O Conselho Regional de Serviço Social 18ª Região (CRESS Sergipe) vem realizando o Curso de Serviço Social e Crise Sanitária com o objetivo de oferecer uma reflexão crítica sobre o exercício profissional do/da assistente social no contexto da pandemia e os principais desafios postos pela conjuntura brasileira. O módulo 4 foi realizado nessa terça-feira, 7, e teve como tema “O Serviço Único de Assistência Social (SUAS) em tempos de pandemia”. Os ministrantes foram a assistente social e professora titular da ESS/UFRJ, Ivanete Boschetti, e o assistente social e secretário municipal do Desenvolvimento Social e do Trabalho de Lagarto, Valdiosmar Vieira Santos; além da mediadora Izabel Almeida, assistente social e conselheira do CRESS/SE.
Ivanete Boschetti, que também é mestre em Politica Social/UnB e foi vice-presidente e presidente do Cfess (2005-2011) e presidente da Abepss (1998-2000), destacou durante a sua fala sobre a relação da assistência social com a desigualdade social e o capitalismo. “Pensar a assistência social, significa pensar como a assistência social se relaciona com esse sistema de produção e reprodução ampliada da riqueza, que é muito desigual pelo não acesso, tanto à propriedade, quanto ao rendimento. A assistência social se organiza para dar respostas às situações de desigualdades e pobrezas, e sempre se estrutura numa perspectiva voltada para o atendimento das necessidades sociais”, explicou a assistente social.
Ainda segundo a pesquisadora e professora Ivanete Boschetti, a assistência social tem dois eixos de atuação. “Por um lado, a assistência social assegura a transferência monetária para as pessoas que estão excluídas dos rendimentos de trabalho, e o outro eixo é a garantia de bens e serviços, vinculados ao atendimento a algum tipo de necessidade social e sempre vinculado às pessoas com baixo rendimento ou uma baixa condição social. E ainda há uma terceira característica, pois a assistência social vive uma tensão com relação ao trabalho e aos direitos dos trabalhadores”, acrescentou Ivanete, destacando que com a pandemia, o SUAS não tem recursos financeiros, equipamentos e estruturas suficientes para atender todas as demandas diante dessa nova situação que a pandemia está colocando.
Para o assistente social Valdiosmar Vieira Santos, mesmo diante de uma pandemia, infelizmente, as vidas que se perdem são tratadas como números. “Infelizmente há uma hierarquização dos seres humanos que o sistema capitalista traz, diferenciando os seres humanos dependendo da sua profissão ou classe social. Quando discutimos o SUAS, as políticas públicas e as garantias de direitos, temos que analisar essa hierarquização que é imposta, pois os profissionais do serviço social são vistos como categorias profissionais subalternizadas, como sendo uma coisa feita para pobre e sem valor. Com a pandemia, a saúde e a assistência social foi trazida para o foco, para minimizar os efeitos catastróficos, não da pandemia, mas os efeitos da possível falência do sistema capitalista”, salientou.
Também participou do curso a presidente do CRESS/SE, Dora Rosa, que agradeceu a participação dos ministrantes para contribuir com a qualificação dos/as profissionais do serviço social. “O curso faz parte do cumprimento à carta-programa da Gestão ‘É preciso Estar Atento e Forte’ – 2020/2023 e estamos recebendo muitos elogios desde o início do primeiro módulo. Cada módulo trazemos ministrantes diferentes e os conteúdos sempre enriquecem a nossa categoria”, enfatizou a presidente do CRESS/SE.
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Ascom/Cress-SE