O câncer de pulmão é o tumor de maior incidência no mundo: a cada ano, cerca de 900.000 novos casos são registrados. Em alguns países como EUA, a doença já se tornou a primeira causa de morte entre as mulheres, tomando o posto que, até então, era conferido ao câncer de mama.
No Brasil o quadro também é preocupante. Com base em análise de dados colhidos entre 1979 e 2004 o INCA, Instituto Nacional de Câncer, divulgou no Dia Nacional de Combate ao Câncer, o aumento de 96% na taxa de letalidade da neoplasia no sexo feminino.
De acordo com o presidente da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia, dr. Rafael Stelmach, esses números, infelizmente, demonstram a ausência de um política preventiva eficaz por parte das autoridades do país em todos os níveis. “O INCA registra e divulga regularmente os dados de mortalidade por câncer. O aumento contínuo de câncer de pulmão entre as mulheres já chamava a atenção em outros países. Nem por isso foi criada uma campanha de conscientização direcionada a elas para estimular a prevenção e o combate ao mal”.
Considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a principal causa de morte evitável em todo o mundo, o tabagismo é o grande vilão dessa história. Alguns especialistas afirmam que a maior participação das mulheres no mercado de trabalho teria feito com que muitas adotassem hábitos antes mais comuns ao sexo masculino, como o de fumar. Porém, o poder econômico e de marketing da indústria e seus diversos artifícios para transmitir glamour ao consumo de cigarros também tem fator preponderante nesse contexto.
A agravante nesse caso é que existe uma série de pesquisas que atestam que as mulheres fumantes são muito mais propensas a contrair câncer de pulmão do que os homens. Recentemente a revista ABCâncer, da Associação Brasileira do Câncer, divulgou o resultado de estudo realizado em 40 centros de saúde de todo o mundo, no programa International Early Lung Cancer Action Program (I-ELCAP). Foram analisados casos de 16.925 fumantes com idade superior a 40 anos, dos quais 9.427 eram homens e 7.498 mulheres. A conclusão foi a de que o sexo feminino possui quase o dobro de chances de desenvolver a doença. Mas as razões ainda não são conhecidas.
Como combater a doença
Como já foi dito, mas não é demais frisar constantemente, uma arma poderosa para o enfrentamento ao câncer de pulmão são as campanhas de conscientização e de estímulo à prevenção. Paralelamente, quem já fuma precisa ser incentivado a recorrer a um pneumologista frequentemente, pois se trata de uma medida relevante para o diagnóstico precoce.
“É imprescindível fazer acompanhamentos freqüentes com exames torácicos. Quando a doença é descoberta em seu início, possui grande possibilidade de cura”, pondera. “Neste estágio, a cirurgia de retirada do tumor tem alto índice de sucesso. Casos com diagnóstico tardio só permitem tratamento paliativo, como quimioterapia e radioterapia, viabilizando uma melhor qualidade de vida ao paciente, mas alta mortalidade em cinco anos”.
A rápida constatação do problema representa, ainda, significativa redução de custos. De acordo com a publicação do INCA o governo federal aumentou em 103% seus gastos com tratamentos, o que caracteriza um investimento de R$ 1,1 bilhão.