Viva Bem entrevista presidente da Sociedade Médica de Pediatria, Glória Tereza

O Programa Viva Bem deste sábado, 23, entrevistou no quadro Alô Doutor a presidente da Sociedade Médica de Pediatria, Glória Tereza Lopes, que falou sobre a Microcefalia e sobre os cuidados que a população precisa tomar para evitar a contaminação do Zika Vírus. Confira a entrevista. 

Magna Santana: Como a Sociedade Médica de Pediatria está acompanhando esses casos de Microcefalia?

Glória Tereza: A sociedade médica está acompanhando com muita preocupação esses casos que vem assustando toda a sociedade. Os números de casos são alarmantes e crescem em 10% a cada semana, então, a cada mês é quase 50% de aumento. O mosquito infelizmente não vai desaparecer e isso vai continuar na sociedade, então ou a população se conscientiza e cuida de seu próprio quintal e de sua casa, ou os números só vão aumentar. Outra coisa é denunciar os focos que estão na rua para as instituições públicas responsáveis pelo combate ao mosquito. E a população não pode apenas esperar pelas ações do governo, cada um tem que fazer a sua parte.

MS: Em relação à assistência? Pois estão cada vez nascendo mais crianças, como está a assistência a essas crianças e às famílias?

GT: Os pais de crianças que são portadoras de necessidades especiais, como paralisia cerebral, a gente já tinha crianças na nossa sociedade que já estavam desassistidas porque o poder público não tem um potencial para dar toda a assistência que essa criança precisa para o seu desenvolvimento. E daqui a 10 meses, quando essas crianças chegarem na época de sentar, de falar, elas só vão ter essas condições se tiver uma equipe multidisciplinar, com fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogo, psicólogos para a família, ou seja, será um custo enorme e o governo vai acabar triplicando os investimentos. Só o kit do diagnóstico para detectar a doença custa 20 dólares cada um. Então será elevado o custo de assistência para cuidar dessas crianças. Outra questão social é que a mãe dessa criança não vai poder trabalhar, pois tem que ter um cuidado total da criança e isso compromete a renda familiar e isso será mais um custo social que esse quadro vai trazer.

MS: Com quantos meses de gravidez que se adquirir o vírus Zika e que pode trazer sequela para o bebê?

O Zika pode trazer uma infecção sutil, sem chamar muita atenção, há um tempo atrás muitas mulheres tinham sintomas de febre, vermelhidão, coceira, mas não sabia que era o Zika Vìrus. Mas agora já sabemos que há esse novo vírus, que apesar de ser parecido com os sintomas da Dengue e da Chikungunya, é mais fácil de distinguir, porque essas últimas duas doenças são mais dolorosas. A Dengue durante duas semanas a pessoa sente uma febre quebra ossos e a chikungunya não, dura meses as dores articulares, impedindo a pessoa até de trabalhar. E a Zika não demora tanto, mas ele atinge o sistema nervoso e por isso que afeta o cérebro da criança em formação.  Nos primeiros três meses é o momento em que os órgãos do bebê estão se formando, não sabemos ainda qual o alcance do Zika Vírus no feto, mas a rubéola também atinge nos primeiros três meses, só que isso não impede que a mulher não esteja se prevenindo, pois todo cuidado é pouco. Existe a Síndrome de Guillain Barré, que também é outra consequência para as pessoas que estão fora do útero, e o risco de um bebê pequeno de contrair o vírus depois de nascido é o mesmo risco que um adulto corre, essa síndrome é neurológica que é uma complicação que está ligada a imunidade do paciente, se ele estiver suscetível ele pode ter essa outra complicação, mas ainda bem que essa síndrome é um número bem menor.

MS: O uso de repelentes também é importante…

GT: É importante que as gestante usem repelentes, na rede pública as gestantes já estão recebendo esses repelentes que o Ministério da Saúde já está encaminhando. Desejamos que a gestantes proteja seu corpo com roupas de manga comprida, saia e calças compridas. No caso da criança é importante também passar repelente, evitar ir no parquinho no horário que tem mosquito e também fechar portas e janelas. Com relação aos repelentes para as crianças, até os seis meses, não temos comprovação de repelentes seguros para esses bebês, e o método de segurança é o de barreira mesmo, colocar sempre roupinha comprida, evitar ir para lugares que atraiam muitos mosquitos e a partir de seis meses tem repelentes infantis que podem ser usados, mas evitar as mãos e o rosto para não colocar na boca.