Adoecimento dos profissionais de saúde por Covid-19 é tema de Live da Onco Hematos

 

Na noite desta quarta-feira, 06, a clínica Onco Hematos promoveu em seu instagram mais uma live, desta vez com o tema “O Adoecimento dos Profissionais de Saúde por Covid-19”. O oncologista clínico da Onco Hematos, Miguel Tenório, conversou com o Dr. Fernando Zamprogno, oncologista clínico e coordenador da Oncologia da Rede Meridional (Espírito Santo).

Zamprogno falou sobre o processo de adoecimento dos profissionais de saúde e contou sobre sua experiência pessoal de enfrentamento à doença. “Infelizmente não dá para saber de onde eu possa ter me contaminado. Como eu me vacinei em 25 de março contra a H1N1, dois dias depois eu senti dor muscular, e relacionei os sintomas com a vacinação. Talvez por ter sintomas e relacionado com a vacinação, eu não desconfiei nas primeiras semanas que estava com Covid. Até que no dia 3 de abril comecei a ter tosse seca e, a partir desse momento, pensei na possibilidade de estar contaminado. Nesta mesma semana já estávamos em medidas de segurança no hospital, tanto para cuidar dos pacientes como dos profissionais. A tosse foi intensificando e senti muita fraqueza, indisposição e dificuldade de me alimentar. Então decidi fazer a coleta para testagem de Covid-19 em minha casa e deu positivo”, informou.

“Os meus sintomas foram dores musculares, dor lombar, tosse seca e mudança no olfato. A primeira sensação quando descobri que realmente era o Covid foi de medo. Eu vinha muito ativo para dar informação sobre o tratamento, sobre as medidas de segurança, mas ainda não há nada muito certo sobre o melhor tratamento, o melhor remédio”, complementou.

Segundo ele, o maior medo foi de transmitir para a família. “Tenho três filhos e minha esposa tem asma. Por isso fiz sorologia em todos eles, mas não houve contaminação, por isso me isolei deles, evitando beijos e abraços. Durante todo o período que estava com sintoma ficava no quarto isolado, quando saía usava máscara. Felizmente, tive sintomas leves e já me recuperei”, afirmou, que destacou ainda o apoio dos profissionais e da equipe do hospital em que trabalha.

Durante a live, Dr. Miguel comentou o crescente número de profissionais contaminados em Aracaju e questionou o Dr. Fernando se há um aumento perceptível nos últimos dias do número de profissionais de saúde contaminados com a Covid-19 no Espírito Santo. “Sim. Estamos gerando relatórios diários de colaboradores e de pacientes contaminados e suspeito. Desde o começo da pandemia até a noite de ontem, já acumulamos 176 colaboradores afastados do trabalho ou por suspeita ou por contaminação, felizmente todos com sintomas leves. Mas, infelizmente, esse número de pessoas afastadas quebra a linha de assistência, sobrecarregando os outros profissionais envolvidos. Eu fui um dos primeiros casos do hospital e nos últimos dias o número veio aumentando e nós profissionais de saúde sempre estamos muito expostos. Essa semana, perdemos um colega de faculdade, o Maurício Naoto, era infectologista da Fiocruz, 41 anos, obeso e hipertenso, que acabou falecendo há dois dias por Covid e ficamos bastante tristes com a notícia”, destacou o oncologista.

Assistência aos pacientes oncológicos

Dr. Miguel também destacou a atuação da Onco Hematos para continuar atendendo os pacientes oncológicos seguindo todas as recomendações de segurança, realizando videoconferência com o corpo clínico. Sobre o assunto, Dr. Fernando destacou que a grande preocupação com a chegada do novo coronavírus é que muitos casos de câncer estão deixando de ser diagnosticados durante essa pandemia e isso pode acarretar casos mais graves da doença.

“O paciente oncológico já tem um cuidado especial, a vida dele já tem muitas restrições e estamos conseguindo treinar bem os pacientes sobre os cuidados para não se contaminar. A gente tem discutido caso a caso, quando é possível, de adiar um pouco o tratamento. O problema é que ainda há pacientes em casos avançados que não podem ser interrompidos”, disse o oncologista do Espírito Santo.

Finalizando a discussão, os médicos comentaram sobre o não cumprimento do distanciamento social, tanto em Aracaju como no Espírito Santo. Mesmo com o aumento do número de casos, a maioria das pessoas vem retomando a rotina e isso é um grande risco.

Ascom/OncoHematos