Fotos: Ana Lícia Menezes |
Há um ano e três meses, a Prefeitura de Aracaju através da Secretaria Municipal de Saúde, oferece o serviço de Implante Coclear. Um aparelho colocado no ouvido interno do paciente que serve para recuperar a audição de quem perdeu totalmente a capacidade de ouvir ou para gerar esse sentido naquelas pessoas que nunca ouviram.
Segundo o cirurgião otorrinolaringologista, Dr. Roberto Setton, a população ainda não tem conhecimento do serviço. Poucas pessoas procuram pelo aparelho auditivo. "A grande dificuldade que a gente tem é que as pessoas saibam que existe esse serviço oferecido pelo Hospital São José e que é pelo SUS. Por essa razão, nós vamos ter agora no mês de setembro uma reunião com os delegados dos postos de saúde para poder facilitar a divulgação. Nós carecemos ainda de demanda para a cirurgia de Implante Coclear", disse.
Dr. Roberto explica que a equipe tem conseguido manter o fluxo de duas cirurgias por mês. "Essa foi a quantidade estabelecida pelo Ministério da Saúde, então depois de um ano e três meses, nós já temos 30 cirurgias realizadas, obedecendo ao fluxo estabelecido. Os resultados estão sendo satisfatórios com os pacientes que foram submetidos as cirurgias. Em maio, nós completamos um ano de serviço e comemoramos aqui no Hospital com toda equipe e os pacientes operados, destacou Dr. Setton.
"Sergipe realmente entrou para o circuito dessa lacuna que havia, uma brecha deixada pela inexistência do serviço no Estado, o Hospital São José é o único credenciado pelo SUS aqui em Sergipe, tinha autorização para fornecer Prótese Auditiva, mas não tinha para Implante Coclear. Os aparelhos auditivos normais não serviam pra ao paciente que tinham perda auditiva profunda, pois não tinham potência para isso e o Implante não existia em Sergipe. Quem queria fazer tinha que sair através do Tratamento Fora do Domicílio (TFD) para operar em São Paulo ou em outros Estados que possuíam o programa", completou.
Paulo Sérgio do Nascimento tem oito anos e há oito meses fez a cirurgia de Implante Coclear. Segundo a mão de Paulo, Maria Maura do Nascimento, de Tobias Barreto, ele já entende bem o que as pessoas falam. "Quando chamo pelo nome ele já escuta e logo olha, coisa que antes não fazia. Já está desenvolvendo bem e tenta conversar com o irmão mais novo. Ele ainda não pronuncia os nomes corretamente, mas repete o que as pessoas falam e já não consegue mais viver sem o aparelho, quando acorda ele já vai lá e procura o aparelho para colocar. Se faltar pilha ele já percebe e já pede para trocar, porque só quer tirar o aparelho na hora de dormir", enfatizou a dona de casa.
Dr. Roberto explica que as cirurgias realizadas têm proporções iguais para crianças e adultos. "A proporção de idade dos pacientes já operados é de 50%, digamos que dos 30, são 15 crianças e 15 adultos, observamos que não existe um predomínio de idade. Aqueles já falavam e perderam a audição e aqueles que nunca falaram desde que ainda sejam criancinhas. O sistema auditivo tem como se fosse uma janela que começa a se fechar próximo aos quatro anos de idade, então depois dos quatro anos se vier a fazer um procedimento de implante coclear, cada ano que vai passando vai ficando mais difícil e os resultados vão ficando mais pobres", concluiu Setton.
Maria José dos Santos é mãe do Arthur Aléx dos Santos, de seis anos e que fez o Implante há um ano. Segundo Maria o processo para aprender a falar é muito lento. "Nossa vida mudou bastante, ele usava a prótese, mas não ouvia. Chegou a aprender algumas palavrinhas, mas foi por leitura labial. Hoje ele ouve, porém é um processo lento. Quando o DR. Setton disse que ele ia fazer a cirurgia, eu pensei que logo ia ouvir e falar. Mas é como se fosse um bebê aprendendo aos poucos. Ele já fala algumas coisas, tenta responder quando a gente fala, repete o que a gente fala na verdade. É bom pra mim e para ele, porque hoje até uma buzina ou o latido do cachorro ele ouve e identifica", finalizou Maria José.
Fonte: AAN