O Ministério da Saúde voltou a registrar neste ano notificação de infecções por bactérias de crescimento rápido e de difícil tratamento em pacientes que realizaram videocirurgias. Há riscos de nova epidemia. O alerta foi dado por especialistas no 3.º Encontro Nacional de Tuberculose, realizado em Salvador (BA). As bactérias envolvidas, chamadas micobactérias, são de diferentes tipos. Fonte: Agência Estado
Só em 2007 foram detectados 1.573 casos de infecções graves após os procedimentos cirúrgicos no país. Neste ano já são 31 casos, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Pacientes que realizavam cirurgias, como para retirada de cisto por pequeno orifício no abdome, mulheres que fizeram lipoaspiração e pessoas que reduziram o estômago com o uso das técnicas menos invasivas desenvolveram graves infecções, resistentes aos antibióticos mais comuns, por causa da superbactéria.
As seqüelas são feridas, abscessos com pus e perda de tecidos. Não houve registro de morte. “Estamos sob risco de uma nova epidemia tendo em vista que não foi feito nada para melhorar o controle. Não houve uma única admoestação aos hospitais em que isto já tinha ocorrido, os serviços não foram fechados e cirurgias continuam sendo realizadas sem o mínimo cuidado”, disse Margareth Dalcomo, especialista do Centro de Referência Professor Helio Fraga, do Rio, órgão assessor do Ministério da Saúde que tem auxiliado os governos a combater os casos.
Dalcomo disse que os casos no Rio no ano passado foram uma epidemia, e não um surto, como chegou a ser divulgado, porque ocorreram de forma disseminada pelos serviços hospitalares. A falta de adequada esterilização de materiais cirúrgicos é apontada como a principal suspeita de gerar os casos. De acordo com Leandro Santi, responsável pela gerência de investigação e prevenção das infecções e dos eventos adversos da Anvisa, o órgão não pode punir os hospitais onde as infecções ocorreram porque não havia norma que exigisse esterilização dos equipamentos quando os casos foram registrados. Atualmente a norma da esterilização é aplicada, mas a agência ainda não definiu como os materiais deverão ser esterilizados, se com produto químico ou outros processos.