O Março Lilás foi instituído para alertar o público feminino sobre os riscos da doença, cuja prevenção e diagnóstico precoce são os meios mais eficazes de combate ao câncer uterino. De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer do colo do útero é o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina no Brasil. Somente no ano de 2020, a estimativa do instituto era o surgimento de 16.710 casos novos no país, e foram registrados 6.596 óbitos pela doença em 2019.
Sergipe tem uma taxa de mortalidade de 8,8 casos para cada 100 mil mulheres, umas das maiores do Nordeste. E encontra-se bem acima da média nacional que é de 5,33 óbitos/100 mil mulheres. Dados do Inca estimaram para 2021 cerca de 240 novos casos de câncer de colo do útero no Estado.
De acordo com a oncologista Gisélia Tavares, que integra a equipe da Clínica Onco Hematos – Rede AMO, Assistência Multidisciplinar em Oncologia, o câncer de colo uterino é identificado durante o exame preventivo, conhecido como Papanicolau. “Esse exame deve ser realizado periodicamente pelas mulheres quando começam a ter uma vida sexual ativa”, explica a médica, destacando que dor durante a relação sexual, sangramento pós coito ou corrimentos, dor pélvica e lombar ou sangramento na urina são alguns sintomas da doença.
O principal fator de risco para o câncer de colo uterino é o vírus HPV (principalmente os subtipos 16 e 18) transmitido durante relação sexual desprotegida. “Por isso a importância do uso de preservativo e da vacinação contra HPV nos grupos selecionados pelo Ministério da saúde, que são crianças e adolescentes Na rede privada também é oferecida a vacinação para outros grupos”, ressalta a oncologista.
Segundo a especialista, um fator de risco interessante é o uso de contraceptivos, justificado pelo fato de muitas mulheres verem o preservativo apenas como método para evitar gravidez. “Muitas dispensam o uso do preservativo sem pensar nas consequências desastrosas que são as diversas infecções sexualmente transmissíveis, incluindo o HPV. Outros fatores de risco são início precoce de atividade sexual, múltiplos parceiros, parceiros de alto risco, imunossupressão e tabagismo”, informa Dra Gisélia Tavares.
O diagnóstico precoce garante um tratamento mais efetivo à paciente acometida pela doença. “Após o diagnóstico, a cirurgia para a retirada do tumor é a melhor estratégia. E de acordo com o estadiamento, a paciente precisará ser submetida à quimioterapia e radioterapia”, finaliza a oncologista.
Estatísticas regionais
Na análise regional feita pelo Inca, o câncer do colo do útero é o primeiro mais incidente na região Norte (26,24/100 mil) e o segundo nas regiões Nordeste (16,10/100 mil) e Centro-Oeste (12,35/100 mil). Já na região Sul (12,60/100 mil) ocupa a quarta posição e, na região Sudeste (8,61/100 mil), a quinta posição.