Enquanto a atenção está voltada para a COVID-19, outra doença transmitida por mosquitos vem crescendo de forma silenciosa no Brasil: a febre Oropouche. Com sintomas semelhantes aos da dengue e chikungunya, a doença pode estar subnotificada, gerando preocupação entre os especialistas.
Dados do Ministério da Saúde mostram que, em 2023, o número de casos notificados de febre Oropouche aumentou 72% em relação ao ano anterior. No entanto, o médico infectologista e professor da Universidade Tiradentes (Unit), Matheus Todt, acredita que o número real de infectados seja bem maior, devido à similaridade dos sintomas com outras doenças.
“A transmissão da febre do Oropouche ocorre exclusivamente através da picada do mosquito maruim, sem registro de transmissão direta de pessoa para pessoa. O período de incubação do vírus é de aproximadamente cinco dias, após os quais os primeiros sintomas começam a aparecer”, explica Todt.
Os sintomas são muito semelhantes aos da dengue, incluindo:
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Febre alta: A febre é o principal sintoma da doença, geralmente acima de 38°C.
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Dor de cabeça: A dor de cabeça pode ser intensa e persistente.
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Dores no corpo: Dores musculares e articulares são comuns na febre Oropouche.
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Náuseas e vômitos: Náuseas e vômitos podem ocorrer em alguns casos.
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Manchas na pele: Manchas na pele podem aparecer em alguns pacientes.
Prevenção, tratamento e grupos de risco
Embora ainda não exista vacina contra a febre Oropouche, medidas simples podem ajudar a prevenir a doença:
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Evitar áreas com proliferação do mosquito: O mosquito Culicoides se prolifera em áreas úmidas e com vegetação rasteira. Evite locais com essas características, especialmente durante o período crepuscular, quando o mosquito é mais ativo.
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Usar repelente: Utilize repelentes com DEET, IR3535 ou Icaridina na pele e roupas expostas.
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Proteger-se com roupas: Vista roupas compridas e calças durante o período crepuscular.
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Eliminar criadouros: Remova criadouros do mosquito, como água parada em recipientes e lixo acumulado.
O diagnóstico da febre do Oropouche é confirmado por meio de exames de sangue que detectam a presença do vírus. “É importante ressaltar que não existe tratamento específico para a febre Oropouche. O tratamento é sintomático, focando no alívio dos sintomas como febre, dor e náuseas. Medicamentos como paracetamol e dipirona podem ser utilizados. Em casos graves, pode ser necessária internação hospitalar”, orienta Matheus.
Embora casos graves sejam raros, eles podem ocorrer e se manifestar como meningoencefalite, uma inflamação do cérebro e das meninges. “Os grupos mais vulneráveis a desenvolver formas graves da doença são os extremos etários, pessoas com comorbidades graves e problemas de imunidade. Jovens entre 20 e 30 anos são os mais frequentemente infectados”, alerta Todt.
Comparação com outras arboviroses
Clinicamente, a febre do Oropouche é difícil de distinguir da dengue e chikungunya; as principais diferenças estão no mosquito vetor e na frequência de casos graves. A gravidade da febre do Oropouche é geralmente menor em comparação com a dengue.
“A disseminação da febre do Oropouche destaca a importância de medidas de controle vetorial e conscientização pública. A adoção de práticas preventivas e o monitoramento contínuo são essenciais para controlar a propagação dessa e de outras arboviroses no país”, conclui Todt.
Autor: Laís Marques
Fonte: Ascom Unit