Maternidade registra 110 casos de violência sexual

Violência sexual deixa marcas profundas, não só no corpo, mas na alma. Nesse sentido, a Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MNSL), referência no atendimento as gestantes de alto risco, também presta assistência especializada a pessoa que passa por esta situação. O serviço voltado para esse fim teve início no ano de 2003, na antiga Maternidade Hildete Falcão, e continua ativo na MNSL.

O atendimento acontece 24 horas por dia para as vítimas de violência, contando com uma equipe multidisciplinar composta por médico, assistente social, enfermeiro, psicólogo, técnicos de enfermagem e psiquiatra, preparados para realizar o atendimento com qualidade, como informa a coordenadora do Pronto Socorro da maternidade, Lourivânia Mello Prado.

Ela observa que o índice de violência se acentua na faixa etária de 2 a 10 anos de idade, sendo que, na maior parte dos casos, a agressão é praticada por familiares. No primeiro semestre de 2018, foram contabilizados na Nossa Senhora de Lourdes 110 atendimentos a pessoas violentadas sexualmente, sendo 20 casos de vítimas maiores de idade e 89 a menores de idade. Em 2017, (de janeiro a dezembro) foram registrados 288 atendimentos desse tipo, sendo 266 a menores de idade.

A maior incidência dos casos de abuso sexual de janeiro a agosto de 2017 ocorreu entre jovens menores de 18 anos, em sua maioria do sexo feminino, totalizando 132 casos.  Já os relacionados aos maiores de 18 anos foram registradas 55 ocorrências. A psicóloga Camila Sousa de Almeida informou que o serviço de atendimento às vítimas de violência sexual é porta aberta.

“Casos dessa natureza podem ocorrer a qualquer do dia e horário e necessitam de atendimento médico durante as 24 horas. A maternidade conta com uma equipe que dá suporte às vítimas. O acompanhamento médico é realizado durante cerca de seis meses e o psicológico prossegue até quando a pessoa precisar. A vítima recebe o suporte ambulatorial. Adolescentes e adultos são atendidos na unidade, e crianças no Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM). A demanda maior dessa violência é de criança e adolescentes, porém mais frequente em criança”, observou Camila Souza.

Preocupada, ela alerta que os pais devem ficar atentos a mudança repentina de comportamento dos filhos, como medo de ir para algum local e agressividade. Além disso, se o filho deu sinais de hostilidade ou problema como urinar na cama, dificuldade para dormir ou mudança repentina no emocional, é preciso observar atentamente. “É difícil uma criança relatar que viveu ou está vivendo uma violência sexual. Estatísticas mostram que a grande maioria das vítimas e abusada por alguém da família”, lamentou Camila

Ela atenta que o Estatuto da Criança e do Adolescentes (ECA) diz que todo cidadão que tiver conhecimento sobre alguma criança que esteja sendo vítima de violência sexual, deve denunciar. Caso a comunicação não seja realizada e as investigações apontarem que a pessoa omitiu os fatos, essa, por sua vez, será também incriminada. “Há casos de violências crônicas e agudas. As ocorrências que mais atendemos aqui é de pacientes que foram abordadas por desconhecidos na rua. Quando isso ocorre, o primeiro fato que a pessoa tem que fazer é ir, de imediato, para a maternidade para tomar as medicações.

Submissão

“Violência Sexual é toda relação em que a pessoa é obrigada a se submeter a prática sexual por meio de força física, coação, sedução, ameaça ou influência psicológica”, atentou a psicóloga da MNSL. Ela explica que estatísticas do Serviço de Atendimento às Vítimas de Violência Sexual da maternidade, apontam, ainda, o abuso e o estupro como os tipos de violência mais comuns. “Consta no Código Penal Brasileiro que a violência sexual pode ser psicológica ou pode se consumar através do estupro", observou.

Fonte: SES