Quase 60 exames de DNA podem ter sido falsificados


A bioquímica gaúcha Priscila Rodrigues Ordonez, suspeita de fraudas exames de DNA, responderá por estelionato e falsificação de documentos. Presa esta semana, hoje ela foi transferida da carceragem do Complexo de Operações Especiais da Polícia Civil (Cope) para uma cela do Quartel Geral da Polícia Militar.


 


O laboratório da bioquímica está localizado no Centro Médico Clinical Center, na Praça da Bandeira. O estabelecimento era responsável pela realização da coleta de sangue para os exames de DNA, para o Projeto Paternidade Responsável, desenvolvido pelo Ministério Público Estadual (MPE)


 


De acordo com a promotora Ana Christina Brandi, do Núcleo de Serviços de Relevância Pública do MPE, as fraudes estavam sendo investigadas pelo Ministério Público desde maio deste ano, quando ela e mais dois colegas perceberam que estavam ocorrendo atrasos na entrega de alguns resultados. “Além disso, alguns deles estavam vindo com a probabilidade de acerto de 66,6%. E o exame de DNA, para ser correto, tem que ter 99,9% de acerto”.


 


A ser chamada para prestar depoimento no MPE, a bioquímica negou tudo, mesmo com todas as provas apresentadas pelos promotores Christina Brandi, Eduardo Seabra e Gláucia Queiroz de Morais. “Ela fingiu até que ia desmaiar e chegou a dizer que ia se matar”.  No dia 19, Priscila Ordonez será interrogada no Fórum e responderá a processo criminal. Ela pode ser ainda condenada a pagar indenizações às vítimas.


 


Conforme com levantamento feito pelo MPE, do total de 59 exames realizados pelo laboratório, somente 17 deles tiveram as amostras de sangue enviadas para o laboratório DNA Vida, em Goiânia. “Quando começaram a surgir os problemas, nós ligamos para lá e nos informaram que só haviam recebido 17 amostras de sangue. Os outros 42 supomos que foram falsificados”, disse a promotora.


 


Além disso, as suspeitas de fraude foram reforçadas pela assinatura do médico, que vinha sendo falsificada. “O perito que assinava os resultados já havia saído do laboratório em Goiânia há mais de um ano. O que foi que a biomédica fez: ela tirou o molde do papel de lá, falsificou a assinatura do perito, pensando que ele ainda estivesse trabalhando no local”


 


Resguardando os nomes, Christina Brandi informou que todo o pessoal que foi submetido aos exames já foi chamado e ouvido pelo Ministério Público. “Os exames já estão sendo refeitos, com um laboratório novo daqui, de confiança, que é o do convênio feito através da Secretaria de Inclusão Social. Cerca de 20 já foram reencaminhados”.


 


Após meses de levantamento, o Ministério Público fez a denuncia à juíza Gilmara Porto, da 9ª Vara Criminal. “Quando tínhamos provas concretas, nós fizemos à denúncia, pedimos a prisão preventiva e de imediato a juíza nos atendeu, diante da barbaridade do crime cometido por Priscila Ordonez”, disse a promotora.