Junho Vermelho incentiva a doação de sangue e celebra o dia mundial do doador

Foto: Erasmo Salomão / ASCOM MS

Junho é marcado por uma iniciativa crucial para a saúde pública: o Junho Vermelho. No dia 14 de junho, celebra-se o Dia Mundial do Doador de Sangue, uma data instituída pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para agradecer aos doadores e aumentar a conscientização sobre a constante necessidade de sangue seguro. Essa data foi escolhida em homenagem a Karl Landsteiner, imunologista que desenvolveu o sistema de classificação sanguínea ABO, essencial para a medicina moderna.

O médico clínico e professor de Medicina da Universidade Tiradentes (Unit), Dr. Alexandre Mansão dos Santos, explica que a campanha tem uma repercussão global, sendo oficializada no Brasil por várias leis e portarias em nível federal, estadual e municipal. “O Centro de Hemoterapia de Sergipe (Hemose), ligado à Secretaria de Estado da Saúde (SES), iniciou, a partir do dia 06/06/24, a programação relacionada à campanha do Junho Vermelho, mês dedicado ao incentivo à doação de sangue, que este ano tem como tema ‘Para sempre doador – de geração em geração'”, detalha.

Uma única doação de sangue pode salvar várias vidas. O sangue doado é dividido em componentes diferentes – hemácias, plasma e plaquetas – que podem ser utilizados no tratamento de diversas condições médicas. “Por exemplo, o Concentrado de Hemácias, o Plasma Fresco, o Concentrado de Plaquetas e outros processos podem ser realizados conforme a necessidade. Dessa forma, uma única doação pode ajudar a manter a saúde e até salvar a vida de vários pacientes”, exemplifica o médico.

Os bancos de sangue enfrentam vários desafios para manter os estoques adequados. Cada componente sanguíneo tem um prazo de validade específico, tornando essencial a doação regular. “Um concentrado de hemácias pode durar até 42 dias, enquanto um concentrado de plaquetas tem um prazo máximo de uso de 5 dias após a coleta. Uma pessoa com anemia grave precisa de uma a duas unidades de concentrados de hemácias, em média, enquanto um adulto que necessita de transfusão de plaquetas pode precisar de 6 a 7 unidades por transfusão”, observa Alexandre.

Como funciona

Os Hemocentros públicos, como o HEMOSE, funcionam como bancos de sangue, armazenando o sangue em redes de frio apropriadas e atendendo toda a rede hospitalar pública do Estado. “Alguns hospitais têm agências transfusionais próprias e recebem regularmente um número de bolsas de sangue para agilizar o atendimento de situações urgentes. Hemocentros privados atendem principalmente hospitais da rede privada conforme seus contratos e convênios, mas em situações emergenciais, os sistemas público e privado eventualmente colaboram entre si”, explica.

Alexandre destaca que existe uma demanda contínua de sangue para pacientes crônicos, como aqueles com doenças da medula óssea, pacientes em quimioterapia que desenvolvem anemias sintomáticas e pacientes com cirurgias eletivas de grande porte. “Há pacientes que dependem de transfusões regulares por toda a vida. E há uma demanda ocasional decorrente de sangramentos agudos, como traumas por ferimentos diversos (acidentes de trânsito, vítimas de violência, complicações médicas não previstas) que não podem esperar uma nova doação – se não houver sangue doado já em estoque, essas pessoas correm um grave risco de vida”, elenca.

A triagem tem duas etapas: primeiro, são verificados parâmetros mensuráveis como altura, peso, pressão arterial, temperatura e hemoglobina capilar para detectar anemia. “Depois, é feita uma entrevista sigilosa com um profissional treinado, que avalia fatores de saúde e comportamento do doador, como uso de medicamentos, sono, alimentação, histórico de hepatites virais, comportamentos de risco e uso de drogas injetáveis, para garantir a segurança tanto do doador quanto do receptor”, enfatiza o médico.

Desmistificando a doação de sangue

  1. O principal mito é que a doação pode transmitir alguma doença ao doador. “Todo o material usado na doação é descartável e aberto apenas na presença do doador aprovado na triagem. Neste momento, são realizadas coletas de amostras para verificar algumas doenças prévias que podem ter passado despercebidas. O processo é limpo e seguro”, ressalta.

  2. Outro mito é que se deve doar em jejum. “É um problema, pois é necessário que o doador esteja bem alimentado”, reforça.

  3. Tatuados podem doar sangue, havendo apenas um impedimento temporário de 12 meses após a última intervenção. “O mesmo vale para maquiagem permanente e piercings (com exceção de piercings genitais, que impedem a doação até um ano após serem retirados)”, orienta.

  4. Pessoas vacinadas também podem doar. “O impedimento após a vacinação varia conforme a vacina recebida, sendo verificado na triagem. Os prazos vão de 48 horas (vacinas para gripe) a 4 semanas (vacina contra dengue ou febre amarela)”, diz Alexandre.

  5. A doação não induz anemia no doador – doadores com esse risco são impedidos de doar e encaminhados para avaliação médica. “Doadores saudáveis têm em média 5 litros de sangue no corpo, e a doação de 450 ml não induz doença. A medula óssea do doador inicia a reposição imediatamente, com o volume sanguíneo normalizado 24 horas após a doação”, infere.

Requisitos e como doar

Para doar sangue, é preciso atender a alguns requisitos básicos:

  • Ter entre 16 e 65 anos (menores de 18 anos precisam de autorização dos pais ou responsável, disponível para download no site: www.hemose.se.gov.br)

  • Para doadores maiores de 60 anos, a primeira doação deve ter sido realizada antes dos 60 anos.

  • Pesar mais de 50 kg e ter mais de 150 cm de altura.

  • Estar em boas condições de saúde.

  • Comparecer ao local de doação com documento original com foto.

  • Homens podem doar com um intervalo mínimo de 60 dias entre cada doação, até 4 vezes ao ano.

  • Mulheres podem doar com um intervalo mínimo de 90 dias entre cada doação, até 3 vezes ao ano.

Onde doar sangue em Aracaju

Para doar sangue em Aracaju, é possível procurar um dos seguintes hemocentros:

HHS – Instituto de Hematologia e Hemoterapia de Sergipe – Banco de Sangue

HEMOSE – Centro de Hemoterapia de Sergipe

Fonte: Ascom Unit
Por Laís Marques