Município de Nossa Senhora do Socorro quer implantar cooperativa
O município de Nossa Senhora do Socorro analisa a possibilidade de implantação de uma Cooperativa de Agentes Autônomos de Reciclagem – CARE -, a exemplo da que já funciona há dez anos na comunidade Santa Maria, em Aracaju, sob a coordenação do Ministério Público de Sergipe. A CARE Aracaju emprega 42 famílias de catadores de lixo da antiga lixeira da “Terra Dura”. A informação é do secretário municipal do Meio Ambiente, Manoel Messias Vasconcelos que acompanhou a secretária de Ação Social de Socorro, Silvia Fontes, a uma visita, promovida pelo Ministério Público à cooperativa na manhã desta quarta-feira.
A Care é a única cooperativa no ramo, juridicamente constituída no país, e serve de modelo nacional. Participaram da visita os representantes dos municípios da Grande Aracaju, além de Santana do São Francisco. O objetivo do MP é incentivar os municípios sergipanos a criarem cooperativas municipais do gênero para promover a coleta seletiva, principalmente nas repartições públicas, fontes geradoras de material descartável sólido.
José Soares de Aragão Brito, da defesa comunitária do Ministério Público, coordenou a visita. Na oportunidade, ele disse que “se todos os municípios implantassem uma cooperativa de reciclagem, pelo menos 30% do material que é levado aos aterros sanitários poderiam dar emprego e gerar renda para centenas de famílias que vivem das lixeiras”. Ele informou ainda que “a Care tem capacidade de acolher 90 famílias, o que não pode ser feito pela falta de material pré-selecionado. Daí a necessidade do Estado e dos municípios criarem Decretos semelhantes ao do governo federal, determinando a seleção do material descartável em todas as repartições públicas”, acrescentou o coordenador.
Com a criação da Care, os antigos catadores de lixo trabalham somente de segunda a sexta-feira e conseguem ganhar, pelo menos, um salário mínimo por mês. Também ganharam moradia, têm escola para os filhos e ainda contribuem com a previdência social, reciclando plástico, papel, papelão, vidro e outros materiais aproveitáveis.
A cooperativa recicla e vende mensalmente, cerca de 60 toneladas de material. “O lixo é tudo pra mim. O lixo é muito dinheiro jogado fora. O catador que quiser trabalhar ganha muito dinheiro, na lixeira”. São palavras de José Pereira, catador há mais de 26 anos. Começou na lixeira da Soledade, passou para a da “Terra Dura” e desse trabalho criou 10 filhos, um dos quais chegou a fazer vestibular e iniciar os estudos na faculdade. Hoje, seis dos seus filhos trabalham na Care. Cada um ganha um salário mínimo por mês.
Seu José Pereira disse que a cooperativa era um sonho seu. Ele revelou que “com o que ganhei na lixeira da Soledade, cheguei a comprar um caminhãozinho e passei a transportar lixo. Depois, quebrei, mas mantive a minha família desse trabalho. Na Care, conseguiu uma casa própria, estudo garantido para os meus filhos e é importante que cada prefeito crie a sua Cooperativa para dar emprego aos catadores que estão nas lixeiras”, concluiu o catador.