Além de realizar a reunião clínica semanal, nesta quarta-feira, 8, a equipe multidisciplinar da Onco Hematos assistiu a palestra "Glioblastoma Multiforme: avançamos? ", ministrada pelo neurocirurgião oncológico Augusto Cesar Esmeraldo. O encontro ocorreu no auditório da clínica e foi uma oportunidade para os profissionais discutirem um tema bastante comum na neurocirurgia.
O neurocirurgião oncológico justificou a escolha do tema para iniciar as discussões sobre neurocirurgia por se tratar do tumor primário do cérebro mais comum. “Além de ser tão comum é o mais maligno e o mais agressivo (com evolução muitas vezes não satisfatória), com a sobrevida curta. Isso traz um transtorno muito grande para as famílias dos pacientes, uma vez que a pessoa está bem e de repente desenvolve os sintomas e rapidamente, mesmo com todo o tratamento disponível, não consegue obter cura”, explicou o neurocirurgião.
De acordo com ele, o Glioblastoma Multiforme é uma doença que tem sido bastante estudada ao longo das décadas na tentativa de conseguir algum tratamento. “Houve alguns avanços ao longo das décadas, mesmo assim a gente ainda não conseguiu o objetivo, que é a cura”, disse Cesar.
Durante a explanação, Esmeraldo fez um breve histórico da evolução do tratamento destes tumores e destacou também a mudança da conduta do neurocirurgião ao longo dos anos. “Há vários anos acreditava-se que deveria ter uma postura mais agressiva, tentar fazer uma cirurgia muito agressiva, ressecar o que pudesse e isso acabava levando o paciente a desenvolver mais sequelas. Então além de não trazer a cura, ainda deixava o paciente com sequelas”, ressaltou.
“Hoje a nossa visão de tratamento de Glioblastoma é primeiro não acrescentar déficit ao paciente, ou seja, não acrescentar lesão. E, em segundo momento, fazer o máximo possível de celeridade nesse tratamento, seja combinar logo a cirurgia com a radioterapia, com a quimioterapia para poder aumentar a sobrevida desses pacientes”, complementou.
Encontros Multidisciplinares
O neurocirurgião parabenizou a Onco Hematos por promover momentos de discussão multidisciplinar. Segundo ele, na medicina e em outras áreas de saúde são muito importante esses momentos, visto que para qualquer profissional hoje, por mais especialista que ele seja em sua área, é muito difícil acompanhar os avanços de todas as áreas de sua especialidade.
”Por exemplo, eu sou neurocirurgião de formação, passei por várias áreas da neurocirurgia, mas me dedico há mais de dez anos somente ao tratamento dos tumores cerebrais e isso acaba limitando o que eu quero estudar. Então eu estudo isso, me dedico a isso e venho discutir com outros colegas que são neurocirurgiões, são oncologistas, pediatras e demais áreas para poder interagir e ver o que podemos fazer juntos e melhor para o paciente”, salientou.
Para a oncologista clínica Simone Bittencourt, as palestras e reuniões multidisciplinares são importantes e educadoras, possibilitando um melhor diagnóstico e decisão terapêutica, além de uma melhor abordagem do paciente. “Quanto maior a interação multidisciplinar, melhor para a situação, principalmente para o paciente. A gente vê vários pontos de vista. Na oncologia às vezes você só ver aquele lado, quem faz quimioterapia controla a parte clínica, o outro a parte cirúrgica… Então eu acho que essa interação é importante”, pontuou Simone.
“Até como foi dito aqui hoje, às vezes a pessoa não sabe de cirurgia e diz vai lá e tire tudo, mas não é bem assim. Tem que pensar tudo. A parte neurocirúrgica é muito importante, pois vai dar prognóstico de vida completamente diferente para o paciente dependendo do que for realizado, como a gente acabou de ver. Então quanto mais a gente puder interagir, melhor”, concluiu a oncologista.
Fonte/Foto: Ascom Onco Hematos