Psiquiatra alerta para sintomas de depressão pós parto

Tristeza intensa, desesperança, choro frequente, sentimento de desamparo, desânimo, dificuldade para se concentrar e executar todas as rotinas. Esses são sintomas da depressão pós-parto, um adoecimento psíquico que geralmente acontece nos primeiros 30 dias do puerpério.

“A mulher, após o parto, começa a manifestar comportamentos que podem oscilar entre uma apatia profunda ou um estado de muita excitação e ansiedade. Algumas pessoas assimilam a depressão com aquele estado onde alguém está bem apático, muito choroso, sem muita resposta social”. Quem explica é a psiquiatra da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, Ana Salmeron.

Ela observa que algumas mães experimentam alterações de humor e crises de choro após o parto que desaparecem rapidamente, devido às alterações hormonais decorrente do término da gravidez. ”Em algumas mulheres os sintomas são mais intensos e dão origem à depressão pós-parto, conhecida como psicose pós-parto”, observou a médica.

A psiquiatra da MNSL, Ana Salmeron, explicou que o período gravídico puerperal é a fase de maior prevalência de transtornos mentais na mulher, principalmente no primeiro e terceiro trimestre e que 1/5 das mulheres no período gestacional apresentam depressão. Nesse período o risco para suicídio é maior, em especial de mulheres que já tiveram tentativas anteriores e história familiar de depressão e suicídio.  A depressão atinge de 10 a 20% das mulheres grávidas, podendo ocorrer pensamentos recorrentes de morte.

Salmeron explica, também, que um estudo americano sobre suicídios indica que 45,7% ocorrem durante a gravidez e os problemas com os parceiros e ex-companheiros contribuem para mais da metade das mulheres cometer o ato. “Nos EUA, as mortes violentas por homicídio e suicídio ultrapassam as causas de morte mais frequentes, como pré-eclâmpsia e hemorragia”, disse.

Ela atentou que existem casos em que a mulher fica muito irritada, impaciente, não consegue dormir, nem comer. São estados emocionais que vão interferir na relação da mãe com o bebê. Nos países desenvolvidos a prevalência da depressão tem maior frequência entre 10 a 15% das mulheres e nos países em desenvolvimento a prevalência é de 20%. Ressaltou ainda que na China, Japão, Malásia, há forte suporte social oferecido às mulheres na gravidez, diminuindo os comportamentos e emoções não saudáveis.

Pós-parto

A psiquiatra explicou que a principal causa da depressão pós-parto é o enorme desequilíbrio de hormônios reprodutivos do período. Além disso, a privação de sono, isolamento, alimentação inadequada e falta de apoio do parceiro também podem potencializar esses fatores que podem ser de choro, dificuldade de socializar, excitação excessiva, que faz com que a mulher tenha insônia, falta de apetite e não consiga desligar devido à tensão.

Causas

Não há uma única causa para depressão pós-parto. Fatores físicos, emocionais e de estilo de vida podem influenciar de alguma forma no surgimento da doença. As causas da depressão pós-parto não são lineares. “Tem alguma coisa que pode acontecer na gestação ou no parto, que pode motivar um processo de depressão, mais não são causas lineares”, ressaltou a psiquiatra.

Ela disse, ainda, que após o parto, ocorre uma queda dramática nos hormônios estrogênio e progesterona, e essas mudanças, por si só podem contribuir para um quadro de depressão pós-parto. “Outros hormônios produzidos pela glândula tireoide também pode cair bruscamente – o que pode aumentar o cansaço e a sensação de tristeza. Mudanças no seu volume de sangue, pressão arterial, sistema imunológico e metabolismo podem contribuir para a fadiga e alterações de humor”, enfatizou a psiquiatra.

Emocional

Por estar privada de sono e sofrendo algum tipo de estresse ou pressão psicológica, a parturiente também pode se sentir menos atraente ou que perdeu o controle sobre sua vida. Qualquer um desses fatores pode contribuir para a depressão pós-parto. “Existem casos em que a mulher fica muito irritada, impaciente, não consegue dormir, nem comer. São estados emocionais que vão interferir na relação da mãe com o bebê. O quadro de depressão pós-parto só é diagnosticado depois de 30 dias de puerpério, antes disso há grande oscilação emocional. Passou dos 30 dias e ela continua com estado de apatia, choro, ansiedade e dificuldade de cuidar do bebê, então é algo que pode ser cuidado, essa mãe pode amamentar, caso ela precise tomar algum tipo de medicação, já existe medicação compatível com a amamentação”, atentou a médica.

Homens

Os homens também podem ter a depressão pós-parto que pode surgir por conta da preocupação com sua própria capacidade de educar um recém-nascido. A ansiedade em prover uma boa vida para a criança, o aumento das responsabilidades e o suporte que se deve dar à parceira estão entre as causas do problema.

A médica orientou que o tratamento inclui: fonte de apoio – importância do pai no bem-estar psicológico da mulher, das redes de apoio de saúde e social nas questões de acolhimento, da família, moradia e alimentação; exercícios físicos indicados para o segundo trimestre, massagem. Ressaltou que após o primeiro trimestre podem ser usados medicamentos fitoterápicos e antidepressivos.

“A família tem um papel fundamental no puerpério porque é rede de apoio. Quando essa adaptação é vivida com uma rede de apoio que fortalece os pontos positivos da relação dela com o bebê, a família é essencial, porque tanto ela pode entrar no lugar de crítica, como pode tentar buscar o que há de positivo nessa relação e fortalecer a situação”, concluiu a psiquiatra, Ana Salmeron.

Fonte: SES