Viva Bem entrevista médica para falar sobre como reagiu ao descobrir o Câncer de Mama

No Programa Viva Bem deste sábado, 12, a entrevistada foi a médica Virgínia Barreto. Ela contou como reagiu ao descobrir um câncer de mama, falou sobre o diagnóstico precoce e como vem lutando contra a doença.

Confira a entrevista:

Canal Viva Bem: Sabemos que falar de câncer geraaquele medo, e para você, que é médica,como foi a descoberta da doença e a sua experiência em ter um câncer?

Virgínia Barreto: Eu afirmo sempre para as pessoas não terem medo da palavra câncer e também não se perguntem ‘por que eu?’, pois o câncer pode acontecer com qualquer pessoa, o importante é está preparado e fazer a prevenção sempre, não apenas em outubro e em novembro, mas todos os meses do ano. Mas acho importante que as pessoas não tenham vergonha de dizer ao seu médico que existe alguém na família com câncer, pois isso pode ser uma forma de prevenção para que você não gere um câncer futuramente.  A descoberta do câncer para mim foi uma surpresa, pois de uma hora pra outra, eu que estava acostumada a cuidar da saúde e da vida de outras pessoas me deparei com essa doença. Eu descobri através de um dia normal de prevenção, quando fui fazer a mamografia, e graças a Deus estava com um tumor em fase inicial. Todos os meus exames davam nódulo benigno e eu achava que não era câncer, até que chamei um médico colega meu daqui de Aracaju e confirmei a doença. Fiz meu tratamento aqui, perto da minha família e amigos, fui operada duas vezes e só fiz minha radioterapia fora porque infelizmente não consegui aqui. Hoje estou bem e só não posso dizer que estou curada porque ainda tenho um tratamento durante cinco anos, mas posso afirmar que ainda continuarei lutando e afirmando a todos que não desistam, não tenham medo.

CVB:Quando você recebeu o diagnóstico o fato de ser médica ajudou ou foi a mulher Virgínia que recebeu a notícia e ficou preocupada com a família? Como você lidou com isso? 

VB:Se eu fosse lidar como médica talvez fosse mais difícil. Eu lidei como Virgínia, que sabia que eu ia viver, na hora dá sim o certo medo, o medo da morte, o medo de deixar a família. Para mim o meu maior medo não foi morrer, foi pensar na possibilidade de deixar meus filhos nesse momento da vida sem mim, pois ainda acho que sou necessária na vida deles, para ver eles estruturados, com a vida feita. Hoje o meu maior medo é ficar com um tratamento que não levasse a nada. Se eu chegasse a ter uma metástase eu preferia fazer um tratamento paliativo em casa junto com a minha família, eu jamais me submeteria a ir ao hospital para fazer um tratamento doloroso e me manter a qualquer custo. 90% das mulheres que tem câncer de mama sem metástase tem que lutar pela vida sempre, então depende muito também da força de vontade. A gente precisa então perder esse medo, esse receio, e lidar com as situações difíceis da vida. O segredo é procurar ter um diagnóstico precoce e conversar sempre com seu médico, tirar todas as dúvidas e dialogar sempre sobre a sua situação, o que pode ser feito para melhorar.

CVB:Cada pessoa reage de uma maneira diferente com a notícia do câncer. A família está presente, a força interior e a fé ajudam no tratamento?

VB:Sim. Se a pessoa tem qualquer tipo de religião, qualquer tipo de fé e se tem a família, os amigos e as pessoas que lhe apóiam dentro do hospital, tudo isso transmite força e coragem para continuar lutando e enfrentar o tratamento.

CVB:Você também acompanhou o drama de uma pessoa muito querida por todos nós, que foi Marcelo Déda. Você como cunhada dele, acompanhou o sofrimento dele e isso lhe fez ficar mais forte no seu tratamento?

VB:Foi a experiência mais dolorosa que eu passei na minha vida. Foi acompanhar meu cunhado, irmão, amigo… Eu acompanhei junto com toda a família e ouvi muitas vezes ele falar palavras de estímulo, pois ele lutou até o fim. Então pouco depois eu recebi a notícia do meu câncer e eu não sei se eu teria a coragem e a força que ele teve no final de sua vida, com todo amor e carinho ao lado de sua família, mas também com muita dor e sofrimento.

CVB:Essa experiência serve para a gente refletir, que é preciso se preparar não só para a morte, mas se preparar para viver, para aproveitar a vida…

VB:Sim, o câncer serve para refletir muito sobre a vida. A pensar mais na sua família, a se dedicar em seu trabalho, a pensar em deixar algumas coisas para os filhos. Ou seja, eu tenho que viver o agora e também pensar no amanhã, para que quando a pessoa for embora, saber que seus filhos e sua família, apesar da dor da perda estarão bem. E a mensagem que eu quero deixar para todos é que não tenham medo de lutar, não tenham medo de se cuidar, de fazer os exames preventivos, pois esse ato salva vidas e pode salvar a sua vida também.