* Marco Aurélio Smith Filgueiras SE PERSISTIREM OS SINTOMAS O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO. Esta é a frase que aparece na tv logo após a propaganda de medicamentos que só beneficia um lado: o da Indústria Farmacêutica. O malefício se concentra do outro lado onde está a população, que é estimulada para a automedicação. Automedicação é a pratica de ingerir medicamentos por conta própria sem a receita médica. Este hábito é incentivado pelos meios de comunicação, tv, revistas, jornais, outdoors além de familiares, vizinho, um amigo intimo viciado em remédios, balconista da drogaria ou farmacêutico. Aliás, deveria ser proibida (desde 1976, existem no Brasil elementos legais suficientes para regular e fiscalizar a propaganda de medicamentos) a divulgação de produtos farmacêuticos na imprensa de uma maneira geral. Só assim não precisaríamos estar aqui discutindo esta questão. Já que é permitida, a citação que deveria vigorar seria a primeira que serve de titulo ao nosso artigo. A segunda surgiu, na tentativa de minimizar os danos que já vinham acontecendo na sociedade com a lucrativa propaganda livre e irresponsável de medicamentos. Constantemente vemos alguém indicando remédio para outra pessoa, porque se deu bem, como se todos fossemos iguais. As reações a tudo na vida são individuais, é a chamada Idiossincrasia Até mesmo nós médicos podemos alimentá-la. Se alguém nos pergunta por telefone ou durante um encontro ocasional: “Doutor, posso tomar tal remédio? e respondermos que sim, sem conhecimento dos seus efeitos adversos e do estado de saúde do paciente, particularmente da sua função hepática, renal, gastrointestinal e hematológica, podemos estar iniciando um processo mórbido, doloroso até mesmo fatal nesta pessoa. E se ela estiver tomando outros medicamentos? Pior ainda, porque poderemos desencadear uma terrível interação medicamentosa. Até mesmo no nosso próprio consultório temos o dever de estar ciente destas funções e fazer uma relação dos fármacos que porventura nosso consulente está usando para prevenir uma possível interação incompatível. Realmente uma das formas de evitar ou pelo menos reduzir essa mania de proceder seria realizando uma boa gestão publica e privada voltada principalmente para a educação da população, para o ensino e melhoria das condições de trabalho dos médicos. Com relação à educação da população, mostrar os riscos da automedicação. O ensino tem que ser mais humanizado e profissionalizado nas Escolas de Medicina, para que os futuros médicos exerçam a profissão com mais responsabilidade quanto à prescrição de fármacos. Para melhorar as condições de trabalho do médico, a aplicação dos fundos de saúde dirigidos tanto para equipar os ambulatórios e hospitais quanto para lhe dar segurança financeira na vida profissional. Desta maneira poderíamos dispor de mais e melhores médicos que poderiam ser consultados a qualquer hora do dia ou da noite. Só assim poderíamos repetir em alto e bom som e com toda a segurança: Antes de tomar um remédio consulte um medico. * Neurologista