Oncologista destaca que hábitos saudáveis são aliados no combate ao câncer

Nivaldo“A melhor forma do câncer ser combatido é, sem dúvida nenhuma, a redução de risco, que antigamente se falava em prevenção. Isso é nada mais nada menos que a adoção de hábitos saudáveis, a exemplo do controle de peso e do sedentarismo, não fumar, a redução do consumo de álcool, a vacinação contra vírus que causam câncer, a exemplo do vírus da hepatite, do HPV, o uso de protetor solar, o controle dos fatores de exposição ao câncer”. A afirmação é do o oncologista clínico da Onco Hematos, Nivaldo Vieira, que integra a Rede AMO, Assistência Multidisciplinar em Oncologia. O especialista aproveita o 27 de novembro, Dia Nacional de Combate ao Câncer, para destacar a importância de combater e prevenir o câncer, além de reforçar as novidades no tratamento da doença no Brasil e no mundo.

Com relação aos exames preventivos para o câncer, o oncologista informa que não existe idade específica para a realização dos exames. “Depende muito da existência ou não de fatores genéticos, do tipo de câncer que estamos falando. Quando é câncer de mama, por exemplo, as recomendações variam. Existem algumas recomendações para diagnóstico precoce e elas variam de sociedade para sociedade, não são unânimes e nem isentas de discussão e questionamento”.

Dr. Nivaldo Vieira também reforçou a grande novidade que existe hoje no tratamento de câncer no mundo e no Brasil é o tratamento personalizado, individualizado. “Cada vez mais o câncer é uma doença que ao invés de ser igual para todos, cada vez mais buscamos formas de individualizar cada tipo, cada pessoa com câncer de forma a descobrir moléculas, propriedades de cada doença que se expressem de forma individual em cada pessoa. E essa forma diferente de se expressar em cada pessoa faz com que cada tratamento seja individualizado. Com isso, ao invés de haver um tratamento possível para todos, existe um tratamento que serve para a forma de se expressar em cada paciente. Então, a gente fala muito mais em medicina personalizada, em tratamento personalizado. Isso faz com que, ao invés de existirem alguns tipos de câncer, existem centenas de formas do câncer se apresentar e diversas formas de tratar”.

Fatores genéticos
Para o médico, o fator genético para se contrair um câncer pesa pouco. “De 6 a 8% dos casos de câncer no mundo são causados por fatores genéticos e esses não têm controle, pois não temos como mudar nossa genética. Sobre esses, pouca coisa pode ser feita efetivamente sobre quem tem fatores genéticos. Existem sim procedimentos de redução de risco genético. Quem tem o risco genético muito grande para câncer de mama pode fazer a retirada das mamas, ou quem tem o risco genético para câncer de próstata pode fazer exames com mais frequência para o diagnóstico. Mas, isso não quer dizer que vai combater, prevenir, o que vai fazer é um diagnóstico mais precoce”, esclareceu.

Avanços no Brasil e em Sergipe
De acordo com Dr. Nivaldo, o Brasil não está aquém dos países desenvolvidos com relação aos avanços para tratamento e diagnósticos da doença. “No Brasil e em Sergipe nós estamos muito bem, de uma forma geral, em relação ao diagnóstico e ao tratamento do câncer. A única exceção que nós temos, e é um fator que precisamos trabalhar muito ainda, são os cânceres relacionados ao HPV. Câncer de colo de útero e de pênis temos ainda, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste, o número de casos são equivalentes ao das regiões mais pobres do mundo. É um fator que poderia ser contornado com a ampla cobertura vacinal do HPV. Esse fator de educação para a vacinação poderia ser bem mais explorado, além do Papanicolau e da higiene. Infelizmente, a nossa batalha contra os cânceres do HPV precisa de melhoria, é uma questão combatida com educação e vacina. No Brasil, temos nas regiões Norte e Nordeste índices muito preocupantes”.

“De uma forma geral, temos números muito bons de diagnóstico e tratamento. Mas, a gente tem a oportunidade melhora, por exemplo, nas máquinas de radioterapia, melhorar a velocidade de acesso dos pacientes aos tratamentos. Mas, esse é um desafio do mundo inteiro, que precisa avançar neste sentido”, finalizou.