CONHECIMENTO

A Clínica Onco Hematos realizou na noite de quinta, 17, mais um Encontro com Especialista, desta vez dirigido aos cirurgiões de cabeça e pescoço, otorrinolaringologistas e oncologistas.  A reunião, realizada no restaurante Muratto Praia, teve como convidado o cirurgião Ullyanov Toscano, do Instituto Nacional do Câncer (INCa), que explanou suas experiências como coordenador da residência médica e cirurgião do INCa em casos clínicos tratados por ele. “A ideia dessa reunião foi trazer um pouco da experiência que a gente tem no INCa, no tratamento do câncer de laringe e apresentar alguns casos de câncer de tumores de orofaringe”.

Essa difusão do conhecimento é considerada pelo palestrante como muito importante. “Desta forma a gente também tem condição de ver como está a Medicina regionalmente para poder, enfim, dividir o conhecimento e aprender um pouco também. É importante para que o próprio Instituto Nacional do Câncer possa entender como é que anda toda a Medicina no tratamento de câncer no Brasil”, enfatizou Ullyanov Toscano.

De acordo com a oncologista clínica Tathiane Oliveira, mediadora do encontro, a proposta foi falar sobre câncer de laringe, exaltando o tratamento multidisciplinar, que conta com a participação de cirurgiões, oncologistas clínicos e radioterapeutas. “A nossa discussão é para possamos estar sempre atualizados e assim oferecer de fato um tratamento de qualidade para os pacientes que são portadores desta doença”.

Em termos de tratamento e prevenção em Sergipe, a oncologista explica que o Estado tem obtido bons resultado. “Evoluímos no ponto de vista de radioterapia, temos excelência nos tratamentos de quimioterapia e excelentes cirurgiões. Do ponto de vista de tratamento nós não deixamos a desejar, pois evoluímos bem. E com esses encontros a gente tem garantido que o que a gente tem feito aqui é a mesma coisa do que tem sido feito em outros estados.”

Fazer tratamento multidisciplinar e troca de experiência é uma preocupação da clínica. “A gente sabe que hoje oncologia não se faz só com oncologista clínico, e sim com uma equipe multidisciplinar. Isso não inclui só médicos, pois os pacientes recebem um suporte dos serviços de nutrição e psicologia, associado à uma equipe médica que inclui oncologista clínico, radioterapeuta e o cirurgião oncológico. No caso de hoje, participou também o cirurgião de cabeça e pescoço”, comentou Tathiane Oliveira.

A noite contou também com a apresentação de caso clínico, feito pelo oncologista André Peixoto, da equipe Onco Hematos. Ele enfatizou que o tratamento do câncer de laringe e outros tipos de cânceres de cabeça e pescoço está pautado em três ferramentas, que seria a cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia. “Temos aqui no Estado, profissionais bem treinados e hospitais onde se conseguem fazer os procedimentos cirúrgicos, mesmo sendo procedimentos de grande porte”.

Com relação ao tratamento sistêmico, que seria com quimioterapia, de acordo com André Peixoto, há uma boa oferta aos pacientes em Sergipe. “Hoje já temos outros remédios, chamados de terapia alvo, que são parecidos com a quimioterapia, mas não têm tantos efeitos colaterais. Conseguimos ofertar melhor para os pacientes privados, por conta dos convênios que conseguem liberar algumas medicações que o SUS ainda não tem disponível. Mas no SUS nós temos a quimioterapia padrão, então o tratamento de quimioterapia pode ser feito”.

Mas o doutor explica que existe um grande problema no Estado, que é a radioterapia. “O problema não é a questão técnica, pois tem radioterapeutas bem informados tanto quanto cirurgiões oncologistas. Mas a gente tem uma demanda muito grande e infelizmente só tem dois serviços que disponibilizam esse tipo de tratamento, que são o Hospital Cirurgia e o HUSE, que recebem pacientes não só de Sergipe, mas do interior da Bahia e de Alagoas. A demanda é maior que a oferta e não se consegue atender os pacientes e fazer o tratamento no tempo ideal”.

Segundo o oncologista, já estão sendo visto alguns movimentos no sentido de melhorar e resolver o problema. “Hoje temos pacientes que levam seis a 10 meses esperando um tratamento e outros precisam se tratar em outros estados. Isso dificulta e retarda a eficácia e a cura desses pacientes”.

Estatísticas

Os homens são os mais acometidos pelo câncer de laringe, segundo explicou Ullyanov Toscano. “A última estatística do INCa mostra que o público masculino é o mais afetado, principalmente por está relacionado ao uso do cigarro. Só que com o próprio processo de modernização da sociedade, ao longo dos anos, as mulheres cada vez mais vem fumando. Então, isso também aumentou as taxas de mulheres portadoras de câncer de laringe. Mas com certeza os homens ainda são a maioria”.

O cirurgião falou também sobre como está o Brasil em termos de tratamento no cenário mundial. “O Brasil oferece todo tipo de tratamento que o cenário mundial oferece, não deixa nada a desejar, tanto na rede pública quanto na rede privada. Oferecemos tratamentos que, por exemplo, em grandes centros como em Nova York ou na França, são os mesmos. Então, com certeza o paciente brasileiro está recebendo tratamento que em qualquer lugar do mundo receberia”.