Simpósio discute tratamento integrado de pacientes com câncer


Fazer a mentalidade sobre a importância do tratamento integrado ao paciente com câncer crescer no Estado, uma doença que é a 3ª causa mortis no país. Esse foi um dos principais objetivos do I Simpósio de Oncologia e Cuidados Paliativos, promovido pela Clínica Onco Hematos, em parceria com a Universidade Tiradentes (Unit). “A proposta é que, a partir deste evento, possamos associar esforços entre médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos e demais profissionais da área da saúde, no tratamento desses pacientes”, explica o oncologista Nivaldo Farias Vieira, um dos coordenadores do evento.


 


O geriatra Renato Prudente Franco, também coordenador do simpósio, completa enfatizando que o intuito foi trazer para discussão um tema atual, de alta prevalência e que muitas vezes não há espaços para que seja discutido. “Elaboramos o evento para que, não só os médicos, mas outros profissionais da área da saúde pudessem trazer para discussão suas experiências”. Segundo Nivaldo Farias, é preciso acabar com o tabu de que o câncer é contagioso, é sempre sofrimento e morte. “Deve haver uma formação melhor dos profissionais da área de saúde, para que não haja mais tanto estigma, tanto medo e os pacientes possam ser mais bem tratados em nosso Estado”.


 


O simpósio abordou a parte oncológica e também os cuidados paliativos, ou seja, os cuidados com aqueles pacientes que não têm mais possibilidade de cura, porque estão com a doença já avançada. “É muito importante saber que há muito o que se fazer por essas pessoas, para aliviar o sofrimento, para controlar os sintomas que as acompanham até a morte”, explicou Renato Prudente.


 


Segundo ele, esse processo de cuidados paliativos também envolve a família do paciente. “Em cuidados paliativos, temos que falar sempre do cuidado ao paciente e do cuidador, que muitas vezes não é familiar, é uma pessoa contratada e a própria família. O câncer é uma doença que traz aspectos emocionais que envolvem todas essas pessoas”.


 


Equipe Multidisciplinar


“Encarar a morte não é fácil, pois estamos preparados para lidar com a vida e não com a morte. O sonho da equipe de saúde é que o paciente tenha tranqüilidade diante da morte”, relatou a psicóloga Célia Vieira, ao abrir sua palestra. Segundo ela, é um grande desafio para o profissional lidar com pacientes em estágio terminal. “Uma equipe multidisciplinar é muito importante nesse momento, para que o cuidado seja integral ao doente”.


 


A integração entre os profissionais foi reforçada pela enfermeira Ângela. “Nós temos que oferecer suporte e orientação à família, de forma muito clara e avaliar sempre a forma como foi compreendida essa informação”, comentou ela, enfatizando a importância da equipe no cuidado paliativo, ou seja, do paciente terminal, para que ele tenha a certeza de que pode contar com todos e possa conviver tranqüilo com a idéia da morte.


 


O simpósio contou com a participação de médicos, psicólogos, farmacêuticos, técnicos, assistentes sociais, estudantes e enfermeiros do Estado e também do oncologista Fábio Zola, da USP de Ribeirão Preto, convidado pela coordenação do evento, para proferir palestra sobre Câncer coloretal e câncer de mama. “Acho que é fundamental que ocorra uma união dos profissionais, para que haja um atendimento integral ao paciente. Assim, dessa forma como é feito na clínica Onco Hematos, que é um exemplo de clínica privada que consegue fazer essa assistência integrada, isso tem um sucesso grande e consegue fazer com que o paciente seja o maior beneficiado dessa situação”, disse.


 


Um total de nove profissionais proferiu palestras durante os dois dias do evento, realizado no auditório da Unit. Para os organizadores, o intuito do simpósio foi amplamente atingido. “Nós da comissão organizadora, estamos muito satisfeitos com o evento, que teve a participação de um grande número de profissionais e estudantes de diversas áreas, que atenderam ao intuito inicial que era fazer uma discussão interdisciplinar do câncer em todas as suas faces, desde o início até a fase terminal do paciente”, comenta o geriatra. “Foi possível refletir sobre o papel do nutricionista, do psicólogo, do enfermeiro, do farmacêutico, e também entender melhor detalhes do câncer, do paciente com câncer”, relata Nivaldo Vieira que acredita que, a partir de agora, haverá outros questionamentos sobre o tema. E atendendo a demanda gerada no evento, estão organizando o Curso de Extensão em Enfermagem Oncológica ainda para este ano.