Vítimas de violência sexual recebem assistência na MNSL

O programa Viva Bem foi até a  maternidade Nossa Senhora de Lourdes conhecer como é prestada a assistência às vítimas de violência e lá conversou com a enfermeira Maria da Glória, gerente do serviço de violência. Acompanhe trechos do nosso bate papo.

VB –  Como funciona o atendimento às vítimas de violência?

MG – A MNSL é referência no serviço de atendimento as vítimas de violência no estado e conta com uma equipe multi profissional exclusiva composta por ginecologista, assistente social, psicóloga e enfermeira. Todos preparados para o acolhimento à vítima. O atendimento funciona 24horas de domingo a domingo e não é necessário agendar consulta.

VB – a vítima precisa de encaminhamento para ser atendida?

MG – Não. A vítima pode ser atendida independente de ter passado por uma delegacia ou IML. Aqui nós recebemos casos agudos e crônicos, ou seja, o caso agudo é aquele onde a vítima sofreu o abuso e não fechou às 72 horas da ocorrência. Já o caso crônico, é quando a violência ocorre há muito tempo e não foi denunciado.

VB – Que assistência as vítimas recebem?

MG – Nós seguimos o protocolo do Ministério da Saúde. As vítimas recebem atendimento numa sala exclusiva, por uma equipe multi profissional, recebe toda medicação para prevenção de doenças como DSTs, AIDS e de uma gravidez indesejada. E é acompanhada por seis meses. É um momento muito difícil para vítima e ele recebe todo acolhimento para atenuar aquele sofrimento.

VB – quem são essas vítimas?

MG – pessoas de ambos os sexos, crianças, adolescentes e de diversas idades. Foi vítima de violência  sexual nós atendemos.

VB – E quanto ao número de atendimentos?

MG – Nós temos uma estatística que infelizmente não confere com a realidade, porque sabemos que há casos que não chegam até nós. Ou por medo, vergonha, desconhecimento, dificuldades de acesso, enfim por diversos motivos. E isso é lamentável, por isso precisamos cada vez mais divulgar o serviço.

Em 2012 atendemos 452 vítimas, em 2013 foram 411 casos e em 2014 aproximadamente 350 pessoas. E até o começo de abril em torno de 70 casos. Mas nós sabemos que esses números não correspondem a realidade. Com certeza há muitos casos que não chegam aqui!

VB – Quem são os agressores?

MG – Em  80% dos casos o agressor é conhecido da vítima, na maioria das vezes dentro de casa. E aí se torna ainda mais doloroso, porque muitas vezes esse agressor tinha a obrigação de proteger a vítima, no caso de criança. É o pai, padrasto, irmão, tio, etc.

Daí a necessidade  ainda maior de um acompanhamento psicólogo, porque os traumas são muito profundos.

VB – E a família da vítima como se comporta? Também recebe apoio?

MG – Sim! Aqui vimos de tudo. Desde mães desesperadas, preocupadas e a outros casos de mães que ainda tentam proteger o agressor, porque ele ajuda ou sustenta a família. Como nosso papel principal é a saúde da vítima, nós observamos e fazemos o relato ao conselho tutelar, as autoridades.

VB – As vítimas fazem o tratamento corretamente ou têm dificuldades?

MG – O prazo para o tratamento dura em torno de 6 meses e as vezes há  o abando, que ocorre por diversas razões entre elas a situação financeira, distância, etc.  Quando isso acontece nós fazemos uma busca ativa através do Serviço Social para fazer com que ela retome o tratamento.

A enfermeira e gerente do serviço Maria da Glória, ressalta a importância de divulgar o serviço de assistência a vítima, como funciona e a importância dele para a vítima de violência  e que as pessoas podem ligar para obter mais informações para o 3255-8679.