Geneticista explica detalhes sobre a Microcefalia

Os brasileiros vêm acompanhando, desde o final de novembro, inúmeros casos de Microcefalia, mulheres grávidas em pânico e a possibilidade decorrente do Zika Vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, ser o grande responsável pela deformação no cérebro de dezenas de crianças recém nascidas. Em Aracaju, até o momento, foram registrados 38 casos de crianças com a malformação (em Sergipe são 136 ao todo). Inúmeras ações já foram implantadas pelo Centro de Especialidades Médicas da Criança e do Adolescente (Cemca) da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) para acompanhar e tratar os recém-nascidos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera Microcefalia apenas bebês com perímetro cefálico igual ou inferior a 32 centímetros. Segundo explicou o médico geneticista, Emerson Santana, que atende crianças com Microcefalia na Rede Municipal, a doença é uma consequência da malformação cerebral, e não apenas uma questão de tamanho da cabeça do bebê. “Trata-se da ausência de estruturas cerebrais que causarão déficit cognitivo nessas crianças, tendo impacto na qualidade de vida delas pelo decorrer dos anos. A maioria das crianças com Microcefalia nasce sem o corpo caloso, que vem a ser um componente cerebral responsável por diversas funções do corpo”, disse.

Apesar das pesquisas na área serem ainda muito iniciais, alguns detalhes vêm chamando a atenção dos especialistas quando o assunto é Zika Vírus. Emerson contou que, na Paraíba, um médico retirou líquido amniótico de um bebê com Microcefalia e descobriu o Zika Vírus na substância. Já no Ceará, médicos realizaram necropsia num bebê que nasceu morto e descobriam o Zika instalado no cérebro. Por esses casos despertou-se a ligação entre as doenças.

“Parece que o vírus tem uma predileção pelo cérebro. A situação é grave e já estamos usando o termo da Síndrome da Zika Cognitiva. Na Medicina, existem diversos níveis de Microcefalia, mas nos casos das crianças relacionadas ao Zika Vírus as consequências são mais graves. Percebemos que em seu cotidiano, essas crianças apresentam maior nível de irritabilidade, choram muito e por não se mexerem muito durante a gestação trazem consequência para as pernas e braços. Algumas nascem com joelhos invertidos e outros graves problemas de locomoção”, pontuou o geneticista.

Em casos de Microcefalia, os pacientes necessitarão de auxílio de neurologista, geneticista, cardiologista e ortopedista. “Na Rede Municipal, a SMS já oferece todas essas especialidade e a partir de janeiro incluirá oftalmologista. O Centro de Especialidades Médicas da Criança e do Adolescente (Cemca) funciona dentro do Cemar Siqueira Campos e as mães podem trazer seus filhos para os tratamentos tanto a partir do direcionamento das Unidades de Saúde da Família (USF) quanto diretamente no próprio Centro”, completou a coordenadora do CEMCA, Gilziane Araújo.

Vale frisar que todos os aracajuanos devem procurar uma USF, caso suspeite estar infectado pelo Zika Vírus, principalmente as gestantes. Todos os casos devem ser acompanhados pelos especialistas da Rede Municipal de Saúde. “Supõe-se que entre 70% e 80% dos casos de doentes com Zika não desenvolvem os sintomas, o que implica num problema silencioso, principalmente para as grávidas. Quando questionam um mecanismo de prevenção, recomendamos repelentes para proteger a gestante da picada do mosquito”, disse o médico.

Atualmente, Aracaju cobre os casos de Microcefalia dos municípios de: Barra dos Coqueiros, Itaporanga D’Ajuda, Divina Pastora, Laranjeiras, São Cristóvão, Divina Pastora e Santa Rosa de Lima (além da própria Capital). Os demais municípios sergipanos são atendidos no Hospital Universitário, através da Rede Estadual de Saúde.

Fonte: Ascom/SMS