O Programa Viva Bem, apresentado todos os sábados na rádio Ilha FM, trouxe no quadro “Alô Doutor” deste sábado, 5, o médico geneticista Emerson Santana Santos, único geneticista do estado de Sergipe e médico da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes. Em sua entrevista, o médico abordou as principais doenças genéticas que causam más formações nos bebês e também frisou a questão dos bebês que estão sendo acompanhados após a confirmação da Microcefalia, falando ainda das características de um bebê que nasce com essa doença.
Qual a função de um médico geneticista?
Essa é uma especialidade médica recente, com uma área de atuação muito ampla, desde o feto ainda no útero até um idoso com alguma doença genética. O geneticista lida com pacientes com defeitos congênitos de nascença, ou até casais que têm dificuldade para engravidar. O carro chefe do momento são as crianças que nascem com qualquer defeito congênito e essas más formações congênitas são causadas por dois grandes grupos: por efeito genético (do DNA herdado pelos pais); ou por fatores externos, como por exemplo, o uso de bebida alcoólica durante a gestação, cigarro ou alguns vírus como a rubéola e Zika, assim como a radiação, que é nociva para o bebê.
Desses problemas genéticos tem alguns que são mais conhecidos pelas pessoas, como a Síndrome de Down. Que outros além desse seria importante citar?
A Síndrome de Down é a síndrome genética mais conhecida, pois de cada 600 bebês que nascem, um tem Síndrome de Down. No segundo lugar do ranking está uma síndrome que não é genética e também é pouco falada, causada por um fator ambiental externo, que é a Síndrome Alcoólica fetal, quando o bebê nasce com mal formações quando a mãe ingere muito álcool durante a gestação. As mulheres por uma questão de liberdade acabam bebendo muitas vezes igual ou mais que os homens, mas as mulheres que estão com vidas sexuais ativas e não estiver se prevenindo pode acabar engravidando e não saber logo no início, e é justamente no início da gestação que se a mulher grávida ingerir álcool o bebê pode nascer com algum tipo de problema congênito.
Outra questão é o uso das drogas e do cigarro.
Isso mesmo, sabemos que as mães que fumam cigarro ou outras drogas como maconha durante a gravidez, há a possibilidade da criança nascer com baixo peso, desempenho na questão cognitiva e de inteligência menor que crianças de mães que não fumam. Já vi casos de bebês que tem mães usuárias de maconha, cocaína, crack e realmente o bebê nasce com mais gravidade.
A microcefalia é um assunto que está preocupando muitas grávidas e que atualmente está sendo considerada uma epidemia. O que mudou em relação a circunferência do cérebro dos bebês diagnosticado com essa doença?
A microcefalia assim que iniciou na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes a média mensal era de 3 casos por mês, já em setembro foram 10 casos no mês e em outubro mais 10. Então começamos a entrar em contatos com outros estados, principalmente com médicos de Pernambuco e percebemos que houve um aumento na frequência desses casos. Começamos a investigar e descobrimos através de relatos das mães, que no início da gestação, a maioria delas pegaram uma virose com quadros de dores no corpo e manchas vermelhas que coçavam. Não sabia inicialmente se isso era considero caso de Zika vírus, mas alguns médicos pesquisadores da Paraíba conseguiam isolar um líquido aminiótico de uma mãe que estava gerando um bebê com Microcefalia e já encontrou o vírus da Zika nesse líquido. Isso confirmou que o vírus passa pela placenta e chegou até o feto. Apesar desse vírus ser o motivo para esse aumento dos casos, essa não é a única forma do bebê nascer com essa doença, pode ser através da questão genética. A microcefalia é a redução do volume do cérebro da criança, que nasce com a cabeça pequena e não necessariamente vai ter mal formação. A criança pode nascer com partes do cérebro faltando o que compromete o desenvolvimento da criança. Atualmente já estamos com 100 casos em Sergipe e algumas crianças vão ter um quadro mais leve, outras moderadas e outras com quadros mais grave. O Ministério da Saúde relatou que a partir de 33 cm o cérebro do bebê não terá como constatar a doença. Mas agora o Ministério reduziu esse número para 32 cm, e caso o bebê nasça com o cérebro com tamanho menor que esse valor, terá que realizar uma bateria de exames, como tomografia, ultrasson da cabeça, exames de sangue para ser investigado se há ou não confirmação de Microcefalia.