As mulheres têm risco aumentado, quando comparadas com homens, de desenvolver sintomas de ansiedade e/ou depressão, ao longo da vida. Essa diferença pode corresponder até o dobro de casos em pessoas do sexo feminino. De acordo com a psicóloga Camila Barreto (CRP19/2145), da Attento Consultórios & Consultoria, o risco de desenvolver transtornos psiquiátricos pode estar ainda relacionado às oscilações hormonais.
“Dessa forma, elas se tornam mais vulneráveis, a considerar, também, a associação desse fator com aspectos genéticos e estressores. As mulheres estão mais expostas a situações de violência, de abuso e traumas. As responsabilidades e sobrecargas que essas mulheres passam no dia a dia, as atividades domésticas e familiares, podem contribuir para o aumento de incidência de transtornos psiquiátricos ao comparar com os homens”, explica.
E para cada faixa etária há riscos iminentes. As emoções se fazem presentes em todas as etapas da vida, afinal de criança a idoso as sensações e os sentimentos perpassam as relações humanas. Mas cada período do desenvolvimento humano requer um cuidado específico.
“Na infância, todo olhar cuidadoso para os problemas de saúde mental. No período de 10 anos até os 19 são outros riscos e preocupações, mudanças nos aspectos físicos, emocionais e sociais influenciam o comportamento e podem afetar a saúde mental dos jovens. No caso das meninas, elas ficam mais expostas aos fatores de risco. O que chama a atenção é que a maioria dos adolescentes e dos jovens não recebe nenhum tipo de assistência ou tratamento, o que acaba perdurando até a vida adulta”, pontua.
Especialistas discutem sobre a necessidade de se educar filhas para estarem devidamente preparadas para a pressão biológica que já é esperada nas mulheres. Em análise, a psicóloga clínica e escolar diz que é preciso educar as crianças como um todo, independente de gênero, com uma prática educativa, por meio de uma comunicação não violenta, que permita a quebra de preconceitos nessa relação entre homens e mulheres.
“Essa pressão existe, é real, mas iniciamos em casa, essa quebra de paradigmas. Meninos e meninas aprendendo que irão ocupar seus espaços sociais, compreendendo as diversidades que os circulam. Visando as meninas, incentivá-las a irem para as relações sendo quem elas realmente são e isso se dá no seio familiar, quando os adultos envolvidos enfatizam o respeito pelo espaço da criança, contribuindo para que ela construa autoconfiança, autoconhecimento. O que não dispensa que na formação dos meninos seja inserida uma linguagem de empatia”, orienta a psicóloga.
Dores emocionais
E quando a emoção se transforma em dor? A dor da solidão, da tristeza, do abandono, do medo de não dar conta dela e de tudo que lhe é atribuído, vozes de pensamentos de censura, de bloqueios, de incapacidade. Não é exagero dizer que em 2020 quase todo mundo sentiu na pele o que é estar deprimido e para as mulheres o impacto foi maior.
O índice de mulheres com depressão é duas vezes maior do que em homens. Mas por que isso acontece? Estudos apontam que o risco de depressão é entre 10% e 25% para mulheres. Enquanto isso, entre os homens, o índice fica entre 5% e 12%. Uma soma de fatores sociais, e também biológicos, explica esses números, que vão de questões hormonais até a dupla jornada de trabalho para conciliar carreira e tarefas domésticas.
A psicóloga Camila Barreto, revela ainda que a depressão pode estar relacionada aos hormônios sexuais. “A diferença entre homens e mulheres com depressão começa a ser mais acentuada a partir dos 15 anos. Com a puberdade, tem início a produção de hormônios sexuais, que consequentemente acaba sendo um fator a mais na tendência à doença entre as mulheres. Enquanto o organismo masculino produz um único hormônio sexual, a testosterona, as mulheres enfrentam uma bipolaridade hormonal. Durante 14 dias do ciclo menstrual predomina o estrógeno, enquanto nos outros 14, a predominância é da progesterona. O estrógeno faz com que as mulheres fiquem mais alegres e ativas. Entretanto, quando a produção desse hormônio cai, elas se sentem mais cansadas, nervosas, preocupadas, tristes e irritadas. Isso ocorre próximo à menstruação, a conhecida TPM. Consequentemente, essa alteração hormonal é um dos fatores que contribuem para que o sexo feminino tenha uma maior predisposição para depressão, assim como outros transtornos depressivos, como por exemplo, as distimias, estados de alteração de humor que correspondem à depressão leve”, enfatiza.
Autocuidado
Estudos mostram que alguns hábitos e comportamentos devem fazer parte da nossa rotina com o objetivo de fortalecer a saúde mental e nos proteger da depressão. A prática do autocuidado pode, sim, mudar o cenário de adoecimento mental.
“Para praticar o autocuidado é necessário construir rotinas, organizar uma agenda e nessa ter momentos para estar consigo mesma: fazer uma atividade física, cuidar da alimentação, ter momentos de lazer, meditação. A pessoa precisa considerar as ferramentas e os caminhos que ela possui, para que venha entender sua realidade e não se comparar com outras vidas e histórias. Essas práticas irão proporcionar um bem-estar, tirando pesos que se tornam impossíveis de carregar”, aconselha.
“Investir em autoconhecimento e na autoestima faz toda diferença: uma pessoa mais confiante, segura, criativa. No caso da mulher, ela consegue entrar nas relações entendendo qual é o seu papel diante de cada circunstância, compreende o espaço do outro. Vive uma vida com mais leveza e fluidez”, completa a psicóloga Camila Barreto.
Fonte: Assessoria de Imprensa | Attento Consultórios & Consultoria