Prática de esportes ou exercícios melhora o humor e a saúde mental

Pesquisas científicas apontam que as atividades físicas aplacam as sensações de estresse e melhoram o estado emocional; maioria da população diz não ter interesse em esportes por “não se identificar” com uma modalidade

Foto: Âncora

A prática constante de exercícios físicos impacta de maneira positiva no bom humor e na saúde mental de quem pratica. Em muitos casos, a energia gasta pelo corpo nestas atividades físicas ajuda a aplacar as sensações de raiva, irritação e estresse. Esta conclusão está em uma pesquisa divulgada em 2019 pela revista científica americana Medicine & Science in Sports & Exercise (MSSE) e realizada por pesquisadores da Universidade da Georgia, nos Estados Unidos.

 

Na ocasião, eles analisaram o comportamento de 16 homens com elevados níveis de irritação, que foram colocados para praticar 30 minutos de exercícios aeróbicos moderados e intensos. Antes e depois dos exercícios, os voluntários foram expostos a vídeos e imagens “emocionalmente evocativas”, incluindo situações de violência extrema. “Os resultados indicam que o exercício agudo reduz o humor de raiva e mitiga a sua indução, mas não altera a intensidade das emoções ou as respostas potenciais”, diz a conclusão do estudo.

 

Este é apenas um dos inúmeros estudos científicos que relacionam a prática de exercícios físicos com a melhoria da saúde mental e do estado emocional de cada pessoa. A própria literatura médica ensina que as atividades físicas regulares estimulam a produção de diversos hormônios reguladores do corpo humano. O professor Cleberson Costa, do curso de Psicologia da Universidade Tiradentes (Unit), explica que um deles é a endorfina, que ativa a sensação de recompensa através do prazer após a atividade física que exigiu um grau de esforço e desafio para a pessoa. “É importante pensar em atividades contínuas e, preferencialmente em grupos, pois estas podem potencializar sensações positivas tanto do ponto de vista fisiológico, quanto psicológico”, diz ele.

 

Costa destaca ainda que a atividade física também desperta muitas outras sensações positivas que a pessoa desenvolve de si e da sua interação com o ambiente, incluindo a autoconfiança, a melhoria de autoimagem, a disposição e o bom humor. “Quando nos exercitamos regularmente, podemos afirmar que estamos exercitando nosso cérebro. Diversos são os estudos que apontam melhorias nas funções cognitivas básicas como atenção, percepção e memória, em pessoas que praticam atividade física e/ou esportiva de maneira regular. Nossa saúde mental agradece!”, atesta.

 

Não tem “atividade ideal”

 

Muitas pessoas se questionam que tipo de exercício ou esporte seria o ideal para melhorar o humor e a qualidade de vida. Uma pesquisa feita em 2015 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em parceria com o Ministério do Esporte (MEsp) mostrou que 38,8 milhões de pessoas praticavam esportes, como futebol, caminhada e esporte fitness, motivados principalmente pela vontade de “relaxar” ou “se divertir”. Outros 28,1 milhões se dedicam a atividades físicas como caminhada, academia de ginástica e musculação, com a intenção de “melhorar a qualidade de vida ou o bem estar”. Por outro lado, 123 milhões de pessoas não praticavam esportes, alegando “falta de tempo” ou de interesse.

 

Cleberson Costa afirma que a dúvida ou indecisão sobre qual modalidade seguir é uma das maiores causas de abandono de atividades físicas ou esportivas. “Pensando no nosso país, nós não temos uma cultura esportiva. Então somos apresentados a pouquíssimas modalidades esportivas e a poucas modalidades de atividade física, em que muitas pessoas não se identificam”, explica, frisando que não existe uma “melhor” ou “pior” atividade física ou esportiva, e sim aquela que a pessoa se identifica e gosta de fazer.

 

“É importante pensar no que você gosta, olhar para dentro mesmo. Você gosta de fazer atividades individuais ou coletivas? Gosta de atividades que envolvam objetos, como bolas e pesos, ou gosta de atividades trabalhadas em torno do próprio corpo e seus movimentos? Você gosta de deslocamentos ou atividades que sejam mais concentradas? São algumas importantes reflexões, para que a pessoa comece a entender possíveis atividades que ela pode gostar. Daí em diante, é buscar fazer aulas experimentais em locais que disponham de bons profissionais para o acompanhamento”, orienta o professor da Unit.

Fonte: Ascom Unit

Por Gabriel Damásio