HOSPITAL DE CIRURGIA


Foto: Márcio Garcez


O secretário de Estado da Saúde, Rogério Carvalho, esteve nesta quinta-feira, 11, no Hospital de Cirurgia para visitar as instalações da Angiocor – clínica especializada no tratamento das doenças que acometem vasos sangüíneos e linfáticos. A unidade já presta serviço ao hospital atendendo a demanda de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) há um ano e meio, mas toda a estrutura será oficialmente inaugurada nesta sexta-feira, 12, às 17h.


De acordo com Rogério Carvalho, o objetivo da visita foi conferir de perto o funcionamento do serviço e, a partir daí, mostrar para a sociedade que parcerias entre a iniciativa privada e o Hospital de Cirurgia têm dado certo. “Nós não damos preferência a este ou aquele modelo de gestão. O que nós queremos é que o serviço funcione com qualidade e na velocidade que o povo precisa”, enfatizou.


Para o secretário, a forma como o Cirurgia vem mantendo a oferta em algumas especialidades, a exemplo da angiologia, oncologia e nefrologia, mostra que é possível ampliar a capacidade de atendimento às demandas do SUS, sem que isso tenha um alto custo para o Poder Público. “O hospital soube atrair o desejo de profissionais com espírito empreendedor e não permitiu que serviços essenciais deixassem de operar por falta de condições em mantê-los. O Cirurgia ampliou a assistência às pessoas que precisam do serviço público de saúde”, destacou Rogério.


O cirurgião endovascular Christian Oliveira, da Angiocor, confirma as declarações do secretário. Segundo ele, a partir do funcionamento da clínica, houve uma melhora na qualidade do serviço de hemodinâmica do hospital, sem que o atendimento aos pacientes do SUS deixasse de ser feito. “A população passou a contar com uma unidade que funciona efetivamente 24 horas. Hoje, ela é referência para toda a rede hospitalar pública de Sergipe e também para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que ao realizar o atendimento de uma pessoa com suspeita de enfarto a encaminha para cá”, disse o médico.


Para se ter uma idéia do impacto causado na saúde pública com o funcionamento da Angiocor, basta observar o número de procedimentos realizados na clínica mensalmente. Antes, o Hospital de Cirurgia conseguia efetuar uma média mensal de 80 exames. Atualmente, esse número subiu para 250 e a clínica ainda tem a capacidade de realizar 400 exames por mês. “Nós eliminamos a fila dos procedimentos de hemodinâmica que existia no Estado. A espera não existe mais”, informou Christian.


O neurocirurgião Ronald Barcellos, também da Angiocor, citou o caso de um paciente com aneurisma (sangramento cerebral) que em um dia teve o seu problema tratado e em três já estava em casa. “Todos esses procedimentos foram feitos com segurança, pois o tipo de equipamento que temos aqui permite que a intervenção cirúrgica seja feita sem cortes no paciente, o que reduz o risco de seqüelas e de infecção. Este último é praticamente nulo”, explicou Ronald. Ele acrescenta que existem tipos de aneurisma que somente podem ser tratados através do procedimento realizado na Angiocor. “Quando esses casos eram identificados, o paciente tinha que esperar de seis a sete meses pela licitação do material necessário”, comparou.


Estrutura


Instalada dentro do Hospital de Cirurgia, a Angiocor dispõe de recepção, posto de enfermagem, consultório médico, área de procedimentos com duas máquinas de hemodinâmica e 11 leitos, sendo três em apartamentos e oito na unidade de recuperação. “Além disso, dispomos de mais dois leitos semi-intensivo, para onde são levados os pacientes que chegam em estado grave e precisam ser estabilizados”, informou Christian Oliveira.


Dentre os procedimentos realizados estão o cateterismo cardíaco; angioplastia coronariana (para casos de infarto agudo do miocárdio e procedente de doenças crônicas); implante de marca passo; tratamento de arritmias por ablação. Além deles também são realizadas a desobstrução das artérias e de membros (feita em pacientes com pé diabético, reduzindo a necessidade de amputação); embolização de tumores, miomas e aneurismas; e drenagem de fígado.


Parceria


A parceria entre a Angiocor e o Hospital de Cirurugia ocorre da seguinte forma: a iniciativa privada, representada por um grupo de médicos, faz os investimentos necessários (infra-estrutura, equipamentos, materiais, pessoal etc.) para que o serviço funcione. Já o Hospital paga pelos procedimentos realizados de acordo com a tabela do SUS. “O Estado contribui de forma indireta, uma vez que repassa para a Prefeitura de Aracaju recursos para o financiamento global do Cirurgia”, esclareceu Rogério Carvalho.


Mais dois serviços no Hospital funcionam dentro desse modelo. Tratam-se das clínicas Onco Hematos e Clinese, que atendem a demanda por tratamento quimioterápico e de hemodiálise, respectivamente. Assim como a Angiocor, ambas estão alocadas dentro do Cirurugia, atendem prioritariamente pacientes do SUS e vêm dando resposta quanto à melhoria e ampliação do atendimento. No caso da Clinese, a unidade já opera há quase oito anos e consegue absorver dois terços dos pacientes cadastrados em Sergipe para hemodiálise.


“Nós temos aqui pessoas que precisam fazer esse procedimento três vezes por semana e que estão sendo atendidas sem transtornos. Há dez anos, uma paciente com essa necessidade esperava até 15 dias pra fazer uma sessão”, afirmou o diretor geral da Clinese, Kleyton Bastos. Com relação à Onco hematos – que funciona há três anos, mas somente em maio do ano passado ganhou instalações adequadas dentro do hospital -, a unidade mantém 680 pacientes em tratamento quimioterápico. “Durante muito tempo o hospital conseguia atender somente 48 pessoas. O serviço estava praticamente fechando”, finalizou o médico Nivaldo Farias, diretor técnico-científico da clínica.