Em tempos de pandemia, com restrições às cerimônias de velório, a tradição de homenagear os que já partiram no Dia de Finados foi diferente este ano. Sem as habituais missas nos cemitérios no dia 02 de novembro, as celebrações foram restritas às igrejas, com os mesmos cuidados que já vêm ocorrendo, atendendo os protocolos das autoridades de saúde do estado. Os cemitérios ficaram abertos para visitação, mas também seguiram os cuidados de distanciamento social e uso obrigatório de máscara.
Segundo especialistas junto com a pandemia, eclodiu o sentimento de perdas com as privações de liberdade, do convívio, da tranquilidade em respirar, dos abraços de familiares e amigos. Se a maneira de nos relacionarmos foi alterado, a forma de dizer adeus também mudou. Com isso, o processo de luto ganhou novos contornos.
“O transcurso do luto não é focal, não é localizado. Por isso que a gente chama de processo. O luto vai acontecendo com o tempo e pode ter fases. Os primeiros autores identificaram sendo a primeira delas a negação, depois a raiva, em seguida a negociação, em outro nível a depressão e, por fim, a aceitação. Entretanto, com o tempo os estudos apontaram que não há linearidade nas fases”, explica a psicóloga Tatiana Vasconcelos, uma das coordenadoras do Gespon- Grupo de Estudos sobre Espontaneidade e Criatividade/Unit, e professora do curso de Psicologia da Universidade Tiradentes.
Segundo a psicóloga existe um movimento que acontece no processo de enlutamento entre a elaboração, a ressignificação dessa perda e o ir em direção ao reinvestimento na própria vida.
“É a singularidade de cada um em relação ao processo, como cada um vai experimentar esse movimento. O cenário atual é completamente diferente do que vivíamos há oito meses quando tínhamos os processos de luto, dos rituais socioculturais compartilhados e que consideramos que são rituais protetivos em relação à questão do enlutamento. Porque os abraços das pessoas queridas trazem conforto, a sensação de pertencimento, de acolhimento da dor, de espaço de escuta, de estar junto. E em razão do cenário de pandemia esses rituais não estão sendo possíveis. Isso tem sido um grande desafio para as pessoas que estão passando por um luto”, analisa.
Nessa linha de resgate é importante alimentar uma rede afetiva e ter isso como uma chave para o recomeço. “Não podemos perder olhar do se despedir e honrar quem se foi e acolher quem ficou. É um caminho de busca, não existe um protocolo para lidar com o luto. Mas quando o suporte da rede socioafetiva não alcança a compreensão da dor, a orientação é buscar ajuda profissional’’, conclui Tatiana Vasconcelos.
Fonte: Assessoria de Imprensa | Unit