Durante esse período de outono e com a proximidade do inverno os riscos de infecções e doenças respiratórias aumentam. E devido ao atual momento de pandemia, muitos sintomas gripais e de doenças respiratórias se confundem com os sintomas da Covid-19. Para falar do assunto, o pneumologista e professor de Medicina da Universidade Tiradentes (Unit), Saulo Maia, foi entrevistado no Programa Viva Bem, apresentado pela radialista Magna Santana, na Fan FM.
De acordo com o pneumologista, nessa época do ano, com a proximidade do inverno, há surtos de doenças respiratórias. “Isso acontece por conta das mudanças climáticas, e há um aumento das conhecidas “viroses”. O carro-chefe dessas viroses é a Influenza, que acomete mais a população, não só do Brasil como do mundo. Por isso a importância da vacinação para os grupos de pessoas que tem uma imunidade mais baixa e se enquadram nos fatores de risco, como idosos, crianças, gestantes e profissionais da saúde. Só que esse ano, nós estamos tendo a pandemia da Covid-19 e sabemos que a doença gera um comprometimento respiratório bem mais acentuado. E com a entrada do inverno, que se aproxima, a preocupação da classe médica e da população é diferenciar os sintomas da Covid-19 com a Influenza”, esclareceu.
Uma das maiores preocupações da população em relação ao Covid-19 é o fato de que o vírus afeta os pulmões. Com isso, há maior necessidade do uso dos respiradores, por conta da falta de ar. “Ainda há muitas discussões sobre a origem do vírus que veio da China e, como todos os vírus que causam doenças respiratórias, os sintomas são muito parecidos. Geralmente, acometem as vias aéreas superiores, como nariz, garganta, por isso que a pessoa tem coriza, crise de espirros, dor de garganta; além do aparelho respiratório inferior, que seriam a traqueia, os brônquios e, principalmente, os pulmões. Em relação ao Covid, a diferença com os outros vírus é que ele surgiu e se espalhou pelo mundo muito rápido, ou seja, a propagação dele é mais fácil que outros. Tem ainda a falta de conhecimento sobre como combater a doença”, disse Saulo Maia.
Outro aspecto destacado pelo pneumologista é que em uma amostra de 100 pessoas com a doença, em média, 80% dos pacientes que adquirem a doença são assintomáticos ou tem apenas uma gripe bem sutil. “Em média 15% terão um quadro respiratório que precisarão de assistência médica, seja com medicação ou oxigênio, e 5% têm uma gravidade maior que precisam de ventilação mecânica ou da Unidade de Terapia Intensiva (UTI)”, detalhou.
“Como existe uma transmissibilidade maior, o pânico que todos nós temos é que como muitas pessoas podem pegar o vírus ao mesmo tempo, a estrutura hospitalar não está preparada para dar um atendimento adequado, por isso a falta de leitos. Os profissionais de saúde e os hospitais que estão preparados para atender em média 100 pessoas por dia, de repente começa a chegar mil pessoas, por exemplo”, acrescentou Dr. Saulo enfatizando que a doença só será controlada quando cerca de 70% da população for contaminada e criar de alguma forma a imunidade.
Segundo o pneumologista, nos casos mais arriscados, a doença causa no paciente um maior comprometimento pulmonar. “Existe várias manifestações no pulmão que seria primeiro uma replicação viral acentuada, depois se instala no pulmão e produz um quadro inflamatório, gerando uma pneumonia viral e com bactéria. O que se tem de novidade nessa patologia é que há o comprometimento do sistema de coagulação do sangue, que pode causar trombose pulmonar e agravar o quadro clínico dos pacientes”, frisou.
Saulo Maia finalizou abordando as pesquisas para medicação e vacinas, destacando que a hidroxicloroquina e a azitromicina são as medicações que mais vem sendo estudadas no mundo para o tratamento da Covid-19.