* William Soares Há cerca de seis anos atrás a Agência Sueca de Controle de Alimentos lançou um alerta mundial quando descobriu que determinados alimentos, como as batatinhas e os galetos, quando fritos em temperaturas elevadas, passam a apresentar altos níveis de acrilamida, substancia comprovadamente cancerígena. Há pouco tempo, cientistas da Universidade Técnica de Munique, na Alemanha, descobriram outra substancia, supostamente cancerígena, que aparece na batatinha quando frita em óleo a mais de 120 graus. O nome dela é glicidamida. O risco começa quando a temperatura do óleo atinge 120 graus e dispara ao superar os 180. O estudo foi realizado com dez tipos de batatas fritas prontas ou industrializadas (as chamadas “chips”), três marcas de batatas semi-prontas e com as batatas estilo caseiro. Em todas elas foram encontradas a glicidamida, na concentração de 0,3 a 1,5 microgramos/kg, e a acrilamida, na concentração de 300 a 600 microgramos/kg. Mesmo em concentração muito mais baixa, a glicidamida foi considerada pelos investigadores alemães mais perigosa para a saúde humana que a acrilamida. A Organização Mundial de Saúde-OMS aconselha evitar as frituras e quando não for possível, fritar os alimentos com temperaturas mais moderadas; “dourar e não carbonizar”o alimento, com tempo de fritura mais curto e não ultrapassar os 175 graus. A OMS recomenda às indústrias a redução dos níveis de acrilamida e glicidamida nos alimentos e à população recomenda seguir uma dieta mais saudável. Para nossa infelicidade, estamos cada vez mais nos distanciando da saborosa e salutar comidinha caseira e nos deixando seduzir pelos reluzentes e perigosos fast-foods e restaurantes exóticos, pobres em vitaminas e fibras, porém ricos em gorduras e outros elementos cancerígenos. Preocupado, finalizo com um aviso. Cuidado com a sua dieta. Pois, até as atraentes batatinhas perderam a sua inocência! * Diretor Clínico do Instituto de Oncologia San Giovanni (Aracaju-Se) Membro da Academia Sergipana de Medicina Membro Internacional da Associação Americana de Radioterapia e Oncologia (wsoares@sangiovanni.com.br)