DALTONISMO


Homens superam mulheres em até 20 vezes


O daltonismo é uma irregularidade na percepção visual das cores e afeta cerca de 4% da população mundial. Mas os pacientes que apresentam este quadro têm dificuldade para discernir apenas determinadas cores, como o vermelho, o verde ou o azul. Contudo, esta condição pode atrapalhar muito a rotina diária de uma pessoa. A médica do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), Dorotéia Matsuura, alerta que este distúrbio não tem cura ou tratamento e a melhor opção para o portador de daltonismo é “aprender a distinguir cores por meio da luminosidade e saturação que elas apresentam”.


Homens


O daltonismo é um distúrbio da percepção visual caracterizado pela incapacidade dos cones oculares (células fotoreceptoras da retina) para diferenciar todas ou algumas cores. “Sua origem está, principalmente, relacionada à hereditariedade e sua incidência dá-se 20 vezes mais em homens do que em mulheres”, diz a especialista.


De acordo com Dorotéia, o daltonismo pode ser classificado, pela origem como congênito ou adquirido. O primeiro ocorre quando o paciente nasce com a disfunção na retina. Este é mais frequente em homens e caracteriza-se pela dificuldade de enxergar as cores verde ou vermelha. Já o daltonismo adquirido surge a partir de causas secundárias, como lesões no nervo ótico, na retina ou no córtex cerebral (região do cérebro responsável pelo reconhecimento de imagens). Esse tipo de daltonismo ocorre em igual frequência em homens e mulheres, sendo que os pacientes têm dificuldades de enxergar as variantes da cor azul e também apresentam diminuição da qualidade de visão”, explica.


Diagnóstico


Existem dois métodos para identificar o daltonismo, sendo um aplicado para o defeito congênito e o outro para o adquirido. “Para diagnosticar o quadro de daltonismo congênito, a técnica japonesa chamada de Método de Ishihara (lê-se ichirrara) é a mais utilizada. Este procedimento consiste na exibição de uma série de 32 cartões coloridos, cada um contendo vários círculos de cores ligeiramente diferentes das situadas nas proximidades. Alguns círculos são agrupados no meio do cartão, exibindo um número que somente será visível para pessoas de visão normal. O número de acertos pode variar conforme o grau e o tipo de daltonismo”, esclarece a oftalmologista.


Crianças


Dorotéia alerta, ainda, que pais devem ficar atentos aos sinais de confusão na distinção de cores apresentados pelas crianças, principalmente no início das atividades escolares para diagnosticar o quanto antes o daltonismo congênito. “Em torno dos três anos de idade, quando a criança começa a ir à escola, pode apresentar confusão na hora de distinguir as cores. Esse é um sinal importante de que alguma coisa pode estar errada com a visão. Quando ocorrer, os pais devem procurar imediatamente um oftalmologista”, alerta.


Já para diagnosticar o daltonismo adquirido, a técnica mais utilizada é o Farnsworth. “O teste é composto de quatro bandejas plásticas contendo cem cápsulas em tons diferentes. O observador tem 15 minutos para posicionar as cores em ordem lógica, levando em consideração as cápsulas fixas nas extremidades da bandeja. A escolha inicial deverá ser a cor mais próxima da cápsula principal, e em seguida a cor mais próxima da recém escolhida e assim sucessivamente até completar a ordenação de todas as cápsulas. Se o paciente confundir a ordem ou a posição das cores, o daltonismo é diagnosticado”, explica a especialista do HOB.


Tratamento


O daltonismo não tem cura ou tratamento. “O daltonismo adquirido é o único que apresenta evolução no quadro e normalmente só estabiliza quando a causa do defeito visual é sanada, ou seja, quando a lesão no nervo ótico, retina ou no córtex cerebral é tratada. Portanto, pessoas que sofrem de glaucoma, que já foram vítimas de um AVC (Acidente Vascular Cerebral) ou que passaram por algum tipo de trauma nessas regiões, devem realizar consultas periódicas ao oftalmologista, a fim de diagnosticar qualquer defeito em sua visão”, completa Dorotéia Matsuura.