Usuários desconhecem que podem solicitar melhorias para o transporte coletivo e a mobilidade urbana

Por Alexandra Brito

Muito se discute sobre mobilidade urbana, que se apresenta como algo necessário para a melhoria do trânsito, em todas as suas nuances, que envolve não só tráfego de veículos de passeio e ônibus, mas também bicicletas, motos, pedestres, motoristas e usuários do transporte coletivo. Mas será que quem faz uso desses mecanismos de massa, aqui o ônibus, têm conhecimento do que significa mobilidade urbana e o que ela pode melhorar na locomoção deles?

Atualmente Aracaju e região metropolitana possuem 121 linhas de coletivo, que atendem todas as regiões da capital sergipana, bem como Nossa Senhora do Socorro, São Cristóvão e Barra dos Coqueiros. Mesmo assim, o autônomo João Alves Santos afirma que é uma raridade andar de coletivo. Adota mais como meio de transporte a bicicleta. E explica porque: "Moro no bairro 17 de Março e para chegar ao ponto de ônibus mais próximo, tenho que andar um bocado. Prefiro andar de bicicleta, que é um meio alternativo de transporte". Apesar de dificuldade, seu João nunca buscou melhorias ou levou até alguma entidade, solicitações para melhorias do transporte público na região em que reside e desconhece por completo o significado do termo mobilidade urbana. "Não entendo o que isso quer dizer".
A aposentada Marinalva Ferreira de Caxias, 74 anos, mora em Nossa Senhora do Socorro e é usuária do transporte coletivo. Assim com o autônomo João, desconhece o siginificado de mobilidade urbana. "Acho bom porque hoje não pago mais passagem, mas nunca encaminhei solicitação para algum órgão, pedindo melhorias para o transporte público. Também nunca discutir sobre esse assunto, mobilidade urbana", disse.

A discussão sobre mobilidade urbana vem ganhando corpo no Brasil, na busca de soluções para minimizar os congestionamentos em pontos de grande fluxo de veículos nos horários de pico. Em Aracaju, uma capital planejada, esse estrangulamento no trânsito é visível nos principais corredores de trânsito da cidade. Assim como outras cidades do país, enfrenta dificuldades em desenvolver meios para diminuir a quantidade de congestionamentos ao longo do dia e o excesso de pedestres em áreas centrais dos espaços urbanos. O também aposentado Patrício Irmão, mora no bairro Cirurgia e se locomove sempre de ônibus pela cidade. "Deixo meu carro na garagem e ando de ônibus, porque tem horas que o trânsito tá demais. E como hoje estou aposentado, sempre encontro lugar pra sentar no ônibus. Na minha visão, assim dou a minha contribuição para melhoria da mobilidade urbana da cidade, apesar de nunca ter parado para discutir o assunto nem ter feito nenhuma solicitação a esse respeito, aos órgãos competentes ou através de algum vereador ou liderança de bairro", explicou ele.

De acordo com a Superintendente Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT), Aristóteles Fernandes, existe um Grupo de Discussão de Mobilidade da Prefeitura de Aracaju, conduzido por técnicos da SMTT. Essa equipe conta com participação de representantes da Empresa Municipal de Obras e Urbanização (Emurb), Secretaria Municipal da Indústria, Comércio e Turismo (Semict), Secretaria Municipal do Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplog) e Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Sema). “Esse grupo discute soluções para melhorar a mobilidade urbana em Aracaju, levando em conta fatores espaciais, econômicos e sociais”, disse.

O setor específico da SMTT responsável por esses estudos é a Diretoria de Planejamento e Sistemas. “Quando há intervenções no trânsito, a exemplo de mudança de sentido de ruas, fechamento e/ou abertura de retornos, colocação de semáforos, quebra-molas, faixas de pedestres, são levados em consideração os impactos para a fluidez do trânsito de veículos, a segurança dos pedestres, bem como os impactos econômicos e sociais na região”, informou Aristóteles Fernandes.

De acordo com o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Passageiros do Município de Aracaju (Setransp), Alberto Almeida, a população também pode participar das discussões e pleitear ações voltadas para a mobilidade urbana. "Em se tratando de transporte público, o usuário pode encaminhar seu pleito para a SMTT, através de um vereador ou liderança da região. Essas solicitações são analisadas e estudadas pela SMTT e são passadas para as empresas de ônibus", explicou.

A informação é confirmada pelo superintendente da SMTT. “Todas as demandas devidamente encaminhadas à SMTT, por meio de seus canais oficiais são avaliadas pela diretoria. Para solicitar alterações no trânsito, revitalização ou mudança de sinalização, bem como criação ou mudanças de itinerário das linhas de ônibus do transporte público, o cidadão deve protocolar o pedido na sede da SMTT, com argumentos que dêem embasamento ao pedido e um abaixo-assinado dos moradores da área afetada”, informou Aristóteles Fernandes.

A presidente do Conselho Local de Saúde da Coroa do Meio e líder comunitária Lueli Guedes Marx Capistrano afirma que a associação do bairro sempre encaminha solicitações relacionadas à mobilidade urbana da região. "Já pedimos criação de uma linha de ônibus para atender uma parte da população do bairro, aonde havia deficiência, pinturas de quebra-molas e faixas de pedestres. Já fomos atendidos pela SMTT em algumas delas e estamos aguardando outras solicitações que já encaminhamos, a exemplo da recuperação de pontos de ônibus, que estão degradados", relatou Lueli.

O presidente do Setransp complementou ainda dizendo que as empresas de ônibus também colaboram para a melhoria do trânsito. "As empresas, quando sentem a necessidade de mudanças, para melhorar o deslocamento das pessoas e de adequação da oferta existente, fazem suas propostas e encaminham para o órgão gestor do trânsito da cidade. A partir dessas demandas, a SMTT analisa e define as mudanças a serem feitas, visando a melhoria da mobilidade urbana".

O Setransp, segundo Alberto Almeida, entra nas discussões para melhorar o transporte público, através das empresas. "Mobilidade envolve trânsito, carga e descarga, corredores de ônibus, enfim, é algo bem amplo, e nós participamos diretamente das discussões, quando se trata de transporte público".