de reduzir suas conseqüências para as vítimas é extremamente válida. Essa capacitação é uma oportunidade única de esclarecimento. Aqui a gente passa a informação empírica, mas também dá exemplos, para trazer essa orientação de uma forma mais viva”, destaca Edda, que em sua palestra fala a respeito das diversas modalidades de violência contra crianças.


Aprendizado


Para o auxiliar de enfermagem do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu- 192 Aracaju), Daniel Câmara, que participou da capacitação da última quinta-feira, dia 21, o curso foi muito proveitoso. “No nosso trabalho, a gente se depara com vários casos de violência contra pessoas de todas as faixas etárias. Estou gostando muito de participar desse curso, porque estou aprendendo a lidar com esse tipo de situação. Eu não sabia, por exemplo, que existem vários serviços e programas que acolhem vítimas de violência e não conhecia os encaminhamentos adequados e os procedimentos de notificação”, disse.


“Achei as palestras muito informativas a comoventes também. Os profissionais estão sendo sensibilizados e aprendendo a atender as vítimas de violência, que precisam de um tratamento específico, especial. Já participei de outras capacitações, mas essa está superando minhas expectativas”, falou a psicóloga Rafaela Palomares.


A organização do curso de atualização faz uma avaliação positiva dos resultados. “Estamos muito satisfeitos com essa capacitação, tanto em termos de conteúdo, quanto de número de participantes, aproveitamento e envolvimento das turmas. Já realizamos cursos de atualização para os profissionais da Rede de Atenção Básica da Secretaria Municipal de Saúde e, com mais essas turmas da RUE, queremos que todos estejam preparados para tratar vítimas de violência”, frisou a assistente social da SMS, Cláudia Cardoso.


Ainda de acordo com ela, quem quiser denunciar casos de violência, mesmo que anonimamente, pode ligar para os telefones: 0800 79 1400 ou 100 (denúncias de violência contra crianças); 0800 79 0500 ou (79) 3216 2400 – Ministério Público de Sergipe (denúncias de violência contra idosos); (79) 3179 3470 – Centro de Referência em Assistência Social (Cras) São João de Deus (denúncias de violência contra a mulher).