Assistência a doentes falcifomes é discutida


Gestores da administração Estadual já iniciaram as discussões sobre a estruturação de uma política estadual de atenção aos doentes de Anemia Falciforme e outras hemoglobinopatias. A primeira reunião aconteceu no dia 24 de julho e contou com a participação da vereadora Rosângela Santana, que reafirmou o compromisso com a assistência aos doentes falciformes, já que ela teve aprovado, no âmbito de Aracaju, seu projeto de lei 119/07, que cria o “Programa de Diagnóstico, Prevenção dos Agravos, Assistência Médica Integral e Orientação Educacional às Pessoas Portadoras da Doença Falciforme na Cidade de Aracaju”.


A oficina, que aconteceu no auditório do Laboratório Central de Sergipe (Lacen) no dia 24/7, trouxe para gestores de Sergipe a explanação da bióloga Silma Melo, integrante da equipe de Atenção aos Doentes de Anemia Falciforme e outras Hemoglobinopatias do Ministério da Saúde, em Brasília. De acordo com Silma Melo, apenas 15 Estados, dos 26 Estados e Distrito Federal do Brasil, têm uma rede de atenção e assistência aos vitimados pela doença. No Nordeste, recentemente Alagoas e Rio Grande do Norte se mostraram interessados. “Em Sergipe estou bem confiante, principalmente por conta do empenho do secretário da Saúde”.


“Vocês têm uma lei municipal, mas pena que não há ainda uma lei Estadual. Espero que essa lei sirva de base para uma lei Estadual”, comenta Silma Melo. A reunião de hoje foi apenas um primeiro momento de discussão interna sobre essa nova política de Saúde. Duas etapas serão necessárias para a implantação total: a primeira vai preparar o Estado para a segunda fase da triagem neo-natal, onde, no teste do pezinho, poderão ser identificados o hipertireoidismo, o fenilcetonúria, a doença falciforme e outras hemoglobinopatias. Hoje, Sergipe se encontra na primeira fase: o teste do pezinho só identifica o hipertireoidismo e o fenilcetonúria. A segunda etapa de implantação vai estruturar a rede de atenção para os pacientes identificados com a doença em todo o Estado.


Estrutura


O gestor de Atenção Básica da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Luiz Cláudio Barreto, explica que a intenção do Ministério da Saúde é habilitar todos os Estados do Brasil na fase dois do deste do pezinho. “Então, essa ação faz parte de proposta da SES de atender às especificidades da Saúde da população negra do Estado”, diz, acrescentando que esse não é o único eixo de atuação. “Além da atenção à doença falciforme, o Estado tem plano de combate ao racismo institucional e de atenção à Saúde das populações quilombolas”.


Silma Melo, no entanto, alerta para algo muito importante: não são apenas as pessoas de pele escura que podem ter a anemia falciforme. “A gente vem para deixar claro que não é apenas o negro que pode ter a doença. Ela pode ser encontrada em todas as etnias, mas com mais destaque nos negros porque essa doença veio da África. Com a miscigenação, temos a doença em pessoas brancas de olhos azuis também e ela precisa ser tratada pelo SUS, que é para todos”. No entanto, Silma enfatiza que os movimentos negros organizados foram essenciais para que se prestasse atenção na doença. “Eles fizeram a atenção ser voltada para a doença nos Estados, municípios e no Ministério da Saúde”.