
Esta foi a segunda capacitação de técnicos voltada ao alinhamento da metodologia dos grupos reflexivos destinados a autores de violência doméstica. O curso foi conduzido pelo professor e pesquisador João Paulo Feitoza, que destacou a importância da iniciativa.
“Essa capacitação é um passo inicial de preparação para os profissionais que irão conduzir os grupos reflexivos. Trabalhamos competências essenciais para entender o funcionamento do grupo e treinar comportamentos para que a facilitação aconteça de forma natural, considerando questões de gênero, interseccionalidades, características individuais e a relação entre violência de gênero, patriarcado, machismo estrutural e outras violências presentes na sociedade”, explicou.
Participaram do encontro profissionais dos Centros de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e dos Centros de Referência de Atendimento à Mulher (Crams), com o propósito de expandir a metodologia dos grupos reflexivos em todo o Estado.
A técnica da SerMulher, Vanessa Correia, ressaltou a relevância da parceria entre a secretaria e o TJSE na qualificação dos profissionais. “Foi um curso destinado a oferecer um conhecimento mais refinado aos facilitadores, abordando as ações necessárias para implantação dos grupos reflexivos, identificação de perfis e construção dos encontros. Além de alinhamento técnico, foi uma imersão que preparou ainda mais os participantes para desenvolver um trabalho aprimorado, fortalecendo as políticas públicas que garantem o bem-estar das mulheres, seus direitos, e promovem a reflexão dos homens sobre as violências e a desconstrução da cultura violenta”, explicou.
A psicóloga da Coordenadoria da Mulher do TJSE, Sabrina Duarte, também enfatizou a importância do alinhamento metodológico. “O curso é fundamental para que todas as equipes do Estado que trabalham com grupos reflexivos atuem de forma coesa, seguindo os mesmos padrões e metodologias. É uma capacitação essencial, inclusive para os profissionais que estão iniciando esse trabalho”, destacou.
Pesquisa continuada
O professor João Paulo Feitoza possui uma década de experiência com grupos reflexivos, por meio dos projetos Viver Melhor e Viver Família, executados na Faculdade Estácio em parceria com o TJSE desde 2014. Segundo ele, expandir essa política é uma estratégia efetiva de enfrentamento à violência doméstica.
“Quando construímos o Viver Família, que depois se tornou Viver Melhor, observamos, ao longo dos dez anos de prática, uma queda significativa na reincidência de violência doméstica cometida pelos mesmos autores. A maioria dos participantes não voltava a praticar novos atos de violência contra a mulher”, concluiu.

