Em entrevista, a coordenadora do Programa de Controle e Combate à Dengue (setor da Vigilância em Saúde) Taíse Cavalcante, explica a situação da dengue em Aracaju (até o mês de agosto) e revela como a população deve prevenir focos do mosquito Aedes aegypti, contribuindo assim para que não venha a acontecer epidemia da doença na capital.
Quantos casos de dengue foram notificados este ano até agosto? E casos confirmados?
Foram notificados 1.321 casos. Destes, 618 com classificação final de dengue até agosto.
Houve aumento ou redução se comparado ao mesmo período do ano passado?
Este ano, pelo fato da mudança no conceito de caso suspeito de dengue, onde tivemos o acréscimo de sinais e sintomas que não eram considerados em 2013, não podemos fazer uma comparação direta com o ano anterior, pois não estaríamos avaliando o mesmo conceito. Desta forma, já estávamos esperando um número maior de casos notificados por causa desta mudança no diagnóstico, através dos sinais e sintomas apresentados pelo doente. A nossa avaliação para este ano ficou pautada no que se espera de pessoas que poderão adoecer a cada ano nos municípios. Esse cálculo é feito esperando que 2% de toda a população do município poderão apresentar a doença durante o ano. Em Aracaju estávamos esperando que 12.292 pessoas tivessem dengue este ano. Considerando até o mês de agosto de 2014, seriam 10.055 pessoas doentes, mas registramos neste período 1.321 notificações (13% do esperado), sendo que somente 618 casos (6% do previsto) foram confirmados como dengue.
No mês de setembro o clima já começou a esquentar, mas ainda há a presença de chuva. A população deve ficar mais atenta?
A população de Aracaju deve ficar atenta durante todo o ano. O clima de Aracaju favorece o desenvolvimento do mosquito Aedes aegypti que é o transmissor da doença. O primeiro semestre de cada ano sempre é o período esperado para uma transmissão mais rápida da doença, pela condição de chuvas esparsas com muito calor (ambiente favorável para o crescimento mais rápido do mosquito). Estamos entrando no período de intensificação dos trabalhos para preparar a chegada do verão, eliminando dos nossos quintais todo e qualquer entulho que venha servir de acúmulo de água.
Quais os bairros com maior incidência do vetor?
Estamos realizando o 5º Levantamento Rápido do Aedes aegypti de Aracaju para termos o diagnóstico do momento para a intensificação das ações de campo nos bairros que apresentarem infestação do vetor acima do preconizado pelo Ministério da Saúde. Considerando o último resultado do levantamento que ocorreu em julho, tivemos três bairros naquele momento com índice maior que quatro que é considerado risco de epidemia: Pereira Lobo, São José e Suissa.
Aracaju corre o risco de enfrentar outra epidemia?
O risco sempre vai existir. Se não tiver um programa trabalhando para a orientação da comunidade, se não tivermos coleta adequada de resíduos sólidos, se não tiver distribuição adequada de água encanada para que a população não precise armazenar de forma inadequada e, principalmente, se a população não colaborar com a limpeza do seu espaço para evitar locais que sirvam de acúmulo de água deixando se formar o criadouro do Aedes, certamente correremos risco de epidemia. Temos que prestar atenção sempre para evitarmos criadouros do mosquito.