Estamos no período do Maio Roxo, mês da Campanha de Conscientização do Lúpus e da Fibromialgia. E para falar sobre o assunto, o reumatologista e especialista em dor da Bios Imunoterapia, Denison Silva, foi o entrevistado do Programa Viva Bem, apresentado por Magna Santana, na Fan FM. Durante o Programa também foram abordadas as Doenças Autoimunes. 
De acordo com o reumatologista, as campanhas que utilizam cores são maneiras de chamar atenção, em cada mês, sobre determinadas doenças. “Algumas doenças são mais prevalentes, como câncer de mama, depressão, e outras, não tão prevalentes, como as doenças autoimunes, representadas pelo Maio Roxo”, destacou.
Durante a entrevista, Denison Silva explicou o que são doenças autoimunes. Segundo ele, o sistema imunológico é preparado para reagir contra situações que são estranhas ao nosso corpo, quando tenta invadir ou desequilibrar alguma função. “Mas em determinadas situações, por questão de erro genético, há uma percepção errada do sistema imunológico e a partir disso que volta-se contra o nosso próprio corpo, porque ele passa a estranhar aquilo que é nosso. Então ele começa a agir contra as nossas células, como se estivesse agindo contra um vírus, uma bactéria, uma célula cancerígena e acaba gerando inflamações”, salientou.
“Em geral, as doenças autoimunes são raras, cada uma delas tem prevalência baixa, mas elas são diversas. Temos centenas de tipos de doenças autoimunes e por isso acaba não sendo tão incomum”, complementou o reumatologista, destacando ainda que a doença autoimune se caracteriza por produzir inflamações contra moléculas, células ou tecidos do nosso corpo.
O especialista também afirmou que para cada doença autoimune existe uma preferência de sistema a ser atacado, e cita alguns tipos dessa doença. “A asma, por exemplo, o sistema imunológico se confunde e passa a atacar as células que compõem o tecido pulmonar, o que gera uma inflamação do pulmão, onde o brônquio fica hipersensível e qualquer estímulo (como poeira ou vírus) faz com que o pulmão feche e a pessoa sinta falta de ar”, detalha.
Denison Silva também pontuou que todo indivíduo já nasce com a sua predisposição genética. “As doenças autoimunes já vêm descritas no código genético de cada um de nós e cada doença espera o momento certo para aparecer. De fato, para ter uma doença autoimune é preciso ter predisposição genética, mas às vezes o indivíduo tem essa predisposição e passa a vida inteira sem desenvolver doença, porque faltou o contato com o ‘gatilho’”, ressaltou.
“O lúpus, por exemplo, é uma doença autoimune que precisa da predisposição genética, mas a maioria das pessoas que tem predisposição para essa doença não irá desenvolver porque não tem contato com o ‘gatilho’ hormonal, o ‘gatilho’ da radiação ultravioleta, ou até mesmo gravidez ou câncer. Ou seja, a predisposição genética não é suficiente por si só para desencadear uma doença autoimune, pois o indivíduo precisa entrar em contato em algum momento da vida com um fator desencadeante para que o sistema imunológico entre em ação”, emendou o reumatologista, dizendo ainda que as doenças autoimunes são crônicas, ou seja, não tem cura.
Principais Doenças Autoimunes
Além da Asma e do Lúpus, que são doenças autoimunes mais comuns, pode-se destacar também outras doenças do tipo, como as Inflamatórias Intestinais, que são as doenças de Crohn e a Retocolite Ulcerativa. “Funcionam do mesmo jeito. O indivíduo tem a predisposição genética, desenvolve uma infecção intestinal comum. A partir daí a mucosa intestinal fica toda inflamada e não para mais de inflamar se não for tratada. Há também doenças autoimunes na neurologia, como a Esclerose Múltipla, onde o paciente tem inflamações no sistema nervoso e acaba perdendo a visão, a capacidade motora. Têm ainda as doenças autoimunes na pele. Chamo atenção para a Psoríase, onde o sistema age contra as células superficiais da pele, produzindo inflamação, feridas e descamações. E as doenças da Reumatologia, além do Lúpus, tem a artrite reumatoide, a espondilite anquilosante, dentre outras”, elencou Denison.
Tratamento
Como as doenças autoimunes não são apenas em uma área do corpo, elas serão tratadas especialmente pelos profissionais relacionados ao tipo de tecido ou órgão que está inflamado, podendo ser um reumatologista, um neurologista, um gastroenterologista ou outro especialista. “O reumatologista acaba tratando mais as doenças autoimunes porque a maioria atrapalha os tecidos conectivos, os tecidos de sustentação do corpo, onde há músculo, tecido fibroso, que é área de atuação do reumatologista”, frisou.
Em relação ao tratamento, Dr. Denison destacou que como não há cura, o importante é manter a doença controlada para que o paciente tenha uma vida normal, sem sentir tantas dores.
Ascom
